Atendendo ao convite dos beneméritos Padres Cordimarianos, em 31 de julho de 1943, Dr. Plinio prestou sua contribuição para a gloriosa campanha em prol da consagração do Brasil ao Coração Imaculado de Maria:
Uma das características da devoção que devemos tributar a Nossa Senhora consiste, sem dúvida, em ser terna. Entretanto, a devoção não se faz somente de ternura, de efusões sentimentais e afetivas. É indispensável, outrossim, ter bons e sólidos conhecimentos sobre a posição de Maria Santíssima na economia da graça divina, para que a devoção mariana se torne sólida e perfeita. Ora, a consagração do Brasil ao Imaculado Coração de Maria constituiria excelente oportunidade para se divulgar, com método e perseverança, os admiráveis ensinamentos da Santa Igreja sobre tão fundamental matéria.
Assim sendo, jamais será suficiente encarecer a importância desta providencial consagração, pois é possível que alguns católicos não percebam desde logo o que ela significa.
Quando a Igreja promove a consagração de nações, dioceses, famílias ou pessoas ao Coração Sacratíssimo de Jesus, ou ao Imaculado Coração de Maria, tem ela em vista que as criaturas assim consagradas formulem a resolução de pertencer-Lhes de modo particular, obedecendo-Lhes mais fielmente, tomando-Os mais perfeitamente por modelo, e, reciprocamente, recebendo de modo todo especial sua particular e vigilante atenção.
Mas, é preciso acentuar: os que propugnamos pela consagração do Brasil ao Coração Imaculado de Maria, se bem que apreciemos no seu alto e devido valor estes frutos de tão solene ato, temos em vista um resultado muito mais alto e profundo.
Queremos que nossa Pátria seja consagrada ao Coração Imaculado de Maria, antes de tudo e acima de tudo, porque Maria Santíssima tem direito a esta homenagem. A realeza de Nossa Senhora, em função da realeza de seu Divino Filho, não pode ser posta em dúvida pelos católicos. Rainha de todo o universo, Maria Santíssima já foi coroada Rainha do Brasil pela mão do ínclito Arcebispo do Rio de Janeiro, com coroa enviada especialmente pelo Santo Padre. Consagrado o Brasil ao Imaculado Coração de Maria, consagramos o reino ao Coração da Rainha e, com isto, fazemos um ato excelente de confiança filial em sua misericórdia, e, ao mesmo tempo, atraímos graças maiores e mais abundantes para nossa Pátria.
Não se trata aí de meras figuras de literatura. Trata-se de realidades sobrenaturais. O reinado de Maria Santíssima sobre o Brasil não é alegórico ou simbólico: é real. Nossa consagração também não deverá ser um ato feito só para estimular as multidões e dar expansão, por meio de gracioso símbolo, a nosso afeto. Será um ato de caráter sobrenatural que, se Deus quiser, se realizará em todas as suas consequências. Consagrado o Brasil a Nossa Senhora, pertenceremos mais a Ela, e com nossa doação repararemos de modo mais conveniente todos os ultrajes que a Ela ou a seu Divino Filho temos feito. E, ao mesmo tempo, Ela será mais nossa. Aceito nosso dom, sua assistência e sua proteção sobre nós serão ainda mais contínuas, mais vigilantes, mais misericordiosas.
Como se vê, não pode haver causa mais digna de ser apoiada com entusiasmo pelos fiéis do Brasil inteiro.
(Extraído da Revista “Ave Maria”, nº 31,julho de 1943)