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Revolução e Contra-Revolução no tempo e na eternidade

O primeiro brado de revolução da História foi dado por Lúcifer e repercute até hoje: Non serviam! – “Não servirei!” Era a primeira Revolução, modelo e causa profunda das demais.

Ato contínuo nasceu, gloriosa e luminosa, a Contra-Revolução: São Miguel Arcanjo que, sendo embora um Anjo de menor hierarquia do que Lúcifer, obedeceu a Deus e levantou o estandarte da disciplina, da hierarquia, da obediência contra o lábaro maldito da desobediência, da insolência, da revolta, da negação de Deus. Dois exércitos se formaram nos espaços celestes e, segundo expressão da Sagrada Escritura, prælium magnum factum est in cælo (Ap 12, 7), uma grande guerra travou-se no céu.

A história da Revolução e da Contra-Revolução iniciava-se, assim, antes da criação dos homens. Os anjos revoltosos foram derrotados e lançados ao Inferno, na infelicidade e na desgraça eternas.

Ao longo dos tempos, Deus desenvolve seu plano: cria os homens, a Encarnação do Verbo se passa nas entranhas puríssimas da Virgem Maria, funda-se a Santa Igreja Católica. Mas, tendo havido o pecado original, o Verbo que Se fez carne e habitou entre nós teve de sofrer a Paixão e morrer na Cruz para nos redimir. E todos caminhamos, nos perigos e nas incertezas desta vida, para um futuro esplêndido e luminoso, o Céu, se soubermos ser devotos e fiéis.

Assim, o desfecho histórico de todos os acontecimentos que houve desde a criação dos anjos culmina num ponto fixo: haverá um momento em que Deus decretará o fim do mundo. O anticristo vem, Nosso Senhor Jesus Cristo, com o sopro de sua boca, o elimina. Todos os homens mortos ressuscitam e se realiza o Juízo de Deus, a mais exemplar e magnífica lição de História que se possa imaginar!

A História é, pois, o desenvolvimento do plano divino em relação à salvação da humanidade e se encerra tendo Deus pronunciado a sentença e dado ordem aos demônios para empurrarem para dentro do Inferno todos os que se revoltaram recusando a salvação, e com eles todas as escórias, as matérias fétidas, a sordície, que não devem existir na Terra, enquanto os que se salvaram cantam louvores a Deus pairando sobre todo o universo.

Por toda a eternidade haverá algo à maneira de polêmica: de um lado, os gritos de blasfêmia dos anjos e homens condenados; de outro, os cânticos dos bem-aventurados que, na medida em que queiram, podem retrucar vitoriosamente, enaltecendo as belezas da ordem, da hierarquia, da desigualdade.

Então, é como se toda a História se repetisse e todos os homens assistissem ao histórico da salvação ou perdição de cada alma: como fez, como lutou, como caiu ou não caiu, como se levantou, como morreu e, se foi salva, como aflorou no Céu à maneira de uma estrela de primeira grandeza.

Tudo se desenvolve à semelhança de um cordão histórico magnífico, a que todos os homens assistem de maneira a compreenderem todo o plano de Deus em estabelecer a salvação em favor daqueles que tiveram amor à ordem e à hierarquia; numa palavra: à Contra-Revolução. Enquanto que a perdição e o castigo tremendo ficaram reservados aos que se revoltaram e constituíram a Revolução.

Esse panorama geral explica toda a nossa atuação. Tudo quanto fazemos não é senão trabalhar pela salvação das almas, pela Santa Igreja Católica, pela hierarquia, pela boa ordenação que, de modo adequado, reflete as perfeições de Deus. E tudo quanto é o contrário disto, não é senão a Revolução maldita e igualitária.*

Eis o sentido mais profundo da obra cujo 65º aniversário de publicação comemoramos na presente edição: Revolução e Contra-Revolução.

* Cf. Conferência de 11/8/1995.

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