Dr. Plinio foi um arauto da Eucaristia, à qual devotou um amor inefável. Como anunciamos no número anterior, desejamos comemorar nesta edição a publicação da encíclica Ecclesia de Eucharistia, do Papa João Paulo II, com um belo comentario de Dr. Plinio sobre a bondade ilimitada de Deus em deixar-nos o Sacramento do Amor.
Todos quantos conheceram a veneração singular com que ele fixava seu olhar na santa Hóstia exposta num ostensório, a compenetração séria e amorosa que seu rosto irradiava, na santa Missa, no momento da consagração, a reverência com que se dirigia ao Divino Mestre recolhido nos Sacrários, verão nas palavras de Dr. Plinio publicadas neste número, a coerência completa entre seu pensamento e seu testemunho de vida.
Foi “na escola de Maria”, como recomenda o Papa em sua encíclica, que Dr. Plinio adquiriu sua piedade eucarística. Era pelas mãos d’Ela que ele recebia Jesus-Eucaristia na Comunhão, e por meio d’Ela apresentava seus atos de adoração, agradecimento, reparação e súplica.
A jaculatória Coração Eucarístico de Jesus, tende piedade de nós, brotava de seus lábios sempre seguida desta outra: Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, rogai por nós.
Tinha ele presente em seu espírito estes ensinamentos do Santo Padre na encíclica Ecclesia de Eucharistia:
Ao longo de toda a sua existência ao lado de Cristo, e não apenas no Calvário, Maria viveu a dimensão sacrificial da Eucaristia. Quando levou o menino Jesus ao templo de Jerusalém, “para O apresentar ao Senhor”, ouviu o velho Simeão anunciar que aquele Menino seria “sinal de contradição” e que uma espada havia de trespassar também a alma d’Ela (n. 56).
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A seção “Luzes da Civilização Cristã” apresenta um comentário sobre outro ponto saliente deste momentoso documento do Sumo Pontífice: a necessidade do esplendor no culto eucarístico. Longe de considerá-lo como uma mera formalidade ou exterioridade, Dr. Plinio, entretanto, julgava indispensáveis o brilho e a pompa na Liturgia como uma forma absolutamente adequada de refletir o amor a Jesus-Hóstia, dedicando-Lhe o melhor da criação e da arte dos filhos de Deus.
Neste mês em que a Igreja festeja o Sagrado Coração de Jesus, estampamos também trechos de uma conferência de Dr. Plinio sobre um dos aspectos centrais dessa devoção: o conhecimento daquilo que se poderia chamar a “mentalidade” humano-divina de Nosso Salvador.
Neles, poderá o leitor avaliar o profundo amor de Dr. Plinio ao Divino Redentor, além de encontrar matéria para fazer uma “composição de lugar” — como ensina Santo Inácio em seus Exercícios Espirituais — viva e coruscante a respeito de Jesus Cristo enquanto Verbo de Deus feito carne e habitando entre nós (Jo 1, 14). Ao mesmo tempo, verá como sua católica alma se deleitava na consideração das insondabilidades do universo criado por Deus, uma das caraterísticas principias de seu pensamento e de sua via de santificação.