sábado, septiembre 21, 2024

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Certeza tranquila e sobrenatural no triunfo

A Ressurreição representa o triunfo eterno e definitivo de Nosso Senhor Jesus Cristo, o desbarato completo dos seus adversários e o argumento máximo de nossa Fé. Disse São Paulo que, se Cristo não tivesse ressuscitado, vã seria nossa Fé (cf. 1Cor 15, 14). É, pois, no fato sobrenatural da Ressurreição que se funda todo o edifício de nossa Religião.

Cristo, Senhor nosso, não foi ressuscitado, ressuscitou. Não precisou que ninguém O chamasse à vida. Retomou-a quando quis.

Quem, tendo assistido à Crucifixão do Divino Redentor, contemplasse sua gloriosa elevação aos Céus, veria que tudo quanto n’Ele fora vergonha aos olhos dos homens passou a ser glória. Poder-se-ia compreender, assim, o significado mais profundo dos terríveis episódios da Paixão e a grandeza, a superioridade infinita d’Aquele que baixara até o fundo daquelas humilhações, e em cujas palavras pronunciadas pouco antes de sua Ascensão, prometia para breve o envio do Espírito Santo (cf. At 1, 8).

Tudo quanto se refere a Nosso Senhor Jesus Cristo tem sua aplicação analógica à Santa Igreja Católica. Vemos frequentemente, na História da Igreja, que quando ela dava a impressão de estar irremediavelmente perdida e todos os sintomas de uma próxima catástrofe pareciam minar seu organismo, sobrevieram fatos que a mantiveram viva contra toda a expectativa de seus adversários.

Fato curioso: às vezes, não são os amigos da Santa Igreja que vêm em seu socorro, mas seus próprios inimigos. Por exemplo, quando na época de Napoleão as tropas cismáticas da Rússia, onde a prática da Religião Católica era tolhida de mil maneiras, asseguraram a livre eleição de um soberano Pontífice, na Itália, precisamente no momento em que a vacância da Sé de Pedro teria acarretado para a Igreja prejuízos dos quais, humanamente falando, ela talvez não se pudesse ter soerguido jamais. Estes são meios maravilhosos de que a Providência lança mão para demonstrar como Ela tem o supremo governo de todas as coisas.

Entretanto, não pensemos que a Santa Igreja deveu sua salvação a Constantino, Carlos Magno, D. João d’Áustria ou às tropas russas. Ainda mesmo quando ela parece inteiramente abandonada e falta-lhe o concurso dos meios de vitória mais indispensáveis na ordem natural, estejamos certos de que ela não morrerá. Como Nosso Senhor, a Igreja se soerguerá com suas próprias forças que são divinas. E quanto mais humanamente inexplicável for a aparente ressurreição da Igreja, tanto mais gloriosa será a vitória.

Nestes dias turvos e tristonhos, confiemos, pois, não nesta ou naquela potência, não neste ou naquele homem, não nesta ou naquela corrente ideológica, para operar a reintegração de todas as coisas no Reino de Cristo, mas na Providência Divina que obrigará novamente os mares a se abrirem de par em par, moverá montanhas e fará estremecer a terra inteira, se tal for necessário para o cumprimento da divina promessa: “as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18).

Esta certeza tranquila no poder da Igreja, de uma tranquilidade toda feita de espírito sobrenatural e não de qualquer indiferença ou indolência, podemos aprendê-la aos pés de Nossa Senhora. Só Ela conservou íntegra a Fé, quando todas as circunstâncias pareciam ter demonstrado o fracasso total de seu Divino Filho. Descido da Cruz o Corpo de Cristo, vertida pela mão dos algozes, não só a última gota de sangue, mas ainda de água, verificada a morte, não só pelo testemunho dos legionários romanos, como pelo dos próprios fiéis que procederam ao sepultamento, aposta ao túmulo a pedra imensa que lhe devia servir de intransponível fecho, tudo parecia perdido. Mas Maria Santíssima creu e confiou. Sua Fé se conservou tão segura, tão serena, tão normal nesses dias de suprema desolação, como em qualquer outra ocasião de sua vida. Ela sabia que Ele haveria de ressuscitar. Nenhuma dúvida, nem ainda a mais leve, maculou seu espírito.

É aos pés d’Ela, portanto, que haveremos de implorar e obter essa constância na Fé e no espírito de Fé, que deve ser a suprema ambição de nossa vida espiritual. Medianeira de todas as graças, exemplar de todas as virtudes, Nossa Senhora não nos recusará qualquer dom que neste sentido Lhe peçamos.*

* Cf. O Legionário n. 559, 25/4/1943 e conferência de 25/5/1994.

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