O aspecto emocionante do Fuji-Yama é que ele faz surgir a ideia de como seria um cone perfeito. Vê-se nesse cone, sobretudo, o sublime. O fato de ele não existir, mas ser imaginário, insinua um cone de uma beleza como que irreal, que vai diretamente para o maravilhoso. A louçania da inocência vem disso: contemplar o “cone do Fuji-Yama” naquilo que nos rodeia.
Ao contemplar uma fotografia representando o Fuji-Yama, procura-se, quase instintivamente, colocar com a mão a ponta do cone. Mas ninguém faz ali o cone perfeito, que daria toda a beleza à montanha.
Um sublime com clarões paradisíacos
Embora seja uma coisa física, é à maneira de um conhecimento metafísico, sob a forma de negação – não é este cone, nem aquele, nem aquele outro –, que aparece uma ideia de como seria um cone perfeito. E, a meu ver, o aspecto emocionante do Fuji-Yama é esse.
Tenho a impressão de que se vê no cone do Fuji-Yama, sobretudo, o sublime. O fato do cone não existir, mas ser imaginário, insinua um cone de uma beleza como que irreal, que vai diretamente para o maravilhoso. E é claro que, no imaginar o cone maravilhoso, entra por detrás uma nota de sublimidade.
No cone do Fuji-Yama há um sublime com clarões paradisíacos. Cada grau de beleza tem lampejos do grau superior, e o mais tênue dos graus possui um fulgor de sublimidade.
Talvez nem todo o mundo veja o “cone do Fuji-Yama” das coisas. De onde me parece perceber que a louçania da inocência venha disso: ver o “cone do Fuji-Yama” naquilo que nos rodeia.
A Civilização Cristã
É uma alegria ver todas as coisas na sua ordem ideal, achar que foram feitas para essa ordem e perceber que clamam por ela; todo o movimento da natureza no Paraíso seria uma realização do “cone do Fuji-Yama”.
E há nesta Terra uma civilização, não digo incompleta, mas com lacunas, que tende para a realização desse “cone do Fuji-Yama” da natureza: é a Civilização Cristã.
Daí decorre que tudo se apresenta numa ordem magnífica, que seria certo “otimismo” se não fosse o fato de haver pelo meio o inimigo do homem, o demônio e todo o resto.
A Igreja Católica e a doutrina por ela ensinada facilitam a dar o “cone do Fuji-Yama” de tudo, e apresentam o universo, toda a natureza, nessa ordem. Não está dito formalmente, mas é isto.
Daí vem a certeza de que, ou acaba o mundo, ou as coisas têm de caminhar para essa ordem. Porque há um clamor de todas as coisas para isso, e esse clamor ruge e pede a Deus por vingança quando é contrariado.
(Extraído de conferências de 5/9/1974, 5/5/1975 e 10/11/1980)