Há 30 anos, na tarde do dia 3 de fevereiro, sofria Dr. Plinio um desastre automobilístico na estrada de Jundiaí a Amparo, interior de São Paulo. Esse doloroso acidente lhe causou dificuldades de locomoção pelo resto da vida, além de outras não pequenas seqüelas, suportadas com admirável serenidade e resignação à vontade divina.
Apenas trinta e seis horas antes desse acontecimento, havia Dr. Plinio se oferecido nas mãos da Santíssima Virgem como vítima expiatória (ver seção “Gesta marial…”), a fim de alcançar graças especiais para o desenvolvimento de sua obra apostólica. Sôfrega dessa forma de holocausto, a Providência colheu sem demora a oferenda feita com fé e confiança.
Não sabia Dr. Plinio, porém, que essa aceitação tivera lugar na data em que a família agostiniana celebra a memória do Bem-aventurado Stefano Bellesini, ardoroso devoto da Mãe do Bom Conselho de Genazzano, cidade próxima a Roma, onde foi prior e vigário daquele convento de sua Ordem. Tendo se empenhado no alívio dos doentes acometidos de cólera, moléstia que afetou a região, contraiu o mal e faleceu em 1840, enquanto se cantavam as primeiras vésperas do Ofício da Candelária.
Essa concomitância de datas se revelaria sobremodo significativa e portadora de grande consolação para Dr. Plinio. Com efeito, em dezembro de 1967, convalescendo de uma crise de diabetes, recebeu ele uma estampa da Mãe do Bom Conselho de Genazzano, trazida da Itália por alguns amigos.
“Quando a fitei — narra Dr. Plinio — tive a inesperada impressão de que a figura de Nossa Senhora, sem mudar embora em nada, exprimia para comigo inefável e maternal doçura; que Ela me confortava e me incutia na alma, não sei como, a convicção de que a Santíssima Virgem me prometia que eu não morreria sem ter realizado a obra desejada. Ao ser agraciado com esse sorriso-promessa de Nossa Senhora de Genazzano, nada disse aos circunstantes. Só muito mais tarde falei disto a amigos. Dois destes, que me faziam companhia no hospital quando recebera a estampa, ao ouvirem minha narração, disseram que haviam notado que a figura da Mãe do Bom Conselho me fitava com muito comprazimento, o que lhes chamara muito a atenção.”
Ora, as penosas conseqüências do desastre de 1975, aliadas a outras provações, deixavam em Dr. Plinio uma perplexidade sobre a realização daquela promessa interior. Imenso foi, então, seu alívio e consolo quando, no nono aniversário do referido acidente de automóvel, soube que este ocorrera na festividade do célebre devoto da Mãe do Bom Conselho: “Hoje, ao oscular a relíquia do santo do dia, como costumo fazer, apresentaram-me a do Bem-aventurado Stefano Bellesini, que se santificou à luz de Genazzano. Assim, de modo inteiramente fortuito para mim, tomei conhecimento de que o meu desastre se dera no dia dele. Esse fato me encheu de alegria e contentamento, pois representa outro sorriso de Nossa Senhora de Genazzano, indicando-me — por assim dizer com a ponta do dedo — que tudo foi desígnio d’Ela. Rendi-Lhe minha entranhada gratidão: primeiro, por não ter sabido antes, o que me fez sofrer um pouco mais para a glória de Deus; depois, por sabê-lo agora, deixando-me muito feliz, com a convicção de que a maternal promessa de Maria continua intacta!”
Sem dúvida, a revelação desse belo e misterioso hífen que unia o sorriso da Mãe do Bom Conselho e a aceitação dada por Ela ao oferecimento feito por Dr. Plinio em fevereiro de 1975, vinha premiar a inabalável confiança que este varão católico jamais cessou de depositar na misericórdia de Maria Santíssima.