Ao longo dos séculos, desde que o cristianismo penetrou no Ocidente, a moral católica foi impregnando e modelando os costumes de acordo com seus princípios, gerando assim as boas maneiras, os belos trajes e atitudes, a delicadeza de trato, a cortesia, o requinte de educação, e as mais excelentes normas do proceder humano no convívio social.
É preciso dizer, desde logo, que uma pessoa pode observar uma moral perfeita, sem que tenha necessariamente uma boa educação, porque não houve condições nem tempo para aqueles princípios filtrarem no ambiente em que ela foi formada. Mas também não deixa de ser verdade que, mesmo sem ter recebido uma instrução de salão, a prolongada correspondência aos ditames católicos acaba por fazer reluzir nela uma distinção e uma nobreza afins com os ideais cristãos que ela pratica.
Por outro lado, pode acontecer que uma pessoa não tenha boa moral e, entretanto, demonstre uma educaçãoperfeita. Ainda aí será a manifestação de um resto de Religião Católica. Sem perceber, esse indivíduo observa algumas regras da moral autêntica, porque compreende que são bonitas nas atitudes concretas do seu quotidiano. Infelizmente, praticando-as, ele não terá intenção de dar glória a Deus, mas imita os que O glorificam. E imitando a estes, de modo involuntário ele rende a mesma homenagem ao Criador.
Esse requinte e essa distinção de que falamos, favorecidos pelos princípios católicos, têm seu fundamento no fato de que todas as atitudes de um homem devem fazer lembrar a consciência que ele tem de ser mais alma do que corpo. E, portanto, manifestar assim o seu elemento mais nobre, que é o espiritual e não o físico.
Dessa concepção nasceram, por exemplo, vestidos e trajes maravilhosos, confeccionados com tecidos extraordinários, enriquecidos de lindos adornos, jóias, condecorações, alamares, chapéus de dois ou três bicos, aigrettes, plumas, etc. Tudo elevando os espíritos para o mais belo e mais perfeito.
Nasceram também as residências e palácios que ainda hoje encantam tantos turistas que viajam pela Europa ocidental. Construídos por arquitetos e engenheiros imbuídos de princípios católicos, e que catolicamente planejaram e conceberam as decorações internas e externas de suas obras. A própria respiração das almas deles, influenciadas pelos valo res cristãos, inspiradas pela graça divina, os levou a fazerem prevalecer nas suas realizações as coisas do espírito, que têm categoria, finura, e nas quais a alma humana aparece na sua excelência.
E cabe aqui, de passagem, uma rápida constatação: a Civilização Cristã ocidental terá menos rubis, menos pérolas, menos esmeraldas, brilhantes e safiras do que os povos orientais pagãos, não tem rajás nem marajás, mas possui a finura católica que domina todo o resto.
Agora, o que é Civilização Cristã?
Nunca será o bastante relembrar. É uma civilização na qual os homens, tendo por um dom de Deus a virtude da Fé, e, nascidas desta, as demais virtudes teologais e cardeais, acabam alcançando toda essa grandeza pessoal que é o resplandecer da graça.
Mas, quem nos obteve a graça? Foi Nosso Senhor Jesus Cristo ao expirar por nós na Cruz. Foi já quando Ele começou a sentir tédio e pavor do que lhe aconteceria durante a Paixão, naquela meditação sumamente majestosa e linda no Horto das Oliveiras. A partir dali, a graça penetraria nos homens, conquistada para eles pelo Sangue de Cristo. E produziria depois tudo o que se pode dizer da distinção, do donaire, da magnificência dos grandes monumentos e personagens da história católica.