domingo, noviembre 24, 2024

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1º de março de 1930 – Há 75 anos, o primeiro retiro

Era um sábado de Carnaval. Como de costume, enquanto parte da população se entregava às diversões e condutas desregradas dos dias de folia, a Igreja convidava os fiéis a um período de recolhimento que melhor dispusesse suas almas para a Quaresma. Aos mais fervorosos propunham-se os Exercícios Espirituais, realizados em geral segundo o consagrado método de Santo Inácio de Loyola.

Assim, naquela tarde de 1º de março os Congregados Marianos de Santa Cecília viajaram para Santos, a fim de participar do retiro que ali lhes seria pregado. Para o jovem Plinio Corrêa de Oliveira, será o marco inaugural de uma série de retiros dos quais participaria durante a vida. Mais tarde, recordaria ele os ricos benefícios daquela nova e piedosa experiência:

Falaram-me de Santos, e logo me lembrei do mar. Mar… perpétuo espetáculo e objeto de meus encantos! Chegamos lá, e na estação encontramos alguns congregados que foram nos receber de automóvel, a fim de nos conduzir para o local do retiro. Pensei: “Bem, agora vou ver o mar”. Eu conhecia a cidade e, pelo rumo que tomaram os carros, vi que se dirigiam para o fundo da baía de Santos, a léguas das praias. Entramos por um bairro qualquer, e paramos junto a uma casa da Sociedade São Vicente de Paula, recém-construí­da e ainda não inaugurada. Eu: “Mas, e o mar?!” Não ousei perguntar nada. “Bem, aqui está a Fé, aqui está a pureza! Aqui estou eu.”

Dali a pouco o padre nos reúne na capela, simples, piedosa, onde estava o Santíssimo Sacramento com uma presença irradiante. Eu fiquei encantado. O sacerdote fez a pregação de abertura, boa, lógica, séria, que me deixou muito bem impressionado. Mais à tarde tivemos a primeira meditação, começando pelo clássico “Princípio e Fundamento” inaciano. Pouco depois eu já ponderava comigo: “Olha! Isto aqui está valendo o resto. Vou prestar atenção nas pregações, porque é algo bem pensado e muito benéfico para minha alma.”

Eu me comprazia em permanecer recolhido na capela. Agradava-me estar diante do sacrário, singelo e pobre, mas em cujo interior encontrava-se o próprio Deus. E me parecia que, olhando para o sacrário, algo de especial se produzia em mim, uma alegria na alma, um bem-estar e uma atração singulares.

Quando, afinal, saí do retiro e me pilhei no mundo de todos os dias, em Santos, com aquela atmosfera balneária de porto de mar comercial, com todos os aspectos característicos da vida moderna reunidos, percebi como a graça me fizera caminhar nas vias da virtude. De tal maneira que me sentia a léguas daquele mundo e daquela realidade. Eu compreendia que, com o espírito, viajara mais do que imaginava.

Já quando o retiro tocava seu termo, comecei a sentir saudades dele. Tão imensas, que, ao sair, em vez de estender minha permanência em Santos, tomei o trem e voltei para São Paulo. Quieto, silencioso, sozinho no vagão, pensando nos Exercícios Espirituais. Santo Inácio marcara a fundo a minha alma…

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