Como diz o Concílio de Trento, está na natureza do homem a dificuldade de se elevar à contemplação das coisas divinas sem o socorro das coisas exteriores. Tal é a razão que levou a Santa Igreja a estabelecer os ritos sagrados. Por eles, a majestade das coisas se torna recomendável e a vista desses símbolos religiosos e piedosos excita o espírito dos fiéis à contemplação dos mais sublimes mistérios.
As cerimônias sagradas, com efeito, representam, em símbolos sensíveis, as realidades invisíveis e exprimem as grandes verdades da Religião em uma linguagem facilmente compreendida por todos.
Os ignorantes, as próprias crianças, apreendem o sentido desses ensinamentos que falam tão vivamente aos sentidos; e os doutos, os contemplativos mais profundos se deliciam em ler nesse livro rico de imagens a explicação dos mais sublimes e inefáveis mistérios.
Sobretudo, além das cerimônias religiosas inspirarem respeito pelas coisas santas, elas trazem em si mesmas grandes tesouros de graças. A Fé nos ensina que não podemos praticar nenhuma obra salutar sem o socorro da graça divina. E Deus fez de cada criatura humana um canal e um instrumento da graça.
Todos os seres que nos cercam, todos os fenômenos que eles apresentam, deveriam por si próprios produzir sobre nós apenas impressões naturais. Graças, porém, à bondade divina, transformam-se em ajudas de Deus para a salvação de seus eleitos e excitam em nós pensamentos e sentimentos sobrenaturais.
Ora, além de comunicar suas graças por intermédio das criaturas, Deus também as comunica, e mais especialmente, por meio das cerimônias sagradas.
Cada ano, no ciclo das solenidades litúrgicas, relembra a Igreja a série de mistérios da Redenção. Assim, durante a Quaresma, a Esposa Mística de Cristo se une pelos jejuns e por outras austeridades a Jesus em sua Paixão. Ela O segue ao Calvário e no mistério de sua Morte. No Tempo Pascal, a Ressurreição do Senhor a enche de alegria.*
* Cf. O Legionário n. 559 de 25/4/1943.