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Janeiro de 1968 – “Magnificat” após a tormenta

Como vimos no número anterior, em fins de 1967 Dr. Plinio sofreu uma grave crise de diabetes, a qual colocou em risco sua existência e a da obra por ele fundada. No auge daquela provação, quando contemplava uma expressiva estampa da Mãe do Bom Conselho de Genazzano, Nossa Senhora lhe incutiu a certeza de que sobreviveria à tormenta, e que seu apostolado continuaria a florescer pelo mundo afora.

No dia 13 de janeiro de 1968, após um período de convalescença, reencontrou-se Dr. Plinio com seus discípulos. Contato marcado por profunda emoção e, mais ainda, por entranhada gratidão à Santíssima Virgem, conforme testemunham as palavras que ele então proferiu:

Dado o caráter imprevisto, quase que de emergência, desta reunião, antes da retomada de nossas conferências normais, e posto o hábito de ser bem tratado pelos senhores, estava certo de que haveria uma saudação quando de meu retorno.

Porém, tal é o tumulto das impressões e das reflexões, tal o sentimento das meditações feitas durante esses meses de provação que eu, pela primeira vez na minha vida, realmente me sinto embaraçado de fazer um improviso. Embaraçado porque teria de pôr em ordem muitos pensamentos, teria de me referir à dedicação extraordinária de todos, e salientar especialmente muitas dedicações que se sobre-elevaram no extraordinário para merecerem quase a qualificação de inauditas. Eu deveria alinhar tudo isso para poder dizer o que me vai na alma no momento em que recebo dos senhores a primeira saudação.

Passo por cima de tudo isso e apenas digo que a minha alma transbordou de gratidão para com Nossa Senhora no momento em que foi cantado aqui o “Magnificat”. De fato, acima de tudo o que nos deve mover é um sentimento de gratidão e de reconhecimento em relação a Ela.

Quando eu adoeci, a enfermidade se apresentou para mim como a nuvenzinha do Profeta Elias, isto é, algo que causava certa perplexidade, certa apreensão, mas era apenas uma pequena nuvem. Porém, logo depois, o horizonte inteiro foi tomado por essa nuvem e caiu uma grande chuva… Perguntei-me a mim mesmo o que significava aquela tormenta, se não seria afinal o momento — e essa cogitação me emociona a fundo — em que Nossa Senhora, cansada de mim, haveria de liberar minha alma. Indaguei-me sobre isso, e essa era a minha grande apreensão, a minha grande angústia.

Nossa Senhora é misericordiosa, amparar-me-ia até nessa extremidade e eu morreria com os olhos postos na misericórdia d’Ela. Contudo, restar-me-ia a dor de ser o responsável pelo fato de nossa obra não ser levada à sua plenitude, porque talvez Maria Santíssima não o permitisse nessas circunstâncias.

Eu estou tão cansado de mim e eu quisera ser tão diferente do que eu sou, quisera ser tão melhor… [nesse momento de sua alocução Dr. Plinio se emociona e faz uma pausa] … e então me perguntava se não era a hora em que Nossa Senhora teria dito: “Eu feri o pastor e dispersarei o rebanho”.

A primeira lufada de esperança que eu tive foi quando, no hospital, trouxeram-me a imagem da Mãe do Bom Conselho de Genazzano … [Dr. Plinio volta a se emocionar] … Eu não consigo prosseguir… Haverá uma ocasião em que eu possa falar de Nossa Senhora de Genazzano. Agora…

[Profundamente comovido, assim como todos os presentes, Dr. Plinio encerra suas palavras.]

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