No momento em que a humanidade chega a uma encruzilhada, na qual se coloca para ela uma opção ineludível, é hora de pedir à Mãe do Céu seus sapienciais conselhos.
Em nossa época tão aflita e conturbada, incontáveis são as almas que precisam, a este ou àquele título, de um bom conselho. Nada de melhor podem fazer do que implorar o auxílio d’Aquela que a Santa Igreja, na Ladainha Lauretana, invoca como Mãe do Bom Conselho.
Entretanto, cumpre ponderar que um conselho é de tanto maior valia, quanto grande for a importância do assunto sobre o qual versa. Por isso são supremamente importantes para cada um os conselhos necessários para — dentro da tenebrosa tempestade do século XX — conhecer a respeito de si mesmo os desígnios de Nossa Senhora e os meios aptos para os realizar.
Aqui está uma razão para se afirmar a particular atualidade da devoção a Nossa Senhora do Bom Conselho, neste século que poderá passar para a história como o século da confusão.
Todavia, se alargarmos nossos horizontes para além da esfera individual, […] não poderemos deixar de ponderar que ainda aqui a humanidade precisa como nunca de um bom conselho da Virgem das Virgens. […]
A opção para o mundo moderno é entre um porvir tenebroso, feito das últimas capitulações ante os extremos do erro e do mal, e o abraçar entusiástico da plenitude da verdade e do bem.
Como mover a humanidade — de tal maneira atolada no processo histórico que a vem impelindo há tantos séculos — a empreender a trajetória do filho pródigo rumo à casa paterna? Sem um possante auxílio da graça, a falar no interior de incontáveis almas, isto não se pode conseguir.
Esse bom conselho a ser proferido no íntimo de cada coração para a salvação da humanidade, que melhor modo há de obtê-lo senão implorando-se à Mãe do Bom Conselho que, por uma graça nova, converta o bárbaro supercivilizado do século XX? Só assim poderá este, à maneira do bárbaro subcivilizado do século V, “queimar o que adorou e adorar o que queimou”. E só assim poderá ter origem uma nova e ainda mais esplendorosa era de fé.
Esse é o bom conselho por excelência que os devotos de Maria devem pedir para si e para todos os homens nos dias que correm.
(Excertos de artigo publicado na “Última Hora”, de 14/5/1984. Título nosso.)