Para Dr. Plinio, ao contrário das artimanhas e argumentos fraudulentos da Revolução na sua marcha pela desordem, a Contra-Revolução, no seu caminhar progressivo em favor da ordem e do bem, só pode usar da verdade, nada ocultando àqueles aos quais procura formar.
A variedade das vias do Espírito Santo
Há um processo contra-revolucionário?
“É evidente que, tal como a Revolução, a Contra-Revolução é um processo, e que portanto se pode estudar a sua marcha progressiva e metódica para a ordem. Todavia, há algumas características que fazem essa marcha diferir profundamente do caminhar da Revolução para a desordem integral. Isto provém do fato de que o dinamismo do bem e do mal são radicalmente diversos” (pp. 120-121).
De que modo alguém, arrastado pela Revolução, pode se desvencilhar dela?
“Ninguém pode fixar limites à inexaurível variedade das vias de Deus nas almas. Seria absurdo reduzir a esquemas assunto tão complexo. Não se pode, pois, nesta matéria, ir além da indicação de alguns erros a evitar e de algumas atitudes prudentes a propor.
“Toda conversão é fruto da ação do Espírito Santo, que, falando a cada qual segundo suas necessidades, ora com majestosa severidade, ora com suavidade materna, entretanto nunca mente” (pp. 123-124).
“Não devem os católicos ocultar como que sob um véu os preceitos do Evangelho, temerosos de serem menos ouvidos ou abandonados”
Papa São Pio X
Nada esconder
Deve-se mostrar ou ocultar o termo último da formação de um contra-revolucionário?
“No itinerário do erro para a verdade, não há para a alma os silêncios velhacos da Revolução, nem suas metamorfoses fraudulentas. Nada se lhe oculta do que ele deve saber. A verdade e o bem lhe são enunciados integralmente pela Igreja.
“Não é escondendo, sistematicamente, o termo último de sua formação, mas mostrando-o e fazendo-o desejado sempre mais, que se obtém dos homens o progresso no bem (p. 124).
Prudente contemporização
Há algum documento pontifício que estabelece normas aplicáveis à questão acima formulada?
“A Contra-Revolução deve fazer suas as sapientíssimas normas estabelecidas por São Pio X para o proceder habitual do verdadeiro apóstolo: ‘Não é leal nem digno ocultar, cobrindo-a com uma bandeira equívoca, a qualidade de católico, como se esta fosse mercadoria avariada e de contrabando’. Os católicos não devem ‘ocultar como que sob um véu os preceitos mais importantes do Evangelho, temerosos de serem talvez menos ouvidos ou até completamente abandonados’1” (p. 124).
Mas, não há casos em que se deve usar de contemporização?
Na mesma encíclica, “judiciosamente acrescentava o santo Pontífice: ‘Sem dúvida, não será alheio à prudência, também ao propor a verdade, usar de certa contemporização, quando se tratar de esclarecer homens hostis às nossas instituições e inteiramente afastados de Deus. As feridas que é preciso cortar, diz São Gregório, devem antes ser apalpadas com mão delicada. Mas essa mesma habilidade assumiria o aspecto de prudência carnal se erigida em norma de conduta constante e comum; e tanto mais que desse modo pareceria ter-se em pouca conta a graça divina, que não é concedida somente ao Sacerdócio e os seus ministros, mas a todos os fiéis de Cristo, a fim de que nossas palavras e atos comovam as almas desses homens’” (pp. 124-125).
1) Encíclica Iucunda Sane, de 12/3/1904.