sábado, octubre 5, 2024

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Mais do que um livro: a definição de um ideal!

Analisando os fatos de uma perspectiva privilegiada, Dr. Plinio narra um de seus mais emblemáticos lances: o livro “Revolução e Contra-Revolução”, refazendo cada etapa de definições, de oferecimentos e de lutas, numa epopeia que alimenta a chama da fé até o advento do Reino de Maria.

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A ideia de escrever a RCR me veio de duas circunstâncias. Ela foi pensada por mim aos poucos, a partir dos primeiros choques com a Revolução.

No primeiro embate, uma decisão beligerante

Quando me defrontei com a Revolução, o choque foi positivo, como resultado de minha fidelidade contra a infidelidade dos outros: “Eles são assim; ora, eu não sou”; segundo: “Só eu sou assim, todos são diferentes; logo, eu estou só.” Terceiro: “Lutarei para que aqueles aos quais for possível se tornem como devem ser, quer dizer, como eu sou; e aqueles aos quais isso não for possível sejam derrotados. De maneira que o mundo seja modelado conforme este ideal e este espírito, que é o do Sagrado Coração de Je sus e do Imaculado Coração de Maria. Para isto eu dou a minha vida!”

Esta foi a sequência de minha primeira tomada de atitude e, ao mesmo tempo, a definição de um isolamento que antigamente não existia. Uma cruz de solidão amarga, profunda, que durou setenta anos, porque essa luta começou quando eu tinha dez.

O primeiro baque foi o sentir esse isolamento não só gigantesco, mas em luta. Não era apenas uma posição: “Eu aqui, eles lá.” Mas uma determinação: “Eles vêm por cima de mim e eu vou por cima deles! E a atitude está tomada para todo o sempre e, com o auxílio de Nossa Senhora, ela não mudará, por longa que seja a jornada que eu tenha que viver.”

Depois veio outra etapa: a fase analítica. Eu tinha uma noção de qual era o espírito, a mentalidade e a essência daquilo que me diferenciava dos outros e os outros de mim.

Eu compreendia muito bem, intuitivamente também, mas com muita firmeza, muita decisão, que essa luta tinha que ser, sobretudo, uma polêmica, e que a artilharia dela era a argumentação. No entanto, não bastava dizer, era preciso provar. Tanto mais que eles não tinham nenhuma vontade de concordar. E, portanto, só mesmo por meio de argumentos bons, firmes, claros, incisivos, que eu disputaria o terreno ao adversário.

Foi esse, vamos dizer, o mais remoto pensamento que deu início à elaboração da RCR.

Identificando o unum para a batalha

De outro lado, em fins da década de 1950, nós éramos ainda pouco numerosos, nos compúnhamos de dois, três ou quatro grupos que se vinham juntando com o correr dos tempos e que formavam o núcleo inicial do que seria, depois de algum tempo, a TFP. Era, portanto, uma espécie de pré-TFP, que publicava o jornal Catolicismo, o qual se mostrava de público com uma irradiação bastante considerável, já era lido mais ou menos em todos os continentes, entendido e apreciado por muita gente.

Ton Chaves

Ora, comecei a notar que a seguinte questão germinava no espírito de muitos dos jovens que me acompanhavam nessa primeira ­démarche1:

“O que o Catolicismo, em última análise, quer? Nós somos contrários a tantas coisas! O que une essas várias coisas? Por que nos opomos a uma forma de governo, a um tipo de escrivaninha, a um modo de cumprimentar e a uma certa combinação de cores? O que assegura a coesão en tre essas realidades? São fobias pessoais do senhor, porque o seu temperamento não vai com isso, e nós devemos ir nessa canoa? O senhor acha que há razão suficiente para homens de espírito bem construído embarcarem nessa pluralidade de antagonismos?”

Com efeito, atacávamos toda espécie de males, de razões de desorganização, de decadência, de decrepitude do mundo moderno. Mas, afinal, tínhamos um ponto de unidade para todos esses ataques? O Grupo era uma espécie de paulada geral em tudo o que encontrássemos pelo caminho, paulada desordenada, paulada furiosa, paulada realmente animada pela força do amor de Deus e de Nossa Senhora, mas dada à direita e à esquerda, sem maior discernimento?

Havia um unum para essa batalha? Ou ela era um caos, um santo caos? Um sagrado caos, se quiserem, mas era um caos? Pode um caos ser santo? Pode um caos ser sagrado? A santidade e o caráter sagrado não são o contrário do caos?

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Dr. Plinio com os membros do Grupo após um retiro em Tietê, no ano de 1958

Era imperiosamente necessário dizer aos que estávamos trabalhando juntos o que havia de comum em tantas frentes de combate em que lutávamos continuamente, mas nas quais não se percebia o nexo de uma coisa com a outra: “Nós somos contra tal coisa, condenamos tal outra; o que forma o unum desse movimento?”

Ademais, o nosso ostracismo, o nosso exílio, o nosso período de silêncio foi mais ou menos de 1943 a 1959, nada menos de dezesseis anos, nos quais mantivemos o Grupo obtendo adesão dos que o compunham, num trabalho de catacumba. Mas, pareceu-me que estava no momento de pormos a cabeça fora da catacumba e o primeiro brado adequado que poderíamos dar era a publicação da RCR, cujo tema doutrinário e histórico, de grande envergadura, se impunha para nós como oportunidade de pormos a cabeça fora d’água. Qual seria o resultado também não sabíamos…

Todo o pensamento já estava maduro para lançar o livro RCR.

O despontar de um lance profético

Assim, em dezembro de 1958, resolvi retirar-me de São Paulo – da vida já então qualificada de muito absorvente do Grupo –, durante um número não definido de dias, a fim de escrever a obra.

Fui a um hotel de Campinas, localizado próximo à praça da Catedral, o qual era naquele tempo o melhor da cidade, para lá poder fazer a redação. Poucos dias depois, quase todo o Grupo da Martim foi também para esse hotel, ali se hospedando durante o período de minha estadia.

Havia um salão muito amplo que tomava, creio eu, todo um andar, com janelas para duas fachadas diferentes. Os meus jovens amigos passavam o dia inteiro nesse salão, ocupando lugares diversos. Havia vários boxes, muitos lugares onde ficar e para onde olhar, brincando uns com os outros, rindo, jogando xadrez e outras coisas, enfim, matando o tempo quanto pudessem.


Eu, de meu lado, ficava num canto, começando a pensar e depois a escrever o meu trabalho, cujo nome me foi facílimo encontrar, uma vez atinado o elemento dominante: a Revolução.

Revolução era o nome do mal que nos vinha trazendo o caos e as desordens, desde o Humanismo e a Renascença, através da Revolução Francesa e de quantos outros males, até os dias em que eu escrevia. Eu havia entendido que o mundo inteiro era sacudido e convulsionado por uma Revolução só. Que todas essas revoluções, às quais os historiadores dão nomes diversos, eram aspectos de uma única Revolução; assim sendo, tinham que ter um aspecto, por sua vez, de uma atitude errada do espírito humano num ponto fundamental. Uma vez que se compreendesse o erro fundamental, o erro essencial, compreender-se-ia também toda a defluência de erros que daí viriam. O trabalho estava praticamente feito.

Então escrevi com cuidado o livro e o submeti à revisão de alguns dos meus seguidores, quanto ao risco de distrações e lapsos. Afinal publicamos o número 100 do Catolicismo com a RCR, e logo depois o livro que todos conhecem.

Quando o livro saiu, fiz um grande número de dedicatórias para várias pessoas que eu conhecia do ambiente social, universitário e político. Deixei-as feitas e também a propaganda do livro organizada, com os membros da Martim e da Pará.

Eles deviam levar os livros às livrarias, pedir notícias dos jornais, e esperaríamos pelo resultado.

Ora, não tínhamos nenhuma prática no assunto e julgávamos que, levando um livro à livraria, perguntando ao livreiro se queria vender, ele aceitando, tendo interesse, ele de fato poria à vista dos fregueses para a venda. E como o meu nome já era bastante conhecido, eu achava que era natural que atraísse um certo número de compradores. Mas não sabia bem ao certo – com a campanha de silêncio que se fazia em torno de nós – como as coisas se desenrolariam.

Viagem inesperada em clima de apreensão

Estava feita a micro-distribuição da RCR pelas principais livrarias do Centro velho de São Paulo – que naquele tempo era o Centro único da cidade – tudo estava organizado, quando uma circunstância imprevista me coloca na contingência de ir para a Europa, aproveitando uma passagem de convite de gentileza para a inauguração do voo do Caravelle da Air France.

Tangopaso(CC3.0)
Dr. Plinio desembarcando do voo da Air France, em 1959. Ao lado, Aeroporto de Orly, Paris, na década de 1960

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Eu pensei logo em conseguir contatos, para o que não era conveniente gastar dinheiro; mas uma viagem gratuita sempre valia a pena aproveitar, de vinte ou quarenta dias, não me lembro bem; era um prazo exíguo, o avião me traria de volta a São Paulo.

Foi uma viagem na qual se iniciou a pancadaria das provações.

O avião de luxo, era propriamente de Paris-Roma, não o de São Paulo-Paris. Eu até hoje não sei no que o Caravelle é diferente de outro avião; eu entrei nele sem sequer ter a curiosidade de saber o que era. Mas essas passagens de cortesia são sempre de primeira classe, e como o mundo era mais civilizado naquele tempo do que é hoje, a comida era muito boa, os garçons muito atenciosos, o trato muito cortês.

Eu entrei, o avião repleto, e fui colocado como uma sardinha exprimida entre dois outros passageiros, os quais tinham mania de ventilação. Eu não sei o que há em minha saúde porque, embora naquele tempo eu fosse muito mais moço, o ar condicionado que se esguicha pela face me resfria.

Resultado: fiz uma manobra para diminuírem o ar, não consegui; cheguei a Paris gripadíssimo. Estava acompanhado por outro membro do Grupo, fomos ver a Catedral de Notre-Dame, jantamos e fui para cama.

No dia seguinte, toque de campainha:

— O que é?

— A Companhia Air France manda um médico examiná-lo, porque o ponto terminal de sua viagem é Roma, e há muita gente que aceita essa viagem para ficar em Paris e não usa a passagem no terminal. Se assim o for, nós cobramos a viagem do Brasil até aqui. Então vim ver se o senhor de fato está doente ou não.

Deixei-me pacientemente examinar pelo médico do hotel. Não era difícil, era só pôr um termômetro e ver que eu estava com febre. De fato, ele mediu minha temperatura, estava com 38º e tanto, não era muito grave, mas em todo caso, tinha que permanecer de repouso.

Afinal, eu só fiquei em condições de sair no próprio dia de partir para Roma, de maneira que Paris eu quase não vi. Chegando a Roma, jantei num bom restaurante, fui para um excelente hotel patrocinado pela Air France à disposição dos passageiros.

Mais uma penosa provação

Em Roma, acordo uma manhã sem os movimentos das pernas; eu podia mover-me, mas com dores lancinantes. Era uma forma de reumatismo, chamada de modo prosaico de lumbago. Eu tinha de vez em quando acessos disso, e passei quase todos os dias da estadia em Roma deitado na cama, não podendo nem me mover de um lado para o outro.

Library of Congress (Washington DC, USA)
Basílica de São Pedro, Vaticano, na década de 1960

Evžen Policer(CC3.0)
Mons. Agostino Casaroli

Depois de dois ou três dias, consigo sair para ter alguns contatos. O último dia foi a maratona mais temível. Dada a minha situação no Movimento Católico de então, ficava-me mal ir a Roma e não fazer uma visita ao Cardeal Secretário de Estado e ao encarregado dos assuntos brasileiros na Secretaria de Estado da Santa Sé, que era um amigo meu, Mons. Valentini2. Ora, este último tinha ido passar as férias nos Apeninos.

Como eu retornava no dia seguinte para o Brasil, consegui um encontro com o famoso Mons. Casaroli3, posteriormente representante de Paulo VI junto às nações comunistas.

Depois disso, embarquei a Paris, para de lá tomar avião de volta ao Rio de Janeiro.

Boicote completo contra a publicação da RCR

Quando o avião desceu, eu estava ansioso pelas notícias da propaganda da RCR. Encontro-me com três membros de nosso movimento que tinham ido de São Paulo para me esperar no aeroporto do Rio.

Primeiros cumprimentos, primeira pergunta: “Que notícias têm da RCR?” Um manteve silêncio, outro tomou uma atitude um pouco neutra e o terceiro, com muito tato, muita gentileza disse: “Olhe, houve um êxito relativo. Não teve grande resultado, não chamou a atenção; as respostas e os agradecimentos à sua dedicatória foram muito poucas, todo mundo tirando o corpo. Quando chegarmos a São Paulo, conversaremos melhor…”

Chego a São Paulo e eles me informam das coisas direito. O que era? Os jornais todos boicotaram, não publicaram nenhuma notícia da RCR; as livrarias também boicotaram, algumas se recusavam e outras, que diziam vender, empurravam assim no canto, e a um e outro amigo que passava para saber do livro, eles diziam que não tinha.

De maneira que era boicote completo, evidente, o que explicava que tanta gente não tivesse respondido às minhas dedicatórias.

O resultado foram pilhas de RCR acumuladas e, para o Grupo, uma espécie de pressão contrária: a ideia de que não adiantava fazer propaganda, que o mundo de hoje era hostil, que não valia a pena a publicação, portanto, e que o destino dos ultramontanos era de viver dentro de um casulo trancado, sem se incomodarem com nada.

Era a implosão quando eu esperava uma explosão; era a catástrofe, não tinha mais nada o que fazer. Nossa propaganda, nossa primeira campanha para sair do ostracismo não podia terminar mais melancólica do que teve a RCR.

Dias depois, eu desci a Santos para descansar da viagem à Europa… Quando eu estava lá, começaram a chegar as primeiras notícias de uma das maiores campanhas publicitárias contra nós que houve em nossa história. Portanto, a RCR veio a lume sob o signo de uma tempestade tremenda!

Com lento desenvolvimento, a obra floresce

A RCR se desenvolveu? Muito lentamente. À medida que o movimento do Catolicismo foi se desenvolvendo, ela também o foi e, aos poucos, foram surgindo outras edições, e mais outras, e a ave começou, afinal, a alçar voo.

Além do grande número de exemplares, o principal da RCR foram dois pontos, um muito esperado por mim, outro totalmente inesperado.

O esperado foi minha certeza de que, crescendo o Grupo, seria indispensável que todos os membros lessem a RCR, porque assim entenderiam melhor o ideal. Do contrário, pareceria um pasticho de tomadas de atitudes sem coordenação e ninguém saberia, afinal, o que era esse turbilhão de condenações e de aprovações que lançávamos a todo propósito.

Arquivo Revista
Dr. Plinio em 1989

Ainda assim, de início, a RCR encontrou dificuldades, porque os grupos no exterior não tinham nascido nesse tempo e, como o brasileiro é muito intuitivo, eles não tinham necessidade de lê-la para conhecer esse nexo. Eles não sabiam explicitar, mas intuíam. Nosso povo não é grande consumidor de livros; é um povo no qual as farmácias são muito mais numerosas do que as livrarias…

A RCR começou a ser lida quando o Grupo se desenvolveu, e de uma canoa passou a ser um navio. Assim, mesmo os antigos que não a tivessem lido se julgaram no caso e na necessidade de fazê-lo. Foi então que a RCR começou a fazer no Grupo todo o benefício que ela podia fazer. Hoje, graças a Nossa Senhora, ela é conhecida como uma pilastra para nós.

Inesperada difusão no sul da Itália

Inteiramente inesperado para mim foi o resultado que o livro teve na região do sul da Itália: Palermo, Nápoles, etc. Um editor do norte da Itália, Sr. Giovanni Cantoni4, lançou uma edição do livro pela editora dele, ­Alleanza Cattolica5, e o espalhou pela Itália inteira. Teve uma boa repercussão, mas, sobretudo foi muito lida no sul. Contava-me ele que ali, por iniciativa deles mesmos, era frequente encontrar nas livrarias o livro à venda.

Há uns sete ou oito anos – vejam quanto tempo se passou6 – eu fui fazer uma consulta a um médico aqui em São Paulo, que me disse:

— Oh! Mas o senhor é o Dr. Plinio…? Mas que prazer em conhecê-lo!

— Oh! E também eu ao senhor!

Ele tinha o nome de uma cidade dessas do sul da Itália, pelo que percebi que ele tinha origem italiana. Ele me disse:

— Sabe que o senhor é conhecidíssimo no sul da Itália?

Eu disse:

— Mas como é que o senhor pode ter conhecimento disso?

Ele me contou:

— Eu estava viajando de trem rumo a uma cidade do sul; não estava fazendo leitura, olhava a paisagem, e um homem sentado à minha frente puxou prosa comigo, perguntou-me de que país eu era, ao que respondi ser do Brasil. Ele me perguntou: “O senhor conhece o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira?”

Arquivo Revista
Sr. Giovanni Cantoni em visita a Dr. Plinio, no ano de 1972. Ao lado, edição italiana de Revolução e Contra-Revolução

Ele disse que não, ou que me conhecia de nome, porque de fato não nos conhecíamos.

— Pois olhe aqui, fique sabendo que sou um grande admirador dele!

Depois, passeando pela cidade de Nápoles, o médico chegou a ver realmente a propaganda do meu livro.

Para vermos como às vezes o resultado nasce de dentro de uma saraivada de desastres. E que, portanto, dentro do desastre, não podemos perder a confiança de nenhum modo, seja como for, custe o que custar. Sobretudo não deixarmos de confiar. Confiar, confiar, confiar contra todos os ventos e to das as marés, porque Nossa Senhora fará com que a obra chegue ao seu porto.

“Feliz o momento em que eu resolvi escrever a RCR!”

Quando é que eu poderia imaginar, naquele tempo, que haveria na América do Norte uma TFP magnífica e pujante como nós temos? E que sairia uma edição inglesa com muito mais saída nos Estados Unidos do que na Inglaterra, onde teve alguma saída?

Quando é que eu poderia imaginar que essas edições iriam se espalhar pela América inteira, desde o Canadá até o Chile, e daí por diante? O movimento todo de expansão da TFP fora do Brasil se fez na base da RCR, porque são povos habituados à leitura. De onde um ato de adesão consciente, sério, refletido: “Eu também penso assim, nós somos um, vamos andar juntos.” Esse é o papel da RCR.

Ela serviu-me também de ponto de partida para numerosos outros livros, porque, em quase todos os outros escritos por mim, pode-se encontrar este ou aquele reflexo da RCR. Portanto, no que diz respeito à minha colaboração para a obra de conjunto intelectual da TFP, a RCR é o gérmen, é a semente.

Feliz o momento em que eu resolvi escrever a RCR!

Um espírito a ser dado por um sopro da graça

O espírito da RCR em toda a sua candência, com tudo quanto tem de ígneo, de fogo, é um elemento dos mais importantes que nós devemos ter. De maneira tal que, em cada membro do Grupo, em tudo quanto faça, em tudo quanto diga, em tudo quanto seja, reluza nele com uma intensidade muito grande, três obras, desiguais, aliás:

A obra angélica, o Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, de São Luís Grignion de Montfort. A obra terrena, humana, a RCR, e uma terceira indispensável e muito santa, A alma de todo apostolado, de Dom Chautard.

Juntando essas três obras, têm-se o substratum do espírito da Contra-Revolução.

E esse espírito nos será dado num grande sopro da graça. Porque esses princípios se leem, se argumentam, nos persuadimos deles. Mas, persuadir é uma coisa, amar é outra. Para se persuadir já é preciso da graça, tanto mais para amar.

De maneira que há um amor a isso que será em especial intenso pelo fato de que nós veremos, na derrubada deste mundo – que já começou a cair – nós veremos o mal de toda a Revolução, donde nos aparecerá claramente que a Contra-Revolução é a solução.

1) Do francês: diligência.

2) Luigi Valentini.

3) Agostino Casaroli (*1914 – †1998).

4) Escritor, tradutor e apologeta italiano (*1938 – †2020).

5) Associação de leigos fundada em 1960 por Giovanni Cantoni.

6) O fato é narrado por Dr. Plinio em abril de 1989.

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