Mais ou menos a partir de 1971, começaram a aparecer entre os jovens ouvintes de Dr. Plinio rapazes de cabelos longos e barba crescida, de camisa de cores aberrantes e calça Lee desbotada, e não raro com modos que deixavam a desejar. Eram os primeiros representantes de uma geração formada em meio a mudanças sem precedentes no Ocidente.
Com efeito, os anos 60 assistiram a uma grande revolução cultural, cujos marcos foram a explosão do rock’n-roll e do hippismo, os festivais da Ilha de Wight e de Woodstock, e a revolta estudantil de maio de 1968 na Sorbonne. As modas, os costumes e a moral da juventude foram profundamente afetados. Tornaram-se correntes os trajes indecorosos e extravagantes, as drogas, a liberdade no trato entre os sexos opostos, o linguajar despojado e pouco definido. Facilitando a difusão da música (principal veículo dessa auto-denominada contra-cultura), popularizaram-se os discos LP, o gravador cassette e o som stereo. Mudanças ocorridas no ensino, ainda que sem relação com a revolução cultural, influíram na mentalidade juvenil. Por exemplo, eliminação do latim no curso secundário, abolição das provas orais, implantação so sistema de múltipla escolha nos vestibulares, a quase extinção dos uniformes escolares e do sistema de colégios separados para moças e rapazes.
Os jovens que então se aproximavam de Dr. Plinio vinham dessa fôrma. Ainda quando não tivessem aderido ao radicalismo daquela revolução, eram influenciados por ela. Não foi difícil constatar quão diferentes se mostravam dos membros das gerações anteriores. Logo patenteou-se sua dificuldade em acompanhar exposições meramente silogísticas.
Mas, com seu agudo senso psicológico, Dr. Plinio percebeu que tinham gosto por altos temas doutrinários, desde que fossem recheados de metáforas e tocassem no maravilhoso. Decidido a dar-lhes uma formação especial, reservou-lhes suas conferências de sábado. Eram tão atraentes que, com o tempo, os 400 lugares do auditório tornaram-se insuficientes para acolher todos os interessados.
A primeira foi realizada em 7 de abril de 1973, com o tema: “As realidades visíveis, sinais de realidades invisíveis”. O leitor a encontrará transcrita neste número, na seção “O Pensamento filosófico de Dr. Plinio”.
Errata: Na seção “Datas na vida de um cruzado” do número de março, onde está “… cujos aspectos são precisamente os que mais me atraem”, deve-se ler: “… cujos aspectos medíocres são precisamente os que mais me atraem”.