lunes, noviembre 25, 2024

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Mês de Maria

Na terceira “Edição Típica do Missal Romano”, que acaba de ser publicada pela Santa Sé, o dia 13 de maio fica designado oficialmente como celebração litúrgica de Nossa Senhora de Fátima. É uma razão a mais para tornar este mês excelente ocasião de rogarmos à Santíssima Virgem que Ela intervenha nos acontecimentos para renovar a face da terra, segundo prometeu em Fátima.

No mês de maio — mês de Maria —, sente-se uma proteção especial de Nossa Senhora estender-se sobre todos os fiéis, e uma alegria que brilha e ilumina nossos corações, exprimindo a universal certeza dos católicos de que o indispensável patrocínio de nossa Mãe celestial se torna, durante esse período, ainda mais solícito, mais amoroso, mais cheio de visível misericórdia e exorável condescendência.

Entretanto, depois de cada mês de maio, alguma coisa fica, se tivermos sabido viver convenientemente esses trinta e um dias especialmente consagrados a Nossa Senhora. O que nos fica é uma devoção maior, uma confiança mais especial, e, por assim dizer, uma intimidade tão mais acentuada com Nossa Senhora, que em todas as vicissitudes da vida saberemos pedir com mais respeitosa insistência, esperar com mais invencível confiança, e agradecer com mais humilde carinho todo o bem que Ela nos faça.

O Santuário de Fátima, no local das aparições de Nossa Senhora em 1917

Nossa Senhora é a Rainha do Céu e da terra, e, ao mesmo tempo, nossa Mãe. É esta a convicção com que entramos sempre no mês de maio, e tal convicção se radica cada vez mais em nós, lança claridades e fortaleza sempre maiores, quando o mês de maio se encerra. Maio nos ensina a amar a Maria Santíssima por sua própria glória, por tudo quanto Ela representa nos planos da Providência. E nos ensina também a viver de modo mais constante nossa vida de união filial a Maria.

Sofrimento do mundo contemporâneo

Os filhos nunca estão mais seguros da vigilância amorosa de suas mães, do que quando sofrem. A humanidade inteira sofre hoje em dia. E não só todos os povos sofrem, mas quase se poderia dizer que sofrem de todos os modos por que podem sofrer.

As inteligências são varridas pelo vendaval da impiedade e do ceticismo. Tufões loucos de messianismos de toda ordem devastam os espíritos. Idéias nebulosas, confusas, audaciosas, esgueiram-se em todos os ambientes, e arrastam consigo não só os maus e os tíbios, mas até por vezes aqueles de quem se esperaria maior constância na Fé.

Sofrem as vontades obstinadamente apegadas ao cumprimento do dever, com todas as contrariedades que lhes vêm de sua fidelidade à Lei de Cristo. Sofrem os que transgridem essa Lei, pois que longe de Cristo todo prazer não é, no fundo, senão amargura, e toda alegria uma mentira. […] Sofrem os corpos, depauperados pelo trabalho, minados pela moléstia, acabrunhados por todo tipo de necessidades.


Pode-se dizer que o mundo contemporâneo, semelhante ao que vivia no tempo em que Nosso Senhor nasceu em Belém, enche os ares com um grande e clamoroso gemido, que é o gemido dos maus que vivem longe de Deus, e dos justos que vivem atormentados pelos maus.

Pedir, por meio de Maria, que o Espírito Santo renove a face da terra

Quanto mais sombrias se tornarem as circunstâncias, quanto mais lancinantes as dores de toda ordem, tanto mais devemos pedir a Nossa Senhora que ponha termo a tanto sofrimento, não só para fazer cessar, assim, nossa dor, mas para maior proveito de nossa alma. Diz a sagrada Teologia que a oração de Nossa Senhora antecipou o momento em que o mundo deveria ser redimido pelo Messias. Neste momento cheio de angústias, volvamos confiantes nossos olhos a Nossa Senhora, pedindo-Lhe que abrevie o grande momento que todos esperamos, em que uma nova Pentecostes abra clarões de luz e de esperanças nessas trevas, e restaure por toda parte o Reinado de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Mais do que nunca devemos pedir a Maria Santíssima, Rainha do Céu e da terra, e Mãe nossa, que nos obtenha uma nova e abundante vinda do Espírito Santo, para a purificação e regeneração do mundo
(Peregrinos e a imagem da Virgem em Fátima)

Devemos ser como Daniel, de quem diz a Escritura que era desideriorum vir, isto é, homem que desejava grandes e muitas coisas. Para a glória de Deus, desejemos grandes e muitas coisas. Peçamos a Nossa Senhora muito, e sempre. E o que sobretudo Lhe devemos pedir é aquilo que a Sagrada Liturgia suplica a Deus: “Emitte Spiritum tuum et creabuntur, et renovabis faciem terrae” (“enviai o vosso Espírito e todas as coisas serão criadas, e renovareis a face da terra”). Devemos pedir, por intermédio de Nossa Senhora, que Deus nos envie em abundância o Espírito Santo, para que as coisas sejam novamente criadas, e purificada por uma renovação a face da terra.

Diz Dante, na “Divina Comédia”, que rezar sem o patrocínio de Nossa Senhora é a mesma coisa que querer voar sem asas. Confiemos a Nossa Senhora este anelo em que vai todo o nosso coração. As mãos de Maria serão para nossa prece um par de asas puríssimas por meio das quais chegará certamente ao trono de Deus.

(Transcrito da “Ultima Hora”, de 7/5/1984. Subtítulos nossos.)

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