Assim intitulou, Santo Afonso Maria de Ligório, uma de suas mais famosas obras, muito apreciada por Dr. Plinio, que a considerava um meio esplêndido para se cultivar a devoção a Nossa Senhora1. Santo Afonso não achou melhor qualificação do que “glória” para, testemunhando seu ardente amor à Santíssima Virgem, tratar dos atributos e qualidades da Santa Mãe de Deus.

Poucas palavras se prestam a um emprego tão amplo e diversificado quanto “glória”. Pode-se falar da glória de uma era histórica, de uma cidade, de um teatro etc. Versailles, por exemplo, teve seus dias de glória sob Luís XIV e Luís XV. Existe desde o dia de glória de um mendigo o qual, encontrando uma bolsa repleta de dinheiro, devolve-a a seu dono e por isso vê-se alvo do aplauso geral, como a glória infinita de Deus, fora de qualquer classificação e de comparação com as glórias terrenas.

Restrinjamos nossa consideração à glória das criaturas. Entre as glórias humanas há uma gradação incomensurável. Que valor têm as gloríolas de uma arena esportiva ou dos diversos meios midiáticos em comparação com a glória dos campos de batalha, ou com a dos patíbulos nos quais os mártires entregaram a vida pela Fé em Cristo? Pobres miçangas de vidrilhos, aquelas, diante destes colares feitos dos mais valiosos rubis, safiras e diamantes.

A questão da glória sempre esteve presente nas reflexões de Dr. Plinio. Na sua coluna “Ambientes, Costumes, Civilizações”2, por exemplo, ela é analisada sob múltiplos aspectos: fala da glória modesta de um soldado inglês cuja existência transcorreu numa luta cheia de riscos e no serviço da pátria; na glória da mulher, que consiste “em ser casta, forte e nobremente feminina” (fevereiro, 1958); a da plebe católica; a da velhice; a do castelo de Chenonceaux. Certa vez lembra os dizeres de São Bernardo, de que a glória “é como uma sombra: se corremos atrás dela, foge-nos; e se dela fugimos, corre-nos atrás” (maio, 1953).

Ao voltar-se para aquele que é, certamente, seu tema predileto — Nossa Senhora —, é muitas vezes pelo prisma da glória que Dr. Plinio o focaliza.

No presente número de nossa revista, ao tratar do Rosário, ele medita outra vez sobre as glórias mariais. Excetuando a humanidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Homem-Deus, e por isso fora de toda comparação, não há criatura mais plena de glória do que a Santíssima Virgem. Ora, diz-nos Dr. Plinio, nós também temos de fazer nossa parte para dar mais glória à Mãe de Deus: vivendo virtuosamente, como é a vontade d’Ela, e querendo vê-La glorificada por todos os homens, em toda a face da Terra.

1) Conferência de 21/10/1991.

2) Publicada no mensário Catolicismo, especialmente na década de 1950.