Padre Damião, considerando a existência de pessoas imersas num infortúnio profundo, com a doença horrível da lepra, sentiu tanta compaixão e um tal desejo de ajudá-las a carregar essa infelicidade tremenda, que teve um movimento interno de alma de ir à Ilha Molokai, onde havia um imenso leprosário, para cuidar dos leprosos.
Certo dia, pregando um retiro para eles, disse-lhes: “Meus filhos, eu queria vos dizer que hoje, mais do que nunca, sou dos vossos, porque comecei a sentir em mim os primeiros sintomas da lepra.”
Morreu leproso, contente por ter ajudado aqueles coitados a suportar com alegria e resignação a doença da qual acabou contagiado, dando por bem empregado seus sofrimentos.
Foi a graça de Deus que deu a ele uma especial sensibilidade e clareza de vistas para perceber os padecimentos daquela gente e o quanto ele era dotado de recursos pessoais, de graça, de bondade, de consolação para atenuá-los. Então, por amor a Deus, decidiu renunciar a todas as alegrias desta vida para imergir naquele oceano de dor.
É uma vocação. Esta graça especial bateu em sua alma, como quem bate numa porta, e perguntou: “Meu filho, queres fazer esse sacrifício? Queres ir para o meio dos leprosos? Queres correr o risco de ficar leproso, para fazer o bem àqueles infelizes?”
Ele respondeu: “Sim!”
Nessa hora começou um caminho. Ele disse “sim” para a vocação e a realizou.
(Extraído de conferência de 24/8/1991)