Em 19 de novembro de 1917, o pequeno Plinio recebia pela primeira vez a Sagrada Eucaristia.
Naquele tempo – narra ele –, os meninos faziam a Primeira Comunhão com um traje solene, inspirado no uniforme de um dos colégios mais famosos do mundo, o Eaton, da Inglaterra. No braço esquerdo levavam um laço de fita branca, com pingentes dourados. O branco simbolizava a castidade e a virgindade; o dourado lembrava a fé.
Lembro-me particularmente dessa fita da Primeira Comunhão, e do pensamento que ela sugeriu à minha alma: “Oh! A inocência é uma coisa branca. Eu vou defendê-la, vou guardá-la!” A fita se perdeu, mas esta lembrança, eu a conservei: a inocência é uma coisa branca…
O problema da restauração da inocência — entendida no sentido literal do termo, de ter o coração puro em relação a qualquer pecado (e não apenas em questão de castidade), além de ter um enlevo por tudo o que seja maravilhoso — era considerado fundamental por Dr. Plinio para qualquer programa que vise a estimular a santificação das almas. Certa vez comentou:
A graça da inocência vem em toques passageiros, convidando a alma para morar num alto patamar. É convite para a vida inteira, e dá-se de modo habitual na infância, principalmente por ocasião da Primeira Comunhão, ou quando vemos um belo vitral, ou nas mil oportunidades em que a Providência vai visitando a alma e dizendo: “Meu filho, vem! Eu tenho para ti isto, tenho para ti aquilo”.
São momentos de uma alegria, de um enlevo, de um estado de alma que não se pode repetir. O nosso Gonçalves Dias se referia a esse tempo, dizendo: “Ah! que saudades que eu tenho da aurora da minha vida, da minha infância querida, que os anos não trazem mais…”
Saudades do quê?
Daquela alegria que nada pode exprimir adequadamente. Alegria da inocência. Felizes os que não a tenham perdido! Felizes também os que a recuperaram! Mais felizes ainda os que subiram ao Céu com ela.