O desejo do sobrenatural é inerente à alma humana, por isso todos os homens estão sempre à procura do maravilhoso e, no fundo, apetentes de Deus.
Dr. Plinio, com sua habitual clareza, comenta como essa apetência natural a algo que é superior só é realmente saciada dentro da Igreja Católica. De modo inédito demonstra como a sede do maravilhoso constitui a chave de toda a História da humanidade e o caminho para o Reino de Maria.
Existe em todo ser humano inocente um impulso para o maravilhoso, um desejo de maravilhamento diante das coisas.
Como nossa capacidade nativa de conceber coisas maravilhosas e de desejá-las é violenta e magnífica como uma espécie de tufão de ouro, temos um desejo do sobrenatural, do metafisicamente perfeito, do magnífico que o lado elevado de nosso ser deseja com toda a alma.
A partir daí nasce a apetência de algo que a Religião Católica satisfaz completamente.
A alma que tem esse élan ou senso originário bem posto voa para o maravilhoso. Então ela se torna católica fervorosa, quer essa maravilha para a ordem espiritual e para a ordem temporal e em tudo procura o maravilhoso.
Nesse estado, as almas estão prontas para a recusa indignada, prévia e repulsiva de qualquer coisa que possa conduzir ao reino do demônio.
Há no ser humano dois élans: um é para o “sonho” que, quando reto, é uma visão de fé e participa dos melhores aspectos de nossa alma. Outro para a realidade vista luminosamente, porém como ela é concretamente, e que se chama bom senso.
Quando a alma tem esses dois aspectos bem ordenados, sabe resolver superiormente um problema concreto, porque está inspirada no maravilhoso. Mas, de outro lado, quando se põe a ela uma questão relativa ao maravilhoso, ela voa sem ter nostalgia da realidade mais baixa.
O amor de Deus cogente, que pega, segura, agarra, um amor de Deus que invade a alma, não se consegue a não ser quando se realizam essas condições preliminares. E a Revolução pôs o seu punhal nesse ponto.
O senso do maravilhoso é sempre criativo, original e voltado para o futuro. Quem tiver a harmonia desses dois aspectos terá o espírito voltado para a realização mais alta, sendo-lhe próprio querer sempre mais.
Isso é o amor ao Ser, portanto, a Deus, projetado para o futuro. Mas o amor ao mesmo Ser, projetado para o presente, mostra que a sociedade ordenada segundo o Reino de Maria é digna de amor. Ela não é o fim, é uma etapa, que se deve amar como o último degrau da escada na qual queremos subir.
Aqui está propriamente a chave da História. É uma chave essencialmente religiosa. Se esse conjunto está bem posto, a alma humana trabalha bem. Se alguma coisa aqui está errada, tudo vai para o mal. E, sabendo disso, o demônio trabalha para perturbar essa harmonia.
A Igreja é o maravilhoso que nos satisfaz como se fosse o Céu na Terra1.
1) Conferência de 13/5/1988.