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Um brado de alarme ecoando há oito décadas

Desde os primórdios de sua atuação no Movimento Católico, tornou-se patente para Dr. Plinio a necessidade de, em determinado momento, empreender uma verdadeira Cruzada em defesa da Santa Igreja, como atestam suas proféticas palavras em missiva dirigida a um correligionário, em 1929:

“Cada vez mais se acentua em mim a impressão de que estamos no vestíbulo de uma época cheia de sofrimentos e lutas. Por toda parte o sofrimento da Igreja se torna mais intenso e a luta se aproxima mais. Tenho a impressão de que as nuvens do horizonte político estão baixando. Não tarda a tempestade, que deverá ter uma guerra mundial como simples prefácio.

Mas esta guerra espalhará pelo mundo inteiro uma tal confusão, que revoluções surgirão em todos os ­cantos, e a putrefação do triste século XX atingirá seu auge. Aí, então, surgirão as forças do mal que, como os vermes, somente aparecem nos momentos em que a putrefação culmina. Todo o bas-fond1 da sociedade subirá à tona, e a Igreja será perseguida por toda parte. Mas… ‘Tu es Petrus, et super hanc petram ædificabo Ecclesiam meam, ET PORTAS INFERI NON PREVALEBUNT ADVERSUS EAM’2. Como consequência, ou teremos un nouveau Moyen Âge3 ou teremos o fim do mundo.

Eis a nossa principal tarefa: prepararmo-nos para a luta, e preparar a Igreja, como o marinheiro que prepara o navio antes da tempestade.”

Não tardou para que seu profetismo fosse confirmado pelos acontecimentos. Antes mesmo de eclodir a Segunda Guerra Mundial, em 1939, já começavam a se difundir pela Europa e a chegar ao Brasil os miasmas de uma crise religiosa que tomaria proporções avassaladoras.

Como Dr. Plinio denunciaria mais tarde, a corrente inovadora, cujas ideias traziam incubados os germes de heresia, não pairava nas nuvens como uma ideologia sutil e impalpável. Havia chefes que a introduziram no Brasil, tinha uma ideologia muito precisa e encontrava na Ação Católica um instrumento de difusão de primeira ordem. Era, portanto, uma verdadeira organização destinada a fazer com que esta imensa nação de maioria católica fosse trabalhada em suas vísceras por uma grande força de desagregação religiosa e moral que agia em nome da própria Igreja4.

Tornava-se, assim – como afirmou Dr. Plinio – “absolutamente necessário abrir os olhos de muitos incautos para a campanha sábia, gradual, artificiosa, empreendida de norte a sul do país para a disseminação de doutrinas errôneas. Era preciso que um brado de alarme se erguesse e que se operasse o esforço convergente de quantos discerniram o mal para o revelar de vez. Grito de alarme, toque de reunir, eis o livro Em Defesa da Ação Católica.”5

Há precisamente oitenta anos, no dia 25 de março de 1943, Festa da Anunciação, o então Núncio Apostólico no Brasil D. Benedetto Aloisi Masella concedia a essa obra o prefácio que permitiria a Dr. Plinio lançar seu brado profético cujos ecos se fazem ouvir, mais eloquentes e atuais do que nunca, até nossos dias.

Ao atingirmos o 300º número da Revista Dr. Plinio, dedicamos esta edição à história de tão bela epopeia, narrada pelo próprio Autor do Em Defesa da Ação Católica6.

1) Do francês: Escória da sociedade, ralé.

2) Do latim: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18).

3) Do francês: uma nova Idade Média.

4) Cf. Relatório a um sacerdote de Roma, em 30/4/1948.

5) Cf. O Legionário n. 595, 1/1/1944.

6) Cf. Conferências de julho de 1954, 8/6/1968, 16/6/1973, 17/3/1979, 20/10/1979, 26/3/1983 e 2/7/1988.

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