Cena de um corso no Carnaval paulista de outrora; no destaque, Plinio fantasiado de nobre do Ancien Régime

Nos idos tempos em que os carnavais eram comemorados em família, podia-se admirar na Avenida Paulista os famosos corsos que marcavam aqueles festejos. Damas pomposas, chauffeurs de livrée e crianças fantasiadas embelezavam o espetáculo, fazendo um jornalista compará-los ao aspecto movimentado e gemütlich do Prater de Viena.

Em fevereiro de 1912, conduzidos por Dona Lucilia, o menino Plinio e sua irmã Rosée participaram alegremente das comemorações do Carnaval. A presença deles, como a de vários parentes seus, foi assinalada com muita verve por um cronista de importante diário paulistano da época:

“O dia amanhecera lindo e firme, mas aos poucos foi desmanchando as ilusões da criançada. O sol ora aparecia, ora densas nuvens se acumulavam no horizonte e por vezes chovia. Eram duas horas da tarde e a Av. Paulista, toda embandeirada, estava morta; completamente morta. Mas eis que, por encanto, às 15 horas começou o movimento, com o aparecimento dos primeiros carros, muito luxuosos, que não tardou em tomar enormes proporções com mais de 1500 carros, formando duas filas desde a rua da Consolação até o Largo do Paraíso. Consolação e Paraíso, palavras que indicam o extraordinário cenário que víamos. Ora uma carruagem ricamente ornada, ora uma caixa de boneca com uma criança que arrancava suspiros dos 20 mil espectadores que foram se banhar em chuva e maravilhoso. Pelo meio víamos carros simples, decorados com rosas, tão encantadores que fazem esquecer o luxo. Ao meu lado, uma distinta senhora francesa, recém-chegada, exclamou: ‘Que povo feliz é esse! Que aspecto alegre e distinto’; e muito mais poderíamos dizer. Não podemos, por certo, dar o nome de todos os presentes. Seria impossível! Apenas nos lembramos dos seguintes: Madames (…) Gabriel Rodrigues dos Santos (…), Zilda Magalhães (…). Foi uma tarde chic, elegante, distinta e fina.

“No dia seguinte, a Diretoria do Clube Internacional prometeu uma matinée infantil para os filhos dos associados e teve uma concorrência extraordinária, excedendo aos anos anteriores não só pelo número, como pela riqueza e diversidade de fantasias. (…) Na matinée notamos: Mlle. Yelita, de Imprensa, Tito, de D. Quixote, Marcos, de pescador no tempo de Luiz XIII, Procópio, de Sancho Pança, Cornélia, de Rainha de Sabá, José Ribeiro dos Santos, de japonês, Marcelo, de toureiro [todos, primos de Dr. Plinio], Rosée e Plinio Corrêa de Oliveira, de ceifadores de trigo” (Jornal do Comércio, 20/2/1912).