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Há 70 anos, um apelo pelo Brasil católico

Dr. Plinio demonstra na consideração abaixo — feita por ocasião do Concílio Plenário do Episcopado Brasileiro em julho de 1939 — como as qualidades de um povo crescem pela ação da Igreja.

No momento em que se iniciam os trabalhos do Primeiro Concílio Plenário do Episcopado Brasileiro, não poderia o “Legionário” deixar de consagrar algumas linhas àquele grande acontecimento.

Voltemos hoje nossa atenção e nosso coração para a grande assembléia em que os Príncipes da Igreja no Brasil, postos pelo Espírito Santo à testa de nossa vida religiosa, deliberam sobre os mais graves interesses do País.

Como os problemas concernentes à missão da Santa Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo transcendem incomensuravelmente em importância a quaisquer problemas políticos, sociais ou econômicos, pois que não há problemas que se possam comparar em relevância e gravidade aos que se relacionam com a maior glória de Deus e salvação das almas, nada pode haver de mais importante, no momento, para o País, do que o Concílio Plenário que ora se realiza no Rio de Janeiro.

Todo católico deve, nestes dias, fazer um sério esforço interior no sentido de compreender bem estas verdades e sobretudo de as compreender não só com a inteligência mas ainda com o coração.

A Fé católica, longe de suprimir as características da psicologia nacional de cada povo, as acentua.

A razão disto é simples. Todos os povos foram criados por Deus, e as qualidades nacionais não são senão dons naturais que Deus lhes fez. Ora, a Igreja acrescenta aos dons naturais os dons sobrenaturais. A ação dos dons sobrenaturais não destrói os dons naturais, porque a graça não destrói a natureza. Pelo contrário, a graça eleva e aperfeiçoa a natureza. E por isto uma nação não pode jamais explicitar tanto sua própria psicologia, quanto saturando-a profundamente de espírito católico.

A Europa medieval, tão profundamente católica, é um exemplo típico disto. Na unidade da civilização católica, quanta variedade de formas de governo, de instituições econômicas e sociais, de manifestações artísticas e de costumes domésticos! E quanta harmonia na inexaurível riqueza destas diversidades! (…)

Cumpre acrescentar que, quando uma nação se afasta da Santa Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, ela rompe com a graça e viola a fundo sua própria natureza. Tal nação poderá ainda, sem dúvida, enriquecer-se e dilatar seus domínios. Mas será um crescimento puramente corporal. A alma da nação deverá voltar à Casa Paterna, para não perecer de miséria e de fome. (…)

A verdade do que afirmamos acima é muito patente no Brasil. Queremos um Brasil verdadeiramente brasileiro? Façamos dele um Brasil verdadeiramente católico. Queremos matar a própria alma do Brasil? Arranquemos a sua Fé. (…)

Como, pelo contrário, o Brasil autêntico, o Brasil verdadeiramente brasileiro ainda vive e vibra no coração abnegado das mães que não aderiram ao modernismo, dos chefes de família que levaram uma mocidade casta e talvez virginal, dos filhos que sabem respeitar seus pais porque sabem ser dóceis à voz da Igreja; no coração dos militares católicos que têm de comum com Caxias, não apenas a farda mas a Fé; no coração sobretudo dessa legião de Sacerdotes abnegados que desenvolvem no Brasil a semente espiritual que Anchieta plantou.

Será necessário dizer mais para demonstrar a grandeza histórica da obra à qual se consagra o atual Concílio?

(Extraído do “Legionário” de 2/7/1939)

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