Desmascarando um antigo sofisma, o qual afirma que a amizade se baseia em trocas de gentilezas e o ódio só é dispensado a quem tem um trato ríspido, Dr. Plinio demonstra como há um ponto central que comanda os amores e os ódios na Terra.
O tema sobre o qual me pediram para tratar não é fácil, mas procurarei torná-lo claro, tanto quanto possível.
Começo por abordar o assunto em seus aspectos comezinhos, para depois subir às suas mais altas elevações. Sobre ele há um erro antigo e contra o qual, na minha juventude, já tive de lutar internamente. Que erro é esse?
Falso princípio sobre a amizade e o ódio
A ideia de amizade e de ódio são antitéticas. Quando se odeia alguém, desse não se é amigo. Quando se é amigo de alguém, a esse não se pode odiar. Portanto, amizade e inimizade ou afeto e ódio são sentimentos opostos, que não podem coexistir sobre um mesmo objeto numa mesma alma.

Qual é a raiz da amizade? Qual é a raiz do ódio?
Espalham-se as seguintes impressões que, à primeira vista, parecem ser verdadeiras: a pessoa tem amizade a outrem quando este a trata bem, de um modo agradável, afável, divertido, atraente. Tem-se também amizade por quem nos trata com dedicação. Aí a pessoa se sente atraída, já não mais pelo agradável do convívio, mas pelo interesse; essa dedicação pode ser objeto ou ponto de partida de alguma utilidade para ela.
Sente-se amizade ainda por outrem quando este nos trata de modo a nos deixar lisonjeados. Alguém manifesta admiração ou simpatia por nós, chega-nos aos ouvidos – coisa rara! – que este fala bem de nós para outros e, de modo involuntário, indiretamente, faz certa propaganda de nós, e isto, nos nossos lábios tem o sabor do néctar dos néctares: “Fala bem de mim, elogia-me! E só ele reconhece que eu tenho tal qualidade!” E dá uma espécie de xodó, como se diz em português.
Por outro lado, há o ódio. Se a pessoa é de uma presença cacete, se procura se impor a mim, tomar meu tempo para conversar sobre temas que não me interessam, se fala mal de mim e faz propaganda contra mim; se no trato comigo contunde o meu amor-próprio, o meu orgulho, fazendo entender ser, saber ou ter mais do que eu, se essa pessoa, enfim, faz o inverso do que eu dizia anteriormente, o resultado é o ódio.
Desmascarando o sofisma
Então, a amizade vem do ser bem tratado e o ódio, do ser maltratado. A confirmação de ser isto assim parece dar-se de um modo indiscutível percorrendo com os olhos a face da Terra e vendo a maior parte das pessoas ter essa reação. Parece, portanto, ser muito lógico e dar o fundo da verdade tudo o que acabo de dizer.
Ora, a verdade não é essa. E enquanto não a compreendermos, não saberemos nada nem sobre o ódio, nem sobre o afeto ou a amizade. Não entenderemos nada também a respeito do que é o amar ou o odiar a Deus.
Porque, se isso é assim, dado o modo pelo qual na aparência – na aparência! – Deus nos trata, não se vê muito como amá-Lo nem como odiá-Lo. Porque a Deus nós não vemos, Ele não impressiona nossos sentidos; os benefícios que Ele nos faz, na maior parte das vezes, são difíceis de avaliar, a não ser pelo raciocínio, e, assim mesmo, não se apalpam.
Ele me criou, é um grande benefício. No total, será um grande benefício se eu não for para o Inferno. Senão, Ele mesmo disse para o que peca mortalmente e se perde: “Melius erat illi si natus non fuisset – Melhor era para ele não ter nascido” (Mc 14, 21). Visto que não sei o que vai acontecer comigo, como vou agradecer o que eu não sei se é um benefício?
Estou dando o raciocínio sofístico, é claro, mas é como isso se apresenta às pessoas.
Eu preciso de companhia, Deus não me aparece. Preciso de uma palavra de apoio, Ele não me dá. Eu O procuro, Ele está como o ar, impalpável. O que vou fazer com Deus? Amizade, não vejo razão. Ódio, também não… Estou alheio a Ele. Por quê? Simplesmente porque Ele parece alheio a mim.
Tudo isso são abominações. Eu detesto com toda a alma o que estou dizendo. Apenas estou expondo o erro antes de tratar do assunto a fundo.
O ódio a quem é contrarrevolucionário
Ora, quando vamos examinar isso, vemos que esse é o modo de considerar o afeto e o ódio dos homens que formam a imensa e execranda família de almas dos superficiais, que analisam tudo apenas na superfície, não refletem, não aprofundam, não têm um nexo lógico naquilo que pensam e, por causa disso, não captam a realidade.
Como eles não têm em vista as razões profundas para querer nem para odiar, seu mecanismo de afeto e de ódio se movimenta na superfície da realidade. E daí esse modo de agir e de reagir diante dos outros, que eu acabo de descrever.
Entretanto, basta colocarmos diante dos superficiais uma pessoa verdadeiramente contrarrevolucionária e verificamos outra atitude: por mais que ela seja amável, delicada, procure agradar e ser gentil, tenha conhecimentos e educação para tornar um convívio ameno, a estrutura de alma do contrarrevolucionário, homem do sim-sim, não-não, que não se contenta com a superfície das coisas, desagrada os superficiais.
O contrarrevolucionário é o homem que de bom grado conversa sobre o Céu Empíreo, pois gosta de pensar em magnificências e esplendores inexistentes na Terra. A sua apetência de verdade, de bem e de beleza, não se limita às realidades terrenas e voa até o Céu. E porque ele tem esse élan, esse ímpeto da alma para o alto, é homem que sabe apontar o precipício; vê, pesa e mede o mal praticado pelos outros e faz entender quanto aquilo está errado. Basta os superficiais notarem isso em alguém, que este pode prodigalizar-lhes os benefícios e as atenções que forem, pode encontrar-se no estado de indigência, de necessidade… eles pisam em cima irremediavelmente.

Chegamos à conclusão de não ser verdade que as pessoas se movem só por causa das gentilezas, das atenções e das provas de amizade, nem é principalmente por isso. Porque há uma categoria de homens que usa de tudo isso com os superficiais e, sem nenhum fundamento, esses os odeiam e não os perdoam. Por quê?
O isolamento dos bons
Cada um de nós, numa medida ou noutra, está nesse caso. Por exemplo, os mais moços que frequentam o colégio. Provavelmente ali procuram ser amáveis e gentis, é uma necessidade até. Perseguidos, caçoados, objetos de inimizade, hostilizados constantemente, é uma reação normal procurar desarmar o ódio por meio de atitudes corteses, que façam sentir à pessoa o infundado, o inexplicável do ódio.
Porém, notam não adiantar nada! Aquele que fosse inteira e efetivamente fiel aos princípios da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, se não tivesse amigos dentro do nosso Movimento, viveria sozinho como o famoso Robinson Crusoé numa ilha, mas sem o Sexta-feira, seu ajudante. Ninguém o convidaria, ninguém o visitaria, ninguém conversaria com ele… Um isolado, um boicotado.
Por quê? Há algo no fundo das almas que faz com que elas, vendo o bem, odeiem.
Isso não é assim só conosco. Em todos os tempos tem sido desse modo, com exceção de poucos séculos, os do Reino de Nosso Senhor Jesus Cristo, na Idade Média, nos quais o ambiente era tal que o bem e a virtude eram procurados e amados e se perseguia o mal. Mas, a partir da eclosão da Revolução, cada vez mais o bem começou a ser perseguido e o mal exaltado, glorificado. Nisso nós estamos.
Sendo assim, há um outro lado que também chama a atenção.
Um mar da amizade e compreensão
Um rapaz novo que vai aderindo de alma ao nosso Movimento, espanta-se com a facilidade em fazer amizades. Qualquer um com quem ele trate mostra-se aberto, afável, conversador. Pode-se sentar à mesa ao lado deste ou daquele, estão de acordo em tudo. Talvez até surja a pergunta: “Que ambiente é este onde vim parar? Parece um sonho que está se realizando! Tenho a impressão de nadar dentro da amizade. Assim como quem nada no mar só encontra água ao seu redor, também neste raro mar de amizade e de compreensão, não importa a quem eu me dirija, falo sem receio, pois sei que ele não vai caçoar nem rir nem trair; sei poder confiar em todos.”
Aí fora, se está no oceano quente e malcheiroso da hostilidade, aqui, no mar fresco e perfumado da amizade.

Por essa razão, o jovem não compreende ausentar-se de nossos ambientes. Tem, inclusive, a sensação de um enredo que está prosseguindo e não o pode perder. De maneira que quando passa dias fora, a primeira medida ao voltar é informar-se, porque está sempre acontecendo alguma coisa que move outra, habitualmente há algo para contar, para saber, para dizer, há uma vida, uma vitalidade que eu tenho certeza de não existir fora, é completamente diferente. Isso por quê?
O ponto central
Porque, aqui dentro, olhamo-nos num determinado ponto com afinidade. Essa afinidade toma tanto a alma, que, uma vez percebida de parte a parte, as razões de desacordo desaparecem, tudo é fácil. Pelo contrário, com os de fora notamos nesse mesmo ponto um desacordo, como eles o percebem também. O resultado é que a afinidade se torna impossível.
Em última análise, é porque há no homem um ponto central, uma espécie de síntese de todas as virtudes, assim como há um ponto central, que é como uma síntese dos defeitos. E quando o revolucionário nota em alguém um elemento dessa síntese de virtudes, odeia. Quando, pelo contrário, duas virtudes se encontram, há uma mútua estima.
Há, portanto, uma razão que comanda os amores e os ódios na Terra, muito mais profunda do que o “agrada-agrada”. Entre os sócios do clube nefando da indiferença, aquele que enche a Terra, isso pesa um pouco, porque entre si são cúmplices e vão bem uns com os outros no fundamental. Eles até se perdoam, brigam e depois fazem as pazes, se aconchavam e formam extraordinariamente um só corpo contra os católicos, desde que estes apareçam em cena.
E então chegamos à conclusão de que esse ponto interno da alma por onde nós, no que há de mais fundo, amamos a síntese de tudo quanto é bom, verdadeiro e belo, é algo que, sendo assim, faz-nos amar a Deus.
Muitas pessoas pensam: “Se Nosso Senhor Jesus Cristo me aparecesse, me converteria.”
Eu digo: “Coitado! Leia o Evangelho e depois venha conversar. Como isso é errado! Se Nosso Senhor Jesus Cristo lhe aparecesse, você talvez O matasse.”
A atratividade do Homem-Deus
De fato, o caso mais protuberante da História – nunca houve ou haverá igual – se deu com Nosso Senhor Jesus Cristo.
Ele reunia em Si, num grau inexcogitável e inimaginável todas as perfeições que cabe à natureza humana ter. Deus nunca criou um homem com tal plenitude. E muito mais: Nosso Senhor Jesus Cristo – o proclamamos no Credo – é verdadeiro Deus e verdadeiro Homem em virtude da união hipostática das duas naturezas na Segunda Pessoa da Santíssima Trindade.
Sendo Deus, Ele não é simplesmente perfeito, é a Perfeição. Ele não é santo, é a Santidade. Ele não é bom, é a Bondade. Ele não é justo, é a Justiça. Nós podemos ser bons, justos… Ele não. Ele é, essencialmente, cada virtude.
Nosso Senhor Jesus Cristo tinha tudo, tudo, tudo que pudesse atrair num homem. A sua face divina e todo o seu corpo representavam perfeitamente a santidade existente n’Ele pela união hipostática da natureza humana com a divina. Era impossível conhecê-Lo sem ficar cheio de admiração; bastava ter um pouco de virtude e de retidão de alma para ser atraído como por um imã potentíssimo pela perfeição absoluta d’Ele.
Além dessa presença inefavelmente santa, os homens podiam conhecer, na vida terrena de Nosso Senhor, a perfeição de tudo quanto Ele dizia. Comprovamo-lo no Evangelho: não há uma letra, uma palavra que não seja uma magnificência. Basta analisar um pouco para notar.

Podemos imaginar o timbre de voz com que Ele falava. Devia ser uma voz maravilhosa, com inflexões incalculáveis de gravidade, de esplendor, de leveza, de gentileza, de atração, de terror, de majestade, e tudo quanto Ele dizia era acentuado pela melodia da voz, deixando as pessoas extasiadas.
Consideremos também o que ele fazia: só ações admiráveis. A menor delas, por exemplo, tomar um copo d’água, não era como o comum dos homens o faz… nós quereríamos nos tornar água para passar o tempo inteiro nas mãos d’Ele!
Como O amaram tão pouco?
Pois bem, o que aconteceu?
Uma minoria de homens O amou deveras. Um conjunto maior, uma periferia mais ampla do que essa minoria simpatizou com Ele. Uma maioria numa roda mais ampla ainda foi indiferente a Ele, e de uma indiferença meio carregada de antipatia. Depois, outra roda de antipatia fácil de se transformar em ódio. E, por último, a categoria sinistra dos filhos de Satanás. Os que tinham antipatia e os indiferentes já eram filhos de Satanás, mas a paternidade do demônio era mais patente nos que O odiavam, e alguns chegaram à conclusão de ser preciso matá-Lo.
O Evangelho narra terem os fariseus definitivamente decidido matá-Lo por ocasião da ressurreição de Lázaro. Quando Ele fez o mais estupendo dos milagres, tramaram a sua morte. Na hora em que Ele dava a vida, concluem ser preciso tirar-Lhe a vida.
Como pode Nosso Senhor ser amado de um modo tão mesquinho a ponto de os que mais O amaram, terem o procedimento lamentável do Horto das Oliveiras?
E como puderam, os que O amaram menos ainda, deixar a Paixão transcorrer, de maneira que de todas as pessoas que O viram passar – num sofrimento incalculável! – apenas uma teve a coragem de ir auxiliá-Lo? Foi Verônica e mais ninguém!
Simão de Cirene, que a narração evangélica menciona no caminho de Nosso Senhor, entra apenas porque foi obrigado. Parece que depois se converteu, mas ele não queria ajudar a carregar a Cruz; era um egoísta cuidando de sua vidinha, a quem Nosso Senhor, por uma misericórdia sem nome, chamou. Ora, como os homens puderam amá-Lo tão pouco? Até lá vai a dureza humana diante da bondade de Deus…
O elemento determinante da vida de um homem
A partir disso compreendemos bem o primeiro mandamento: amar ao próximo como a si mesmo, por amor a Deus. Quando todos amamos a Deus, o amor entre nós é simplicíssimo; como de uma fonte, ele jorra aos borbotões. Se falta esse amor ao próximo entre os bons, é porque está faltando amor de Deus.
Um exemplo. Entre nós há ótimos, há bons, há medianos. Se prestarmos atenção, comprovamos o seguinte: quanto mais o indivíduo é bom, tanto mais ele é amigo de todos e tanto mais é impossível arrastá-lo para uma briga. Mas, posto diante de adversários arrogantes da Igreja, da Religião, ele se empina!

Em sentido oposto, quanto mais o indivíduo é tíbio, tanto mais ele é briguento. Ele fica sentido e discute por qualquer coisa, tem opiniões discordantes, não é amigo de ninguém e se queixa porque ninguém é amigo dele. Está faltando amor de Deus, elemento determinante de toda verdadeira amizade, e por isso todo o resto falta. Como resultado, ele se torna um foco de discórdia, de mal-estar, de egoísmo.
O homem se mede segundo a orientação desse ponto central em sua alma. Não estando orientado para Deus, ele só pode estar orientado para o demônio. Não há por onde escapar. No primeiro caso, ele produz toda espécie de frutos louváveis e bons; no segundo, ele pode na aparência realizar muitas obras boas, mas não passam de veneno.
Execrar o pecado, mas amar a possibilidade de bem
Algum objetante dirá: “Dr. Plinio está pregando o desamor aos pecadores. Porque ele está dando a entender que os bons devem amar-se entre si, e se amam. Ele tem razão. Mas, onde está a paciência para com o pobre pecador que ele deveria aturar e para o qual ele deveria ser bom? De acordo com as palavras de Dr. Plinio, o mundo está dividido em dois circuitos hostis: um é o dos bons, que se amam entre si e odeiam os maus; outro é o dos maus, que amam a si mesmos e odeiam os bons. E nessa história não há quem faça o papel do bom pastor que vai atrás da ovelha, do pescador de almas que procura o pecador. Isso está ausente da ideia do Dr. Plinio.”
Essa argumentação é falsa, porque, na realidade, em face do pecador, devemos ver o pecado e qualificá-lo com toda a severidade, para nosso próprio juízo, e nas nossas conversas sobre esse indivíduo deixar isso claro. Ele transgrediu a Lei de Deus ou da Igreja em tal ponto, então o qualifico desta maneira.
No entanto, sei pela Fé e vejo que há ainda alguma coisa nele por onde pode vir a tornar-se bom e até ótimo. E, em atenção a isso, eu o amo. Mas, o que é esse amar? É amar nele uma possibilidade de bem enquanto ela exista. Se ela se extinguir, morreu em mim o amor por ele.
Quando essa possibilidade se extingue? Com a morte do indivíduo. Todo homem enquanto está na Terra tem uma possibilidade mais ou menos próxima ou mais ou menos remota de se converter.
Não é verdade – é uma regra muito complexa – que seja provável que a totalidade dos pecadores morra arrependida. Mas sim um certo número de pecadores. Quantos? Não o sabemos. O fato de eles poderem vir a ser de outro modo nos move a amá-los, enquanto um esboço de algo que poderá ser bom. Não como são agora, mas um projeto deles mesmos, existente neles como uma semente numa terra má. Em certo momento podem melhorar as condições da terra e a semente começará a germinar.
Em atenção a isso, pode haver paciência, tolerância, embora muitas vezes, a pessoa esteja tão, tão endurecida, que temos a impressão de poder assegurar que ela não vai se arrepender. Porém, apesar das aparências contrárias, a Fé nos ensina existir a possibilidade de arrependimento.
E por causa dessa possibilidade, somos bondosos e amáveis, ou somos enérgicos e dizemos as verdades. Porque, pensar que fazer bem a uma alma é apenas deixá-la alegre, é mais ou menos tão estúpido quanto pensar ser bom médico apenas aquele cujo tratamento causa agrado ao corpo, que só dá pastilhas agradáveis, comprimidos deliciosos ou remédios que deixem a pessoa bem à vontade, sem nada de desagradável. Isso é um charlatão de feira de diversões.
Assim também nosso trato com os outros deve muitas vezes ser como quem repreende, increpa e diz as verdades com severidade.
Na hora certa, a palavra certa
Há um feeling, um certo sentido pelo qual o homem percebe a hora de dizer a verdade dura e a hora de praticar o ato bondoso. E nisto ele acerta sempre, desde que, no seu trato com os pecadores, não se deixe dominar por considerações de amor-próprio, de birra ou vingança pessoal; mas seja desinteressado, despretensioso e deixe todo orgulho e arrogância de lado. Se ele fizer isso, terá tato suficiente para assentar o relho ou ter as palavras de mel no momento certo.

Em síntese, quando tratarmos com o pecador, cuidemos de mover-nos tomados pelo zelo e pelo amor a Deus ou pelo horror ao pecado cometido, que é uma outra forma de amor a Deus.
A divisa dos carmelitas diz: “Zelo zelatus sum pro Domino Deo exercituum – Eu me tomei de um zelo ardente – zelo zelatus – de um zelo zeloso, um zelo zelosíssimo, pelo Senhor Deus dos exércitos!”
A Escritura diz: “Quem poupa a vara odeia seu filho; quem o ama, castiga-o na hora precisa” (Pr 13, 24). O amigo que poupa a palavra severa ao seu amigo, o odeia, não é verdadeiro amigo. Assim também o bom católico, tratando com um outro bom católico ou com um pecador.
(Extraído de conferência de 15/2/1986)