Ao completar 60 anos, emocionado pelas homenagens de que foi objeto da parte de seus filhos espirituais, Dr. Plinio as retribuiu com palavras de entusiasmo pela vocação à qual foram todos chamados, assim como pela causa da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, por ele abraçada desde a mais tenra infância:
“Que ensinamento deveria eu enunciar nesta noite, capaz de vos tocar; de pôr em movimento as vossas almas, desejosas não só de andar, mas de correr; e não apenas correr, mas voar, a fim de implantar o Reino de Maria?
“Reporto-me às minhas recordações do meu tempo de menino, tão vivas para mim, e me lembro de meu primeiro choque com a impureza, e o contraste que se estabeleceu no meu espírito entre a pureza e aquele vício. E nesse confronto, sentia vibrar em minha alma todo um universo feito de qualidades, que afirma o ser sobre o não ser, a ordem sobre a desordem, a categoria sobre o que não tem categoria e, embevecido, considera uma série de categorias que vão se quintessenciando umas às outras, subindo, galgando continuamente até o mais alto, até um ápice, a categoria das categorias, a perfeição das perfeições, a classe das classes, a distinção das distinções, majestosa, grandiosa, régia, mas ao mesmo tempo tão suave, tão amena, tão acolhedora, tão desejosa de conter tudo em seus braços, tão cheia de atração…
“Em função desse universo eu percebi que a Santa Igreja Católica Apostólica Romana é a verdadeira Igreja de Deus. Lembro-me do enlevo que tive quando tomei conhecimento da infalibilidade papal; do entusiasmo que senti quando, aos poucos, saindo das brumas da infância, fui percebendo os lineamentos da Igreja Católica, compreendendo a liturgia, a organização da Igreja, a Sagrada Hierarquia, a Civilização Cristã, os séculos do passado.
“Meus caros, nos primórdios da vocação de cada um dos senhores, em todos eu vi um traço, um brilho, uma espécie de consideração inicial de todo esse universo de maravilhas. Isto que será a glória do Reino de Maria, nos olhos de todos vós cintilou, em determinado momento a todos vós atraiu, a todos vós chamou.
“Então, na noite de hoje, meu olhar se volta para Nossa Senhora, e penso naquela frase d’Ela, pronunciada em Fátima: ‘Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará’. Não será que o primeiro triunfo do Imaculado Coração de Maria se dará no interior de nossas almas? Não será neste que, antes de qualquer outro lugar, Nossa Senhora entrará, calcando aos pés e destruindo uma série de defeitos, e fará brilhar inteiramente essa luz em nós, no esplendor de nossa vocação?
“Essa restauração fará de nós os homens mais intransigentes, mais combativos, os homens de maior iniciativa, mais inflexíveis, mais capazes de sofrer que houve em toda a história da humanidade. Homens que sejam tochas, homens que sejam anjos para restabelecer a Civilização Cristã. Homens que sejam tais que do brilho da personalidade deles brote finalmente o brilho do Reino de Maria, perto do qual o da Idade Média não foi senão um esboço.
“É o que, de todo o coração, eu vos desejo; e para vós, como para mim mesmo, genuflexo em espírito, peço a Nossa Senhora do Bom Conselho de Genazzano, ao Sapiencial e Imaculado Coração de Maria, a Nossa Senhora Auxiliadora dos Cristãos.”