domingo, noviembre 24, 2024

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Março de 1935 – Professor catedrático de História

Sempre desejei ensinar História”, dizia Dr. Plinio, “por me parecer a mais bela das matérias para a cultura geral dos homens. Mas, uma História bem focalizada, comentada, analisada, tomando seu inteiro significado, e não apenas uma enfadonha sucessão de datas e cronologias”.

Esse acalentado desejo de Dr. Plinio tornou-se realidade quando obteve a cátedra de História da Civilização no Colégio Universitário, anexo à Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo. Com apenas 27 anos, apresentar-se-ia diante de alunos pouco mais novos que ele. Tal situação lhe inspirava particulares cuidados, como costumava recordar ao descrever seu primeiro dia de professor catedrático, em março de 1935:

“Em geral, eram rapazes cinco anos mais moços que eu. Não chegáramos a ser colegas, mas a Faculdade de Direito, na qual me formara, ainda estava quente da minha presença. Esses fatores podiam facilmente despertar naqueles alunos a idéia de serem indisciplinados comigo. O primeiro problema era impor-me ao respeito de todos como professor e, segundo, fazer com que prestassem atenção na aula e gostassem dela.

“Não podendo fazer o papel de mocinho que se aventurou a ensinar e não logrou obter o respeito de seus lecionados, estabeleci meu plano de ação: seria um professor-torpedo, impondo-me ao acatamento deles e tratando da matéria conforme devia ser entendida, sob as luzes da doutrina católica. Essa era a única forma segura de agir para alcançar o necessário reconhecimento.

“Naquele tempo, as cátedras da Faculdade de Direito se erguiam sobre um elevado estrado, ao qual se tinha acesso por uma escada lateral. Em cima havia um banco dentro de um cercado de madeira. Para entrar, uma pequena porta. No minúsculo recinto, uma tábua inclinada para se colocar livros e apontamentos. Pondo em prática o plano que traçara, no meu primeiro dia de aula subi na cátedra, sentei-me com segurança, sem olhar para os alunos, entregues como estavam à sua costumeira baderna. Eu permanecia quieto, com uma fisionomia de pouca amizade. Não demorou muito, e notaram que algo diferente vinha entrando em cena…

“Passada a surpresa inicial, ouvi alguns cochichos percorrem a sala, enquanto eu expunha a matéria. Bati com força a mão na mesa, pedindo silêncio. Outros cochichos, outras vigorosas intervenções minhas, e eles afinal se aquietaram, podendo eu prosseguir sem mais incômodos.

“As aulas eram claras e a maioria dos alunos adquiriu atração por elas, prezava-as e prestava muita atenção. A minoria agitada percebeu que sua vida não seria fácil…”

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