Certo dia de junho de 1931, um pequeno aeroplano sobrevoava a paulicéia, atirando uma chusma de folhetos. Era um recurso de propaganda que se tornara habitual, mas dessa vez não se tratava de mero reclame. Aqueles papéis traziam aos paulistanos um manifesto intitulado “Católicos! Brasileiros!” Não constava o nome do autor, mas, ao ser publicado o mesmo texto nos jornais daquele dia, vinha assinado por um desconhecido “Hernan Corrêa”. Tudo teria ficado envolto em mistério, se Dr. Plinio não tivesse guardado para a história um exemplar, no qual cuidadosamente anotou:
“Trabalho que escrevi a pedido de Mons. Pedrosa, Vigário Geral interino, no dia 4-VI-31. Foi feita do trabalho uma edição de alguns milheiros. Um aeroplano jogará alguns sobre a Cidade. Foi feita uma larga distribuição nas Escolas Superiores.”
O governo paulista havia instituído o ensino religioso nas escolas, levantando a reação indignada de protestantes, agnósticos e adeptos de outros credos, que receavam a obrigatoriedade da instrução católica. Era um mero pretexto insuflado pelos adversários da Igreja. No folheto em questão, Dr. Plinio, então jovem advogado de 22 anos, demonstra a falta de fundamento dessa objeção, e o direito de as crianças católicas estudarem sua religião. Concluía o manifesto nos seguintes termos:
“A consciência católica, absolutamente obrigada a cerrar fileiras em torno das autoridades eclesiásticas na campanha em prol do ensino religioso, não pode deixar de prestar à Igreja, neste momento de luta, sua adesão entusiástica.
“Que todos os católicos se tornem, portanto, ardorosos propagandistas do ensino religioso; que atendam às considerações que aí ficam expostas, para sustentar sempre que a liberdade de consciência brilha, agora, com um fulgor que nunca teve sob o agnosticismo opressor; eis a tarefa que a cada católico incumbe em nossos dias.
“É, pois, cheios de ardor e confiança que lembramos um brado glorioso que nos é caro: A Igreja espera que cada qual cumpra o seu dever!”