domingo, noviembre 24, 2024

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Um Santo aparentemente fracassado

Certas concepções um pouco simplistas dizem que tanto o êxito quanto o fracasso dependem da pessoa que faz o apostolado. Entretanto, é preciso considerar que o sucesso está sujeito também à cooperação daqueles junto aos quais se age. Por isso, até mesmo os Santos podem fracassar quase por inteiro. É o caso de Santo Olavo, Rei da Noruega.

Dia 29 de julho é festa de Santo Olavo II – chamado também de Olavo, o Santo –, Rei da Noruega.

Governou com sabedoria e retidão

Olavo era filho de Haroldo, príncipe do Folde Ocidental da Noruega, e nasceu no último decênio do século X.

A Noruega vivia então sob o jugo ora da Suécia, ora de Dinamarca, países escandinavos de origem comum e cujas casas reinantes disputavam de contínuo o direito de sucessão. Olavo alistou-se no exército de seu país e, por volta de 1017, ele decidiu livrar a pátria do jugo estrangeiro. Particularmente de Canuto, o Grande, da Dinamarca, que pretendia ocupar o trono da Noruega.

Os noruegueses acolheram com entusiasmo os propósitos de Olavo. Insurgidos sob seu comando, elegeram-no rei. Tomando posse de seu reino, Olavo fixou a capital do país em Trondheim e passou a trabalhar esforçadamente na organização geral da nação e na catequese dos súbditos. Uniu-se com os suecos para a difusão do Cristianismo e governou por dezessete anos com sabedoria e retidão.

Enviou, em concerto com os suecos, expedições para submissão e conversão da Groenlândia e Islândia. Como procurasse coibir os desmandos e intrigas de alguns nobres, estes entraram em relações com Canuto e induziram-no a declarar guerra contra Olavo para abatê-lo do trono. O nosso terno rei saiu para o campo de batalha com suas tropas, mas por falta de cooperação do povo, foram desfavoráveis os primeiros combates que travou e veio por fim a perecer heroicamente na batalha de Stiklestad, em 1030. Os noruegueses passaram ao jugo dinamarquês e, mais tarde, arrependidos de haver traído o rei, declararam-no patrono da Noruega.

Em 1098 o corpo de Santo Olavo, que havia sido sepultado num lugar junto a Obara, foi encontrado sem vestígio de corrupção e transferido para a Catedral de Trondheim. O Martirológio Romano inclui Santo Olavo no catálogo dos mártires.

Apesar de protestante, a Noruega conservou a Ordem de Santo Olavo, para encaminhar os negócios de seu país.

Quis as coisas temporais com vistas à glória de Deus

Aqui está uma longa e acidentada existência com as características dos santos fundadores da Idade Média, ou seja, homens da destra de Deus, aos quais Ele faz mercê de uma força especial para realizarem obras de caráter extraordinário.

Santo Olavo tornou-se o defensor da independência nacional, não movido por um patriotismo comum, mas para a glória da Igreja. De modo que, tão logo se libertou de Canuto, o Grande, foi um dos organizadores das bases cristãs da nacionalidade.

Fez todo o possível para que seu país fosse profundamente católico e para isso aliou-se ao Rei da Suécia. Foi, portanto, um desses homens que querem as coisas temporais como meio para a glória de Deus e a vitória dos interesses da Igreja Católica, e não apenas para ocupar um cargo importante e se exibir.

Neste sentido, ele é um fundador, pois fundou, de fato, um reino e fez o quanto lhe cabia para esse reino subsistir.

Billeder af Norges Historie
Morte de Santo Olavo

Uma semente do sacrifício de Santo Olavo

Entretanto, vemos a ingratidão de uma nação. Santo Olavo combateu, mas alguns nobres se opuseram e a massa do povo, como deixa entrever o biógrafo, também se portou com moleza em relação a ele.

Santo Olavo morreu heroicamente na batalha e dir-se-ia que sua obra desapareceu. No entanto, algo ficou. A Noruega conservou certo sentido nacional, de modo a se tornar um país independente quando se libertou da Suécia no século passado. Tendo recobrado a independência, colocou-se sob o signo do Santo. E, apesar de ser uma nação protestante, constituiu a Ordem de Santo Olavo.

Uma fímbria, uma semente do sacrifício dele ficou e isso indica que o sacrifício valeu. Se a Noruega voltar algum dia ao grêmio da Igreja Católica, como nós devemos esperar, as tradições, o exemplo, as orações e o sangue de Santo Olavo devem ter, por certo, uma conexão muito grande com isso.

É de se lamentar a queda da Noruega no regime protestante, sendo uma das nações mais socializadas e corrompidas da Terra, onde o socialismo se desenvolveu num ambiente de aparente ordem e correção, encobrindo a deterioração das forças nacionais.

Compreendemos, assim, como as grandes apostasias e as quedas vêm de longe! O homem providencial posto por Deus ali foi rejeitado, o edifício todo ruiu. Mas algo ficou. Então aqui resta uma esperança da recondução à ordem católica desses povos tão corrompidos.

Concepção acerca do êxito do apostolado

Há uma teoria, em certos círculos de Ação Católica, segundo a qual quando uma pessoa desenvolve seu apostolado com boas técnicas é absolutamente invencível. E quando o apostolado fracassa, a culpa é do apóstolo.

Isso é uma concepção meio fatalista e determinista, com a qual não podemos estar de acordo.

Aqui está um grande rei, que fez todo o necessário para que seu apostolado desse resultado; entretanto, não deu certo, ele fracassou.

Quer dizer, o sucesso do apostolado depende da cooperação daqueles junto aos quais ele se faz. Diz Santo Agostinho: “Qui creavit te sine te, non salvabit te sine te – Quem te criou sem teu concurso não te salvará sem teu concurso.” Os homens negaram o concurso, o apoio do Santo: a coisa ruiu.

Na aparência, é um Santo que fracassou… Aos olhos de Deus, não! E isto é o essencial.

Humanamente falando, até as obras dos Santos podem fracassar quase por inteiro. E esta é uma nota que é preciso introduzir em certas concepções um pouco simplistas a respeito do êxito do apostolado.

(Extraído de conferência de 29/7/1965)

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