Outubro de 1943. Os conflitos da Segunda Guerra Mundial devastavam as nações, produzindo um morticínio nunca antes visto e expondo vários povos ao perigo de caírem sob a tirania de um dos totalitarismos em voga.
Naquela grave conjuntura em meio à qual se jogavam os destinos da humanidade, Dr. Plinio, pelas páginas do Legionário, procura orientar as almas para algo de valor supremo e imprescindível, capaz de abrir ao mundo os caminhos da salvação: a Santa Igreja Católica Apostólica Romana. Ao comentar a célebre encíclica do Papa Pio XII sobre o Corpo Místico de Cristo, afirmava:
“Quem ler com atenção o texto pontifício perceberá facilmente a extrema complexidade da matéria de que ela trata, e a série quase interminável de confusões, de erros serpejantes — a expressão é do Papa —, de ambigüidade de toda ordem que se têm procurado apoderar do assunto. (…)
“O ambiente contemporâneo é cheio de contradições e entrechoques doutrinários violentos, [conforme aponta Pio XII]: enquanto por um lado perdura o falso racionalismo, que tem por absurdo tudo o que transcende e supera a capacidade da razão humana, e com ele outro erro parecido, o naturalismo vulgar, que não vê nem quer reconhecer na Igreja de Cristo senão uma sociedade puramente jurídica; por outro lado grassa por aí um falso misticismo que perverte as Sagradas Escrituras, pretendendo remover os limites intangíveis entre as criaturas e o Criador. (…)
“Na esfera política, o resultado foi claro. Poucos foram, infelizmente, os católicos que souberam ver na disciplina ardente e incondicional à infalível autoridade da Igreja, a verdadeira tábua de salvação. Uns procuraram a fórmula salvadora no nazismo. Outros, no comunismo. Outros, na forma nazificante ou nas bolchevizantes. Poucos foram os que se lembraram de que bonum ex integra causa; malum ex quocumque defectu. Se havia mal nos dois lados, ficássemos só com a Igreja, integra causa por excelência.
“E daí uma tremenda confusão. Uns, por amor à autoridade, chegaram ao totalitarismo. Outros, por amor à liberdade, chegaram até a demagogia. A grande tragédia da luta entre nazismo e comunismo, entre fascismo e democracia, não foi tanto o extravio completo dos que já eram maus, mas a ruína, a confusão, a dilaceração interna entre os que eram bons
“Sejamos prosélitos ardentes da doutrina do Corpo Místico de Cristo. E, sobretudo, insistamos por que todos os estudos feitos nesta matéria tenham por base e constante ponto de referência a admirável Encíclica Mystici Corporis Christi. Com isto, cessará qualquer dificuldade e brilhará serena, para a edificação geral, a genuína doutrina da Igreja.
“Da Igreja! Como não compreender, admirar e amar ainda mais a Santa Igreja Católica, depois da luminosa e claríssima doutrina ensinada pelo Santo Padre Pio XII sobre o Corpo Místico de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é a própria Igreja Católica!
“A Igreja Católica é o maior tesouro que Nosso Senhor deu aos homens. É ela o escrínio em que se encerram todos os outros tesouros que Cristo nos deu. Não sei de coisa mais urgente, mais atual, mais premente, do que inculcar nos fiéis uma ardente devoção à Santa Igreja.”
(Extraído do “Legionário” de 24/10/1943)