Plinio e Rosée trajados de espanhóis, em março de 1919.

“Em meu tempo de pequeno — afirmou Dr. Plinio certa vez —, o carnaval em São Paulo tinha um grande arraigo no espírito da população. Eram três dias que marcavam o ano, com verdadeiras exibições de maravilhoso, em que simpáticas negras de ébano não tinham a menor dúvida em se apresentarem vestidas de Madame de Pompadour, com saias rodadas e fazendo gestos bonitos… Outros ostentavam títulos pomposos, como Príncipe da Noite, e iam para um famoso baile no Teatro Municipal, trajando fantasias cujo intuito era mostrar a beleza.”

Dona Lucilia aproveitava-se das diversões por ela organizadas por ocasião do carnaval para despertar em seus filhos o senso do belo, do maravilhoso, e a aspiração para a nobreza e a distinção.

Tal desvelo maternal não diminuiu em Dona Lucilia mesmo quando a meninice foi abandonando Rosée e Plinio. Apenas mudou de tonus, e nalguns aspectos mais se intensificou.

Estando as tragédias e desilusões da vida cada vez mais presentes aos olhos dos jovenzinhos, não lhes cabia mais algo que não correspondesse à realidade, como eram as fantasias.

Todavia, estando a família em Águas da Prata, em março de 1919, na época do carnaval, houve uma festa no hotel em que se hospedavam, e se tornava um tanto pesado e desgracioso, ante parentes e conhecidos, não participarem da alegria geral. Dona Lucilia, então, habilidosamente, improvisou para seus filhos trajes típicos espanhóis; seria a última vez que Plinio vestiria uma fantasia.