Abril
1. Quinta-feira Santa. Instituição da Sagrada Eucaristia.
2. Sexta-feira Santa. Paixão do Senhor. (Dia de jejum e abstinência.)
3. Sábado Santo. Solene Vigília Pascal.
4. Domingo de Páscoa. Gloriosa Ressurreição do Senhor.
5. São Geraldo, Abade de Saint-Sauve, França. (+1095)
6. Santo Irineu, Bispo e mártir.
7. Santo Hermano José, sacerdote premonstratense. (1152-1241)
São João Batista de la Salle, presbítero, + 1719.
8. São Dionísio, Bispo de Corinto. (séc. II)
9. São Libório, Bispo de Lê Mans, na Gália (atual França). (séc. IV)
10. São Beda, o Jovem, monge. (+883)
11. Domingo da Divina Misericórdia (e II de Páscoa). Festa estabelecida pelo Papa João Paulo II, em 1997, atendendo às revelações de Nosso Senhor a Santa Faustina Kowalska (1905-1938).
12. São Júlio I, Papa. Eleito para o sólio pontifício em 6 de fevereiro de 337, defendeu valorosamente a Fé contra os arianos, e apoiou Santo Atanásio, Doutor da Igreja, na mesma missão. (+352)
13. São Martinho I, Papa e Mártir. (séc. VII)
14. São Pedro González, (chamado São Telmo), sacerdote dominicano. (+1246)
15. Santo Ortario, abade de Landelles, França. (séc. IX)
16. São Toríbio, Bispo de Astorga (Espanha). Sob ordens do Papa São Gregório Magno, combateu a heresia priscilianista. (séc. V)
17. Santos Pedro, diácono, e Hermógenes, seu servo, mártires em Melitene, na antiga Armênia.
18. III Domingo da Páscoa.
19. São Leão IX, Papa, séc. XI. Empenhou-se na reforma do Clero, secundado pelo futuro pontífice São Gregório VII.
20. Santa Inês de Montepulciano, Virgem, Superiora dominicana. (+1317)
21. Santo Anselmo, Bispo e Doutor da Igreja, monge beneditino e Arcebispo da Cantuária (Inglaterra), defendeu a Igreja na luta das investiduras, sendo exilado duas vezes. Seus escritos exerceram grande influência em sua época e lhe granjearam o título de “pai da Escolástica”. (séc. XII)
22. São Leônidas, Mártir. (sécs. II-III)
23. Santo Adalberto de Praga, Bispo e Mártir.
24. São Melito, abade. Foi enviado por São Gregório Magno para evangelizar a Inglaterra, e se tornou Bispo de Canterbury (Inglaterra). (+624)
25. Domingo de Bom Pastor
São Marcos Evangelista. Discípulo de São Pedro e autor do segundo Evangelho. (séc. I)
26. São Cleto, primeiro sucessor de São Pedro. (+88)
27. Nossa Senhora de Montserrat, na Catalunha, Espanha.
28. São Luís Maria Grignion de Montfort, presbítero. (1673-1716)
29. Santa Catarina de Siena, Virgem e Doutora da Igreja. Terciária dominicana, favorecida por visões de Nosso Senhor, desempenhou importante papel na solução de graves problemas da Igreja, como o retorno do Papa de Avinhão para Roma e a reforma da Cúria Romana. (séc. XIV)
30. São José Bento Cottolengo. Fundador da Pequena Casa da Divina Providência, em Turim, dedicada aos doentes, especialmente os rejeitados por outros hospitais. Seu zelo e caridade atuaram de modo marcante nas épocas de peste e desolação. (1786- 1842)
São Pio V, Papa.
Em plena Idade Média — a era das grandes batalhas travadas em defesa da Fé — pode-se contemplar uma alma repleta de respeito pelo sobrenatural ao lado de uma ternura e candura ímpares: Santo Hermano, o amigo do Menino-Deus!
Embora pareça paradoxal, há um princípio de ordem pelo qual uma virtude, quando integramente observada, atrai a si a prática de outra, muitas vezes oposta e simétrica à primeira. Como no-lo demonstra a Idade Média — que sob diversos aspectos, fora um período de combatividade, de luta, e de seriedade —, apesar de ser a era da piedade, nutrida de grande respeito, adoração, e humílima veneração ao divino e ao religioso, não obstante, foi também a idade da ternura e da candura.
Aparentemente contraditórios, esses aspectos são, em realidade, apenas opostos, e demonstram a riqueza da alma medieval enquanto observante da Lei de Deus.
Em meio à era das grandes batalhas, duramente travadas em defesa da Fé, pode-se entrever uma vida modelar, cheia de ternura e graça, que prenunciava de modo maravilhoso a Pequena Via idealizada por Santa Teresinha do Menino Jesus, pois esta via de santificação seria mais compreensível para os horizontes do homem medieval, do que para as espiritualidades posteriores, enregeladas pela Renascença e pelo processo revolucionário então nascente.
Amigo e companheiro do Menino-Deus
A vida de um humílimo sacerdote premonstratense — o qual brilhou intensamente por sua virtude, delicadeza e ternura — foi expressão encantadora da espiritualidade medieval. Trata-se de Santo Hermano José. Seus traços biográficos foram retirados da “Vida de Santos” de Englebert, como também de “Na Luz Perpétua” de Lehmann:
“Este bem-aventurado foi não somente um dos maiores devotos de Nossa Senhora, como um dos grandes contemplativos medievais.”
É necessário, para bem compreender sua vida, considerar que ele fora grande escritor, redigindo obras de Teologia, além de outros tratados, e, portanto, um homem de alta cultura. Todavia, sua vida sobrenatural iniciou-se quando era apenas menino.
“Nasceu em Colônia, em ano desconhecido, no século XII, de uma rica família que empobrecera.”
Nasceu, portanto, no apogeu da Idade Média, assemelhando-se com o Menino Jesus, que era de uma grande família que empobrecera.
“Desde muito criança, procurava os altares da Santíssima Virgem e com Ela conversava longo tempo.”
Certamente numa igrejinha do campo, ou na própria Catedral de Colônia, o pequeno Hermano, no altar de Nossa Senhora, aos pés da imagem, conversava por longo tempo com Ela. Este fato faz sentir uma atmosfera delicadíssima da biografia dele.
“Sua simplicidade era encantadora. Certa ocasião, trouxe uma maçã e pediu à Mãe de Deus que a aceitasse; a imagem da Virgem moveu-se e estendeu a mão para receber a oferta.”
Para a Europa, a maçã é uma fruta banal, como a laranja para as nossas terras. Por isso mesmo vê-se a inocência dele, ante a grande bondade de Nossa Senhora. Por simples e comum que seja a oferta, é oferecida por um filho, e Ela toma aquele gesto cheia de encanto e amor.
“Outra ocasião, ao chegar à igreja, viu a Rainha do Céu em meio a grande esplendor, tendo a seu lado São João, que brincava com o Menino Jesus. Hermano ficou contemplando a cena, quando a Virgem o chamou. Rapidamente ele subiu os degraus do presbitério, mas a grade fechada impediu sua passagem. ‘Não posso subir – disse a Maria Santíssima –; a porta está fechada e não há escada para eu trepar por cima da grade.’ Maria ensinou-lhe, então, a fazer do gradil escada e subir. Penetrando assim no coro, recebeu licença para brincar com o Menino-Deus.”
Era por certo São João Batista que brincava com o Menino Jesus, do qual ele era parente.
Não seria difícil imaginar a bondade da Rainha do Céu indicando ao pequeno Hermano: coloque os pés aqui, segure ali, e então desça pelo outro lado. E por ser inocente, ele tomava com inteira naturalidade tudo o que se passava, sendo nada menos que companheiro do Menino Jesus e de São João Batista! Todos estes fatos fazem sentir de algum modo o sabor da Pequena Via.
Por que andas descalço?
“Num dia de inverno, dirigiu-se descalço à igreja, e enquanto rezava no altar da Virgem, esta lhe perguntou: ‘Hermano, por que andas descalço neste frio?’ E a resposta de Hermano: ‘Porque não tenho calçado.’ A Virgem, então, deu-lhe a quantia necessária para comprar sapato.”
Até a estes aspectos chegava a preocupação e a ternura de Nossa Senhora, para que ele não andasse descalço. Todos estes tocantes fatos da vida de Santo Hermano José prestam-se perfeitamente para a pintura das inocentes iluminuras medievais.
“Toda a vida desse santo foi assim povoada de visões e êxtases. Aos 12 anos entrou para a Ordem dos premonstratenses de Steinfeld.”
Pode-se entrever a familiaridade contínua com o sobrenatural que o marcou por toda a vida.
Homem preso a Deus
“Ordenado sacerdote, foi encarregado de dirigir alguns conventos de religiosas, para as quais escreveu diversos tratados de piedade e um comentário do Cântico dos Cânticos.”
Quão valiosas deverão ser essas meditações sobre o Cântico dos Cânticos, comentadas por um homem de tão grande alma. Entretanto, não raras vezes, são estes livros repletos de preciosidades que inexplicavelmente desaparecem aos olhos dos homens, sendo descobertos apenas por uma longínqua posteridade.
“Compôs vários hinos, sendo de sua autoria o mais antigo hino ao Coração de Jesus: ‘Summus Regis, cor aveto!’. Sua vida foi de ininterrupta penitência, atacado de tentações e doenças. Sofria de contínuas enxaquecas que só cessavam quando subia os degraus do altar para celebrar, mas que redobravam de violência quando se aproximavam as solenidades litúrgicas. Jogando com as palavras, ele dizia a propósito: ‘Festae sunt mihi infestae’ – as festas são para mim nefastas. Seu pensamento estava sempre tão preso a Deus, diz seu biógrafo, que lhe era indiferente o curso do mundo. No entanto, seu coração era como um hospital geral, onde, a começar pelos aflitos e confrades, todos os homens encontravam terno acolhimento e seguro refúgio.”
A melodia desses hinos compostos por ele deve ser de grande beleza e piedade, e a letra, de riqueza sobrenatural.
Tal a vida, tal a morte
“Morreu Hermano, que adotara o nome de José por permissão especial da Virgem, em 1241. Seu corpo foi, mais tarde, encontrado intacto.”
Há coisa mais bela que, anos após a morte de alguém, abrir-se o caixão e encontrá-lo intacto? Pois bem, lá estava Santo Hermano revestido de seu hábito premonstratense, reclinado no caixão, com ar de quem ainda está compondo seu último hino ou tendo sua última visão.
Seria altamente repousante conhecer este santo e com ele poder conversar. E aproximando-se de joelhos pedir: “Por favor, poderia contar-nos como foram as suas visões?”
Ele, então, recolhido e luminoso responde: “Com quanto gosto! Qual delas quer?”
Certamente não conseguiríamos encerrar o diálogo antes de, maravilhados, conhecermos todos aqueles tocantes encontros dele com a Santíssima Virgem e seu Divino Filho.
Pode-se compreender, através desta cogitação, o que será o convívio celeste, pois haverá inumeráveis almas como a de Hermano. E figurativamente, ao passar pela primeira “esquina” do Paraíso Celeste, deparando com um ancião de muitos dias, perguntar:
— Quem sois vós?
— Sou Hermano.
E sentando-se em uma nuvem, ou em uma pedra preciosa diante de um rio, onde cantam os pássaros, ele calmamente descreve toda a sua vida.
Se houvesse tempo no Céu, se lá houvesse minutos, o quanto não se daria para ver, por apenas um minuto, o sorriso e contemplar a santidade de Santo Hermano!
Em meio às coisas horrorosas, disformes e incongruentes do mundo hodierno, Santo Hermano passa diante de nós como um anjo em meio às chamas do Purgatório. Lendo a sua vida é possível… é possível pensar: “Afinal, um consolo: um dia irei ao Céu. E lá encontrarei Santo Hermano.”
Aqui fica um orvalho de esperança do Céu, enquanto tem de se batalhar na fornalha de nossos dias.
(Extraído de conferência em 6/4/1967)