domingo, noviembre 24, 2024

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“Tropismos”

Cada manhã, o girassol volta-se espontaneamente em direção ao astro-rei e, até que venha a noite, acompanha minuto a minuto a trajetória da esfera de fogo pelo firmamento.

Este fenômeno, dos mais curiosos no mundo da botânica, não é exclusivo do girassol. Em maior ou em menor grau, todas as plantas se orientam de acordo com o movimento do sol. Em regiões muito arborizadas, podemos perceber como as plantas tomam formas diversas, à procura de uma posição que lhes garanta uma maior incidência de raios solares.

A isto denomina-se heliotropismo, termo formado por duas palavras derivadas do grego: hélio (sol) e tropismo (desviar; virar-se para).

Esse como que “instinto” vegetal sempre foi observado com interesse por Dr. Plinio, que nele encontrava exemplo magnífico para comparações e metáforas, para ilustrar certos movimentos de alma que ele denominava de “tropismos”. O mais importante deles, presente no espírito humano e multiplicado pela ação da graça, é o “teotropismo”, o estar constantemente à procura de Deus.

Podemos dizer que, subordinado a este “teotropismo” e a ele conducente, existe um “mariotropismo” — a contínua procura de Maria, do que os santos são modelos. Verificando as hagiografias de qualquer época e lugar, constataremos que pregadores, estadistas, evangelizadores, donas-de-casa, pontífices, intelectuais, camponesas, guerreiros, artistas, princesas, esmoleres, etc. — não importa qual tenha sido a nota distintiva da vida dos que andaram nos caminhos do Senhor, nunca falta neles esse movimento de alma em busca da Santíssima Virgem.

Alguns se sobressaíram na devoção à Mãe de Deus, e a um desses devotava Dr. Plinio uma admiração “superlativa”: Bernardo de Claraval.

Como o célebre cisterciense, o líder católico brasileiro estava convencido de que o viver continuamente voltado para Nossa Senhora não pode ser privilégio das pessoas virtuosas, mas um dom de Deus para a humanidade do qual ninguém está excluído: “Neste vale de lágrimas em que vivemos — dizia ele certa vez, ao comentar um texto do fundador de Claraval —, expiando o pecado original e nossos pecados atuais, não deixemos de pôr os olhos na estrela que é Nossa Senhora”.

“Ora — pensará alguém — definitivamente, esses ‘tropismos’ são para os santos, para as almas puras, e não para um espírito calejado como o meu”.

“Engano!” — responderá Dr. Plinio com ênfase. “Precisamente são as almas mirradas e esquálidas as que mais devem procurar a misericordiosa e maternal luz da Santíssima Virgem”. E para nos impelir a imitarmos o girassol em relação ao astro diurno, repetir-nos-á o apelo de São Bernardo:

“Ó tu, quem quer que sejas, que te sentes longe da terra firme, arrastado pelas ondas deste mundo, no meio das borrascas e tempestades, se não quiseres soçobrar, não tires os olhos do fulgor desta estrela.

“Se, perturbado pela lembrança da enormidade de teus crimes, confuso à vista das torpezas de tua consciência, aterrorizado pelo medo do Juízo, começas a te deixar arrastar pelo turbilhão da tristeza, a despenhar no abismo do desespero, pensa em Maria.

“Nos perigos, nas angústias, nas dúvidas, pensa em Maria, invoca Maria!”

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