sábado, noviembre 23, 2024

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O apostolado e a dor

Quando alguém se lança nas lides do apostolado, com frequência é tendente a achar que a posse de predicados pessoais, bom conhecimento doutrinário e modernos métodos pedagógicos são os principais fatores de êxito. Nessa avaliação entra, sem dúvida, a influência do utilitarismo moderno, o qual dificilmente é capaz de considerar o fundamental papel dos fatores sobrenaturais.

Como compreender, pois, que o apostolado, para dar frutos duradouros, deve ser regado com o sofrimento? Talvez seja essa uma das grandes perplexidades na vida de um apóstolo: aceitação entusiasmada da dor. É o que nos explica Dr. Plinio a seguir:

“Um dos sentimentos mais profundos para o homem é o sofrimento causado pelo fato de ser rejeitado por aqueles que são seus.

“A tal ponto que São João, no início de seu Evangelho, se refere a um grande sofrimento de Nosso Senhor, quando diz que Ele veio para os que eram Seus, mas os Seus não O receberam (cf. Jo 1, 11). Este foi um traço dominante da vida do Redentor, um sofrimento muito grande para Ele.

“Em numerosos episódios da vida de Nosso Senhor, percebemos a dor que Ele teve por causa daqueles que não O acolheram. Por outro lado, notamos Sua alegria e até Sua gratidão em relação àqueles que O receberam e foram bons para com Ele.

“Este é um sofrimento que um apóstolo de alma bem constituída deve ter. Assim, para aqueles que junto conosco são os iniciadores de uma obra grandiosa e participam dessa fundação, é natural que tenham um sofrimento proporcionado até quando essa obra deva viver.

“Nada revela tanta integridade de alma, sinceridade de todos os seus propósitos e eficiência em seu gênero próprio, quanto a pessoa que sofre e aceita sofrer por causa dos outros. Barreiras enormes se abatem, preconceitos tremendos caem, dificuldades fabulosas se resolvem, quando uma determinada alma resolve ser consequente e aceitar todo o sofrimento que Nosso Senhor lhe mandar.

“Eu simplesmente não tenho palavras para exprimir a veneração, o respeito, a gratidão emocionada, o sentimento de culpa e de vergonha que tenho, diante de uma alma que realmente seja capaz de levar isso até o fim. Explico porque ‘de culpa e de vergonha’: sempre tenho a impressão — não possuo elementos que a justifiquem — de que na raiz do êxito admirável de nossa obra existem almas que sofreram e já morreram, ou talvez ainda estejam vivas e sofrem.

“Se eu tivesse a felicidade de conhecer uma alma assim, é fora de dúvida que eu me ajoelharia e lhe oscularia os pés.”

(Extraído de conferência de 30/7/1967)

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