sábado, noviembre 23, 2024

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Dezembro de 1958 – 50 anos e um exame de consciência

No dia 13 de dezembro de 1958, Dr. Plinio completou 50 anos, assinalados por uma ardorosa fé católica, e um incansável e abnegado devotamento ao serviço da Santa Igreja e do Papado. Sua vida de intenso apostolado era marcada por lutas e dificuldades variadas, que muitas vezes pareciam colocar em xeque todo aquele edifício de dedicação laboriosamente construído. Com sua invariável retidão de alma, Dr. Plinio não se esquivava de considerar de frente a possibilidade de uma culpa própria estar na raiz dos reveses que Deus permitia surgirem na sua trajetória. Assim, naquele dia de seu 50º aniversário, procurou examinar-se com rigorosa acuidade:

“Diante dos obstáculos que nos opunham os inimigos velados e declarados da Igreja, a Providência nos deixou por longo tempo na dúvida: ‘Não serão essas investidas um castigo para nós? Era nosso destino enfrentarmos tudo o que enfrentamos? Ou estamos nos desviando de caminho por causa de nossos pecados e, por isso, a Providência nos pune, em vez de nos fazer progredir na linha reta? Não seremos dignos do traçado retilíneo que deveríamos percorrer?

“Recordo-me das duras e duras meditações, dúvidas e perplexidades a esse respeito pelas quais eu passei. Quando fiz 50 anos, sem poder sair de São Paulo por causa de mamãe — ela não compreenderia que a deixasse sozinha justamente naquela data —, passei o dia inteiro em uma das sedes do nosso movimento, a fim de me entregar a um meticuloso exame de consciência. Ou seja, analisar-me ponto por ponto, esquadrinhando-me com a maior severidade, transformado em inimigo de mim mesmo para descobrir, no meu interior, o que pudesse ser apontado como causa daquelas adversidades.

“Sem constrangimentos me é dado afirmar que sofri muito com toda essa fase de perplexidades e dúvidas, até compreender que os reveses e embates faziam parte do nosso caminho, era uma conseqüên­cia natural de nosso apostolado, e que, portanto, não nos achávamos extraviados de nossa trajetória. O dramático dessa ou daquela situação, inclusive a surpresa de tais dramas, compunham esse percurso que devíamos trilhar. Era preciso ir adiante, com coragem e confiança redobradas.

“Mas, por que não dizê-lo? Dentro dessa situação, senti medo da vida que se descortinava para mim, semeada de sofrimento, decepções, de opróbrio, de nenhuma perspectiva da realização das esperanças primeiras que eu alimentara. E uma série de fatos — mais significativos ou menos — que poderiam não ter acontecido, chegaram a me dar a impressão de uma rejeição de Nossa Senhora. Devia haver um defeito em mim, uma falta de generosidade minha que determinava aquela recusa do alto. Foram, para mim, dias de verdadeiro tormento de espírito.

“Afinal, pela misericórdia de Maria Santíssima, daquele céu seco de onde nada chovia, começaram a cair as primeiras gotas de novas esperanças e novas conquistas. Nosso apostolado recrudesceu e, a partir de então, a chuva foi se generalizando, até se espraiar pelos cinco continentes da Terra.”

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