Dr. Plinio comenta suas alegrias ao sentir-se membro da Igreja pelo fato de ser batizado.
Em 7 de junho de 1991, para comemorar o 82° aniversário do Batismo de Dr. Plinio, um de seus discípulos dirigiu-lhe breves palavras, enquanto outros entoavam cânticos.
Dr. Plinio, então, afirmou:
“Apesar de tudo quanto dissestes de excelente, generoso e bom, talvez não tenhais inteira idéia de como tocais no que há de mais sensível em mim.
“Recentemente, refletindo a respeito de vários assuntos, passou-me pela cabeça a questão do inferno. E pela primeira vez, depois de ter feito várias considerações sobre os tormentos ali existentes, ocorreu-me a idéia — a qual transformou-se desde logo em convicção, pois é uma evidência — de que, quando a alma é condenada ao inferno, fica expulsa da Igreja Católica Apostólica Romana. E, apesar de ter pensado em todos os horrores do inferno, nenhuma coisa me amedrontou tanto, quanto a hipótese de ser expulso da Igreja Católica.
“Pareceu-me que sofrer tudo aquilo, mas continuar na Igreja, era muito menos dolorido do que não padecer nada e estar fora da Igreja. Assim, podeis ver bem — e provavelmente não até o extremo que deveria ser — quanto Nossa Senhora me ajuda a prezar a graça inestimável de ser filho da Santa Igreja Católica.
“O contrário também é verdade. Todos os deleites da Terra, nada são, comparados com a felicidade do menor dos católicos membros da Igreja Gloriosa, que celebra sua vitória eterna no Céu. Tudo quanto o homem terreno pode ter de gozo, beleza, bem-estar, grandeza, etc., cada bem-aventurado possui numa plenitude incomparável, porque está em contato direto com Deus no Céu como se Este existisse só para ele. Não devemos imaginar que, sendo os habitantes do Paraíso tão numerosos, Deus não tem tempo de lhes dar audiência. Ele os recebe a todo instante com o mesmo afeto.
“É certo que o Céu Empíreo dará aos seus corpos uma felicidade que completará a da alma. Porém, nada se compara à felicidade de cada um poder dizer: “sou membro da Igreja, filho de Deus; tenho uma participação na natureza divina, divinae naturae consors (Cfr. 2Pd 1, 4).” Por toda eternidade será um príncipe neste Céu, onde os menores são príncipes.
“Todos que aqui estamos recebemos a graça inefável do Batismo, e meu desejo é que alcancemos o Céu e lá possamos nos lembrar de nosso Batismo com amor indizível, e quem sabe se Deus, no fim do mundo depois de ter incendiado a Terra, etc., conservará alguns objetos que disseram especialmente respeito à nossa salvação. Por exemplo, as pias batismais que as desgraças não tenham destruído. E, nas festas do Paraíso me seja dado descer à Terra para visitar a pia batismal da igreja de Santa Cecília, junto à qual o caminho do Céu se abriu para mim. Após a ressurreição, cada um de nós será um ente glorioso, e iremos com corpo e alma, andando — com que alegria e suavidade! — oscular a pia, onde foi batizado e louvar o momento bendito em que o sacerdote disse: “eu te batizo em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”. As portas se abriram, o sol de Deus entrou, e por assim dizer a eternidade começou.
“Alegro-me de que vós tenhais vos alegrado com a comemoração do meu batismo. Meus filhos que estão aqui também passaram por este momento, foram batizados, e para eles o caminho do Céu se abriu; mais tarde, houve um dia em que as portas de nosso movimento se abriram, e começou a via da vocação, iniciou a batalha!
“Com quanto comprazimento ouvi cantarem: ‘Mon Dieu donnez-moi, la souffrance…’ [Meu Deus daí-me o sofrimento], como isto é belo, e quanta felicidade de alma há naquele que não tem medo de cantar a plenos pulmões: Mon Dieu donnez-moi la souffrance. São coisas, meus filhos, que só no Céu compreenderemos.
Até o Paraíso nos leve a proteção, a bênção, as graças da clemens, pia et dulcis Virgo Maria [clemente, piedosa e doce Virgem Maria].