Nas duas primeiras décadas do século XX, os carnavais de São Paulo decorriam num ambiente familiar, mesmo no caso das comemorações de rua. O folião o que, com atitudes, palavras ou trajes imorais, tentasse romper a atmosfera recatada de então, recebia um imediato e severo repúdio da sociedade.
Naquele tempo procurava-se a diversão inteligentemente espirituosa e favorecedora do senso do maravilhoso, sem sentir-se a necessidade de intrometer, no meio de tanta alegria sadia, qualquer laivo de sensualidade.
Levado por sua mãe, o pequeno Plinio participou dos carnavais infantis desde muito cedo. O Jornal do Comércio, de 20 de fevereiro de 1912, registra sua presença na matinê de domingo de carnaval, promovida pelo Clube Internacional para os filhos de seus associados — a elite da sociedade paulistana. A festa “teve uma concorrência extraordinária, excedendo aos anos anteriores não só pelo número, como pela riqueza e diversidade de fantasias”.
Com apenas três anos de idade nessa ocasião, Plinio e sua irmãzinha Rosée estavam fantasiados de ceifadores de trigo. As brincadeiras “para a petizada consistiram em fazê-las bailar, com a graça que lhes é peculiar, ora uma polka, ora uma valsa, distribuindo-lhes lança-perfumes para os seus renhidos combates”, seguindo-se um concurso de fantasias (vencido por Yelita, uma prima de Plinio) e terminando com distribuição de bombons e biscoitos — informa o jornal.
Até completar 12 anos, o menino Plinio comparecerá a essas festas carnavalescas, trajando de cada vez uma fantasia que Dª Lucilia, com carinho e imaginação, lhe preparará: ora a de marquês, ora de mago, outra vez a de toureiro espanhol, ou ainda a de marajá — a mais apreciada por ele, por remeter a uma Índia de sonhos.