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Reino de Cristo ou Leviatã totalitário

“Não queremos que este reine sobre nós!” (Lc 19, 14). “Não temos outro rei a não ser César!” (Jo 19, 15). Eis os termos com os quais os judeus repudiaram a Realeza de nosso Divino Salvador.

Mas não são inimigos da Realeza de Nosso Senhor Jesus Cristo somente os que se confessam contrários a seu plano de Redenção. Fazem coro com essas vozes ímpias e renegadas aqueles católicos que deformam as palavras do Divino Mestre perante Pilatos, quando declarou que seu Reino não é deste mundo (Jo 18, 36), emprestando-lhes sentido restritivo, como se essa realeza fosse exclusivamente espiritual e não uma realeza social sobre os povos, as nações e os governos.

Quando Nosso Senhor diz que seu Reino não é deste mundo é para significar que não provém deste mundo, porque vem do Céu e não pode ser arrebatado por nenhum poder humano. Tal afirmação se prende à origem da Realeza Divina e não significa que Jesus recuse à sua soberania um caráter de reino social. De outro modo, se não passasse da órbita espiritual ou da vida interna das almas, haveria flagrante contradição entre essa declaração de Nosso Senhor e aquela em que Ele diz que “todo poder me foi dado no Céu e na Terra” (Mt 28, 18).

Uma das principais características do espírito revolucionário é a pretensão de realizar a divisão entre a vida religiosa e a vida civil dos povos. Não é a vontade expressa de Deus que prevalece nas leis, como um ditame da reta razão promulgado pelo poder legítimo no sentido do bem comum, mas a expressão da maioria ou da vontade geral todo-soberana.

Ora, antes que a Revolução Francesa implantasse de forma tirânica o artificialismo do “direito novo” revolucionário, todos os países tinham instituições políticas e sociais baseadas nos costumes cristãos e não elaboradas por assembleias eleitas pela burla da soberania do povo. Transferindo o direito de sua fonte natural, que é a vontade de Deus expressa pela lei natural e pela Revelação, das quais a Igreja é guardiã e intérprete infalível, para os sectários que, por golpes políticos, se assenhorearam dos corpos legislativos através da alquimia do sufrágio universal, o liberalismo preparou o mundo moderno para as cadeias que o prendem ao Leviatã totalitário.

O ponto geral de convergência de toda a obra revolucionaria é, portanto, a radical negação do Reino social do Divino Salvador. “Não queremos que este reine sobre nós!” “Não temos outro rei a não ser César!”

Para não desertar de sua Fé, como membro da Igreja Militante, deve o católico lutar pela restauração do Reino de Cristo como única via para a restauração da verdadeira civilização, a cristã.

Se Jesus Cristo é Rei de toda a Criação, temos, em sua Mãe Santíssima, a Rainha dos Céus e da Terra. Diz São Luís Maria Grignion de Montfort que foi pela Santíssima Virgem que Jesus Cristo veio ao mundo, e é também por Ela que no mundo deve reinar.

Na Festa de Cristo Rei, façamos subir até o trono da Mãe de Deus as nossas ardentes súplicas, a fim de que seja apressada para a humanidade sofredora a plena restauração do reinado de seu Divino Filho.*

* Cf. Excertos retirados de Catolicismo n. 22, outubro de 1952.

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