jueves, noviembre 14, 2024

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A verdadeira bomba atômica

No tempo em que o Direito Internacional, com suas regras límpidas e geralmente aceitas, inspiradas na Lei Natural e na Doutrina da Igreja, estava profundamente alicerçado na consciência dos povos, a força não era o valor supremo da vida internacional. Havia à luz do Sol lugar decoroso e seguro para nações pequenas e grandes.

Porém, com o declínio da influência católica no Ocidente, a moral se foi relaxando, não só no campo da vida doméstica, como também no dos costumes públicos, e o Direito Internacional foi sendo rapidamente amolgado, deturpado e, por fim, devorado pelo imperialismo.

A consequência extrema desta evolução, temo-la diante dos olhos: o mundo dividido em dois blocos, dois imperialismos, e caminhando de uma guerra para outra.

O progresso da Ciência aumenta as possibilidades de ação do homem. Quanto melhor ele for, tanto maior será sua capacidade de ação para o bem, se a Ciência lhe der uma larga margem de domínio sobre as forças da natureza. O reverso da medalha também é verdadeiro. Quanto pior o homem, tanto maior será sua capacidade para o mal, desde que a sua maldade possa servir-se de meios naturais poderosos.

Ora, ao mesmo tempo em que a descristianização se acentuava no Ocidente, o domínio do homem sobre a matéria se ia tornando mais completo. Assim, sua capacidade de destruição cresceu. Em nossos dias, o máximo da degradação moral veio a coincidir com o máximo da capacidade de destruição.

Quem se pode surpreender, pois, com o fato de que o mundo esteja coberto de ruínas e ameaçado de destruições sempre maiores? A mesma geração que consumou a ruína da moral internacional inventou a bomba atômica. Daí o que pode resultar?

Têm-se aventado vários meios para conjurar a catástrofe: processos científicos que permitam circunscrever os efeitos da desagregação atômica, subterrâneos salvadores, etc… Quem não percebe como tudo isso é incerto? Quem pode asseverar que haja realmente um meio de defesa eficaz contra a bomba, susceptível de ser descoberto pelos cientistas? Quem pode garantir que os cientistas ainda não inventarão outros meios de destruição mais poderosos?

Posta a questão neste terreno, onde está a solução? Ninguém a entrevê, e daí este desespero, esta depressão que paira no ambiente em que vivemos.

A questão está colocada em termos errados. O mal não está na bomba atômica, está no homem. A verdadeira bomba atômica que está destruindo o mundo contemporâneo não é física, é moral. É a impiedade.

Se, atendendo aos apelos de Fátima, a humanidade novamente voltar a Nosso Senhor Jesus Cristo; se novamente se restaurar o Direito Internacional sobre a única base que ele pode ter, a Rocha de Pedro, o que há de temer da bomba atômica?

Mas enquanto os homens não voltarem à Igreja e continuarem a rolar pelo despenhadeiro da impiedade e da corrupção, que remédio pode haver para seus problemas?

Estes são os termos verdadeiros da questão. E é porque ninguém os quer ver assim que a incógnita continua insolúvel.*

* Cf. CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. A semana em revista. Em: Santos Jornal, 10/10/1949.

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