A 3 de outubro de 1995, por volta das seis e meia da tarde, Dr. Plinio exalava seu último suspiro, entregando sua alma a Deus.
Na mão direita segurava uma relíquia do Santo Lenho e a vela benta pelo Papa, a qual permaneceu acesa durante a agonia. A mão esquerda empunhava o Rosário.
Amor à Cruz, devoção a Nossa Senhora e fidelidade ao Papado caracterizaram, sem dúvida, a vida e a espiritualidade de Dr. Plinio.
Dizia ele em janeiro de 1976: “Quero que a vela com a qual eu morra seja um círio abençoado pelo Vigário de Cristo. Assim estarei unido à Cátedra de Roma até quando me encontrar entre a vida e a morte, e o meu intelecto não puder articular mais nenhum pensamento. Por minha recomendação, minha mão vai ser agarrada a essa vela que representa tudo aquilo que eu amo na Terra.”1
Sua acendrada devoção ao Rosário, considerado por ele como elemento indispensável de sua ligação com a Rainha do Céu, levara-o a afirmar:
“Quando nossas mãos não puderem mais se abrir nem fechar, e forem unidas por outros para nossa última atitude de oração, que o Rosário esteja entre elas. De maneira que, ao chegar a Ressurreição dos mortos e nossos corpos retomarem vida, de nossos dedos vivificados penda o Santo Rosário. Eu quisera que, ao ressurgir, o meu primeiro ósculo fosse ao Rosário que se encontrasse em minhas mãos.
“Nunca ouvi dizer que se desse um conselho ou se fizesse uma combinação para depois da Ressurreição. Entretanto, fica dado um conselho e proposta uma combinação: quando todos ressuscitarmos, lembremo-nos, entre os resplendores da Ressurreição: ‘É verdade, estava combinado!’ e osculemos o Santo Rosário. Assim, de Rosário na mão, ressuscitará esta obra de Nossa Senhora!”2
As páginas de nossa Revista puderam testemunhar, ao longo de seus 15 anos de existência, inúmeras provas do entranhado amor deste varão católico à Santa Cruz do Redentor. Ainda no presente número nos é dado comprová-lo por estas palavras:
“Se é preciso que eu sofra, aqui estou, como vítima à maneira do Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo. Christianus alter Christus: o cristão é um outro Jesus Cristo. Se é meu dever unir meus padecimentos aos sofrimentos divinos d’Ele, eu aceito! Eu me ofereço como vítima…”3
Os frutos deste holocausto, aceito pela Providência qual oblação de agradável aroma, renovam-se a cada dia na Igreja e na sociedade por meio de tantos discípulos, filhos espirituais e admiradores deste insigne varão de Deus.
Talis vita, finis ita4. Estes três amores de Dr. Plinio — à Cruz, a Maria e ao Papado —, manifestações e desdobramentos de um único e apaixonado amor a Deus e à sua Igreja, seguiram-no passo a passo ao longo dos quase 87 anos de sua peregrinação terrena, acompanharam-no em seu leito de dor e com ele transpuseram os umbrais da eternidade.
Momento grandioso que deixa para trás tudo quanto é terreno: a Fé transforma-se em visão, a Esperança em posse, só o Amor permanece, pois a Caridade jamais acabará5.
1) Conferência de 13/1/1976.
2) Conferência de 10/3/1984.
3) Seção “Eco fidelíssimo da Igreja”, p. 13.
4) Do latim: Tal vida, tal morte.
5) 1Cor 13, 8.
Livraria Editrice Vaticana publica biografia de Dona Lucilia
A consideração da vida de Dona Lucilia Ribeiro dos Santos Corrêa de Oliveira, mãe de Dr. Plinio, tem sido de grande proveito espiritual para todas as almas que tomam contato com sua bondade exímia e envolvente.
No maravilhoso caleidoscópio dos bem-aventurados, inúmeras são as vias da Providência para as almas. Pessoas há cujas virtudes são reconhecidas e aclamadas em vida, recebendo elas veneração geral. Outras, porém, trilham o caminho do apagamento nesta Terra, sendo pouco compreendidas até pelos mais próximos. É o que aconteceu com Dona Lucilia, cuja benéfica ação sobre um grande número de almas começou apenas depois de sua morte.
Com a finalidade de divulgar a vida desta dama de qualidades incomuns, a Livraria Editrice Vaticana publicou, em quatro línguas — português, italiano, inglês e espanhol —, a biografia escrita por Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias, EP.
Profusamente ilustrados por fotografias que refletem a fisionomia transbordante de doçura e de benquerença incondicional de Dona Lucilia, os inúmeros fatos narrados nas 670 páginas do volume revelam como é possível executar as tarefas cotidianas com elevação de alma, reportando tudo ao sobrenatural e a Deus Nosso Senhor. Como diz São João da Cruz, no final da vida seremos julgados segundo o amor a Deus, e não de acordo com a exterioridade de nossas obras.
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