A Igreja precisa dispor dos grandes meios de comunicação para, no mundo de hoje, cumprir sua missão. Num artigo de 1942, Dr. Plinio insistia neste ponto, do qual poucos católicos estavam compenetrados naquela época.
H á um verdadeiro mistério na dificuldade que certos católicos sentem em compreender a importância do problema dos meios de difusão do pensamento em tudo o que diz respeito ao apostolado. A questão, em seus termos fundamentais, se apresenta de maneira tão simples que nem o mais obscuro e nebuloso dos espíritos poderia conceber, a respeito dele, a menor vacilação.
Com efeito, a Igreja recebeu de seu divino Fundador a incumbência de ensinar a Boa Nova a todos os povos, procurando atingir, evidentemente, em cada povo o maior número possível de pessoas. Assim, todos os meios que proporcionem à Igreja ocasião de ampliar seu raio de ação, devem ser postos à sua disposição, sofregamente, pelos fiéis. Esta verdade adquire uma evidência meridiana se tomarmos em consideração que as massas a serem hoje em dia atingidas são tão numerosas, que nelas não pode fazer uma penetração suficiente a simples ação de presença pessoal dos sacerdotes e do laicato católico.
Obedeceremos ao ensinamento do Divino Redentor, empenhando o melhor de nossos recursos espirituais e materiais sobretudo nas obras em que muitas almas possam encontrá-Lo
(“Cristo da moeda”, pintura de Van Eick)
Assim, a alternativa se põe diante de nós, límpida e inexorável: ou milhões de almas deixarão de conhecer a Igreja, ou somos obrigados a lançar mão (dos meios de comunicação social) para chegar até elas.
É certo que não é só com dinheiro que o problema se resolve. Mas creio que sem dinheiro ele jamais se resolverá. Quantas e quantas vezes, iniciativas as mais generosas fracassam inteiramente porque no momento oportuno se fechou para elas a bolsa dos católicos!
Penso que o grande mal aí está: enquanto uma ação suasória, metódica, lenta e dirigida aos pontos estratégicos, não fizer compreender às pessoas ricas a gravíssima obrigação que lhes incumbe, de concorrer de preferência para as obras de puro apostolado do que para as de pura caridade material, muito pouco se realizará.
A Igreja jamais deixará de abençoar, de proteger e de estimular aqueles que se dediquem ao alívio das numerosas dores que assediam o homem em sua peregrinação por esta vida. Mas suas melhores bênçãos, sua mais efusiva dileção, as mais copiosas graças do Céu se destinarão sempre às obras que, acima do corpo, visem as almas e façam de seu objetivo, não a cura de males que passam com a vida, nem o prolongamento de vidas que cedo ou tarde a morte há de tragar, mas a salvação de almas imortais cujo preço infinito foi o precioso Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Na parábola dos talentos, o Redentor nos mostra que não (…) se trata apenas de fazer o bem, mas ainda de fazer o maior bem possível. E este bem máximo só o teremos realizado trabalhando para a salvação das almas e empregando nosso dinheiro de preferência nas obras em que maior número de almas possa encontrar a Verdade, o Caminho e a Vida, isto é, Jesus, Nosso Deus.
(Excertos de artigo do “Legionário”, de 18/1/1942. Título nosso.)