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A indestrutível durabilidade da Igreja

Quando, em outubro de 1988, Dr. Plinio peregrinou pela Europa, quis visitar a Necrópole Vaticana, cemitério da era pré-cristã sobre o qual se ergueu a Basílica de São Pedro. Desejava ardentemente chegar, por vielas repassadas de história, até o ponto exato em que se encontra o túmulo do primeiro Papa, descoberto pelos arqueólogos sob o pontificado de Pio XII, bem abaixo do altar-mor da Basílica.

Uma vez no local, Dr. Plinio se recolheu em oração. À sua frente podia-se entrever algo do “Troféu de Gaio”, onde foram depositados os restos do Pescador da Galiléia — martirizado a poucos metros dali —, a quem a voz do Mestre decretara: “Tú es Pedro e sobre esta pedra edificarei minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”.

É-nos sumamente grato recordar em nossa capa esse significativo momento da vida de Dr. Plinio, para com ele celebrarmos a festa de São Pedro e São Paulo, “colunas da Igreja”, comemorada no Calendário Romano em 29 de junho.

Episódio tanto mais digno de nota quanto a imortalidade da Esposa Mística de Cristo e a infalibilidade do Sucessor de Pedro se achavam gravadas, de modo indelével, na alma profundamente católica de Dr. Plinio. Já nas páginas do “Legionário”, quando jovem líder mariano, deixava ele impressa uma prova desse seu vibrante amor à Santa Igreja e ao Romano Pontífice. Palavras que, ainda agora, ecoam com cristalina nitidez:

Não nos abatem nem nos espantam os acontecimentos que fazem sofrer a Igreja, simultaneamente perseguida em tantos lugares. A impiedade está chegando ao seu auge (…) e nós, católicos, gememos hoje ao peso da opressão de nossos adversários, que nos lançam à face a exclamação de Breno: “Ai dos vencidos!”. Mas a Igreja, que é imortal porque não é humana, lhes devolve a frase, invertendo-lhe o sentido: “Ai dos vencedores”!

Na realidade, para todas as coisas que não participam da indestrutível durabilidade da Igreja, o apogeu nada mais é senão uma etapa brilhante no caminho para a morte. Cada vitória de Napoleão representava, para este, um passo que o aproximava de Waterloo. O Waterloo da impiedade está próximo. Deixemos, portanto, passar esses Wagram e esses Austerlitz da descrença. Seu triunfo não há de durar.

Quando é muito longo o trajeto a seguir por um trem, quando são muito escarpadas as montanhas que ele deve subir, quando são muito longas as voltas a que o obriga a ondulação do terreno, os engenheiros escavam um túnel que, embora sujeite os passageiros a alguns minutos de inteira escuridão, lhes encurta, todavia, as fadigas da viagem e lhes poupa longas horas de trajeto.

Julgamos que a fase de dores cada vez mais acentuadas por que o Catolicismo virá a passar são como o túnel que, embora nos mergulhe por algum tempo nas mais densas trevas, no negrume da mais absoluta dor, abreviará nosso caminho à vitória final, cortando montanhas e transpondo obstáculos que, sem esse túnel de dores, levaríamos muitos decênios — séculos talvez — a percorrer.

Entra a Igreja, e com ela a civilização ocidental, em um dos túneis da História por que a Divina Providência nos faz passar, para encurtar os padecimentos do Catolicismo. E cada vez, portanto, que sentirmos mais cerrado o ataque, mais terríveis as provações, tenhamos a convicção tranqüilizadora de que estamos progredindo no túnel, e nos aproximamos cada vez mais do momento feliz em que nos acharemos novamente na claridade radiosa de uma civilização plenamente cristã (nº 83, de 12/7/1931).

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