Eob este título escrevia Dr. Plinio, em 27 de agosto de 1944, eloqüente artigo no “Legionário”, a propósito do lema adotado por Dom Carmelo Motta, então nomeado novo Arcebispo de São Paulo. Após salientar os predicados morais e pastorais daquele prelado, e de enaltecê-lo como digno continuador de seus predecessores, Dr. Plinio assim comentava o programa proposto por Dom Motta — “No peito de Jesus”:
Em suas admiráveis revelações Santa Gertrudes tem palavras que explicam perfeitamente o lema do novo Arcebispo. Diz ela [falando de si na terceira pessoa, por humildade]: “O Senhor a atraiu a si, de tal maneira que seu coração repousava sobre o Coração divino. Depois de ter saboreado um doce momento de repouso, ela sentiu bater o Coração de Jesus com dois modos admiráveis e soberanamente doces. O Senhor lhe disse: ‘Cada uma dessas pulsações de Coração opera a salvação dos homens (…): a primeira opera a salvação dos pecadores e a segunda, a dos justos. (…) E como o bater do coração humano não é interrompido nem pela ação da vista, nem do ouvido, nem do trabalho manual, do mesmo modo o governo do Céu, da Terra e do universo inteiro não poderá, até o fim do mundo, nem suspender por um instante, nem retardar, nem impedir este doce bater de meu Divino Coração’” (Sta. Gertrudes, o Arauto do Divino Amor, Mame et Fils editores, Paris, vol. 1, p. 268).
Assim, pois, o programa de governo do novo Prelado — in sinu Jesu — consiste em abrir do modo mais franco possível os mananciais de vida que brotam do Coração de Jesus, de inserir toda São Paulo, com seus palácios e suas oficinas, com seus centros de estudo e de diversão, de arte e de trabalho, no grande e adorável movimento de sístole e de diástole que inunda a Cristandade com as graças brotadas do Coração de Jesus, e que leva para o Coração de Jesus todas as almas que Ele quer salvar.
Fidelíssimo devoto de São João Evangelista, o novo Arcebispo quer que a seu exemplo todos nós tenhamos os ouvidos atentos às pulsações adoráveis do Coração Divino. Elas, e só elas, saberão apagar dentro de nós o tumulto das paixões desregradas, o fragor das rivalidades, das cóleras, dos rancores que dilaceram o mundo contemporâneo.
Ao som divinamente suave dessas pulsações, ouviremos a Verdade, seremos inundados pela Vida, e na sístole e na diástole espiritual do Coração de Jesus encontraremos o Caminho.
(Extraído do “Legionário” de 27/8/1944)