Além de inúmeras exposições orais feitas ao longo de sua vida dedicada ao serviço de Deus e da Santa Igreja, Dr. Plinio escreveu 15 livros, traduzidos para diversos idiomas, e incontáveis artigos publicados em periódicos e revistas do Brasil e do exterior. Sua obra magna, “Revolução e Contra-Revolução”, vinda a lume em 1959, tornou-se o livro de cabeceira de todos os que desejavam fazer parte da família de almas de seus seguidores.
Sobre ele, o ilustre canonista espanhol, Pe. Anastásio Gutiérrez CMF, emitiu eloqüente parecer em que afirma: “Revolução e Contra-Revolução é uma obra magistral, cujos ensinamentos deveriam ser difundidos até fazê-los penetrar na consciência de todos os que se sintam verdadeiramente católicos. Eu diria mais: de todos os homens de boa vontade. […] É uma obra profética no melhor sentido da palavra; […] seu conteúdo deveria ensinar-se nos centros superiores da Igreja. […] Impressiona fortemente o espírito com que a obra está escrita: um espírito profundamente cristão e amante da Igreja; é um produto autêntico da ‘sapientia christiana’ [sabedoria cristã]”.
A fim de proporcionar aos leitores de “Dr. Plinio” os importantes ensinamentos contidos nesse livro — o qual designaremos pela sigla “R-CR” —, damos início à presente seção, no formato de perguntas e respostas. As citações são extraídas da 5ª edição em português, estampada pela “Editora Retornarei” em dezembro de 2002.
Definições preliminares
Que é a Revolução?
“É um processo que se manifestou, na ordem dos fatos, no início do século XV.
Nasceu ele de uma explosão de paixões desordenadas que vai conduzindo à destruição de toda a sociedade temporal, à completa subversão da ordem moral, à negação de Deus.
O grande alvo da Revolução é, pois, a Igreja, corpo místico de Cristo, mestra infalível da verdade, tutora da Lei natural e, assim, fundamento último da própria ordem temporal” (p. 144).
E a Contra-Revolução?
“É a luta incruenta para extinguir a Revolução e construir a Cristandade nova, toda resplandecente de Fé, de humilde espírito hierárquico e de ilibada pureza.
Isto se fará, sobretudo, por uma ação profunda nos corações. Ora, esta ação é obra própria da Igreja, que ensina a doutrina católica e a faz amar e praticar.
A Igreja é, pois, a própria alma da Contra-Revolução” (pp. 147-148).
Fidelidade ao Papado
Que demonstração de fidelidade ao Papa, Dr. Plinio fez no livro “R-CR”?
Eis o último parágrafo da conclusão de seu trabalho:
“Sobre cada uma das teses que o constituem, não temos em nosso coração a menor dúvida. Sujeitamo-las todas, porém, irrestritamente ao juízo do Vigário de Jesus Cristo, dispostos a renunciar de pronto a qualquer delas, desde que se distancie, ainda que de leve, do ensinamento da Santa Igreja, nossa Mãe, Arca da Salvação e Porta do Céu” (p. 199).
O que move a Revolução e a Contra-Revolução
Qual a principal força propulsora da Revolução?
“A mais potente força propulsora da Revolução é o dinamismo das paixões desencadeadas num ódio metafísico contra Deus, contra a virtude, contra o bem e, especialmente, contra a hierarquia e contra a pureza” (p. 130).
E da Contra-Revolução?
“É no vigor de alma que vem ao homem pelo fato de Deus governar nele a razão, a razão dominar a vontade, e esta dominar a sensibilidade, que é preciso procurar a serena, nobre e eficientíssima força propulsora da Contra-Revolução” (pp. 130-131).
Como adquirir esse vigor de alma?
“Tal vigor de alma não pode ser concebido sem se tomar em consideração a vida sobrenatural.
O papel da graça consiste exatamente em iluminar a inteligência, em robustecer a vontade e em temperar a sensibilidade de maneira que se voltem para o bem.
De sorte que a alma lucra incomensuravelmente com a vida sobrenatural, que a eleva acima das misérias da natureza decaída, e do próprio nível da natureza humana.
É nessa força de alma cristã que está o dinamismo da Contra-Revolução” (p. 131).
Principal tarefa da Contra-Revolução
Qual o dever primordial da Contra-Revolução?
“A Contra-Revolução tem, como uma de suas missões mais salientes, a de restabelecer ou reavivar a distinção entre o bem e o mal, a noção do pecado em tese, do pecado original e do pecado atual.
Essa tarefa, quando executada com uma profunda compenetração do espírito da Igreja, não traz consigo o risco de desespero da misericórdia divina, hipocondrismo, misantropia, etc., de que tanto falam certos autores mais ou menos infiltrados pelas máximas da Revolução” (pp. 132-133).
Como reavivar essa noção do bem e do mal?
“Pode-se reavivar a noção do bem e do mal por vários modos, entre os quais:
- Salientar, nas ocasiões oportunas, que Deus tem o direito de ser obedecido, e que, pois, seus Mandamentos são verdadeiras leis, às quais nos conformamos em espírito de obediência, e não apenas porque elas nos agradam.
- Divulgar a noção de um prêmio e de um castigo post-mortem.
- Insistir sobre os efeitos do pecado original no homem e a fragilidade deste, sobre a fecundidade da Redenção de Nosso Senhor Jesus Cristo, bem como sobre a necessidade da graça, da oração e da vigilância para que o homem persevere.
- Aproveitar todas as ocasiões para apontar a missão da Igreja como mestra da virtude, fonte da graça, e inimiga irreconciliável do erro e do pecado” (pp. 133-134).