No dia 20 de junho de 1929, a “Linha de Tiro nº 52” (unidade de serviço militar para alunos da Faculdade de Direito) realizou a prova de tiro, na qual Dr. Plínio foi aprovado com o grau “Bom” e recebeu seu certificado de reservista do Exército.
Foi na época em que fez o treinamento de tiro que se deu um fato importante em sua vida, narrado por ele várias décadas depois:
Um dia, terminado o exercício militar feito no próprio pátio interno da Faculdade de Direito, eu reuni alguns colegas e lhes disse:
— Vamos conhecer outras salas da faculdade?
Eles concordaram comigo e fomos, todos fardados, para uma parte da Faculdade aonde se ia em ocasiões muito raras, e não conhecíamos o que havia lá. Entramos num grande salão, mobiliado em estilo antigo mas sem beleza, onde se realizavam as festas de formatura.
Notei uma porta e fui com passo ligeiro abri-la. Ela dava diretamente para uma janela interior da igreja de São Francisco, anexa ao prédio da Faculdade.
Vi então uma cena com a qual qualquer católico está habituado, mas que naquele momento me causou uma impressão profunda.
Estava sendo celebrada uma Missa. Eu tinha deixado há pouco de freqüentar os ambientes mundanos e me entregado às atividades religiosas, e aí começaram a aparecer problemas, suscitados pelo demônio, que me davam receio. A vida espiritual pode complicar-se em certas ocasiões, quando Nossa Senhora quer nos provar. E eu estava passando uns dos dias de maior aflição de minha vida, por causa de uma grande provação.
No instante em que abri a porta e olhei para dentro da igreja, era justamente a hora da elevação do cálice. Eu fiquei profundamente emocionado com a cena.
Depois olhei um pouco mais para o alto, e vi um conjunto de imagens de origem bávara muito bonitas, representando o Padre Eterno no mais alto dos céus, abrindo os braços, como se fosse para o sacerdote que celebrava embaixo. E entre o Padre Eterno e o celebrante, havia um espaço com anjos muito bem esculpidos, em atitude de profundo respeito.
Senti o ambiente sagrado, ungido, cheio de bênçãos e notei como estas caíam aos borbotões sobre as pessoas que lá estavam, embora elas não percebessem, e também sobre mim.
Isso me animou muitíssimo na provação que estava me atormentando.
Naquele momento, tive a sensação de estar vendo aquelas imagens como vivas e respirando. E imediatamente me pus a rezar, pedindo a Nosso Senhor e a Nossa Senhora que tivessem pena de mim, me atendessem na minha aflição e me ajudassem a seguir o caminho que, por graça d’Eles, eu tinha resolvido seguir, e a não deixar esse caminho até os últimos dias de minha vida.
Enquanto eu pedia isto tudo, enchia-me uma tal unção, uma tal doçura, uma tal satisfação interior, como nunca tinha eu sentido. Eu não sabia como é que isso se chamava, mas era o que mais tarde eu denominaria um “flash”.