Para Dr. Plinio, a decadência do vestuário, observada desde o século XVIII até os dias atuais, representa não apenas uma marcha gradual para o nudismo, mas também o avanço progressivo da feiúra, o desaparecimento paulatino da beleza e da dignidade como grandes riquezas espirituais da existência humana.
Consideramos em anterior exposição a beleza dos trajes como sendo algo a ser apreciado, mais do que pelo seu aspecto material, pelo valor espiritual que ela representa, como reflexo da infinita formosura do Criador.
Vimos, em seguida, como esse esplendor nas vestimentas, nos costumes e nas boas maneiras sofreu um processo de decadência, notadamente a partir da Revolução Francesa de 1789, chegando às roupas e hábitos vigentes no pós-Primeira Guerra Mundial.
Trajetória irrefreável
Tal processo de diminuição não se deteve em nenhum momento, exigindo sempre novas modificações. Assim, o chapéu de feltro foi suprimido, surgiram paletós mais simples, apertados, que muitos abandonaram para começar a usar apenas calça e camisa. E o tecido destas tornou-se tão ralo que, às vezes, deixa transparecer alguma cicatriz ou mancha que por ventura exista na pele da pessoa. Ou seja, ele cobre mal o indivíduo. É um tecido feito não para ocultar o corpo, mas quase para exibi-lo.
Não seria exagero pensar que, nessa toada incoercível, caminhava-se para a total, ou quase, ausência de roupa, como infelizmente se vai verificando no mundo hodierno.
O que se disse das camisas pode-se afirmar em relação às calças. Houve tempo em que estas tinham a sua extremidade inferior tão apertada que mal se podia passar o pé através dela. Depois se alargaram, dando origem às calças “boca de sino”, as quais se estreitaram de novo, passado um certo período.
As pernas das calças, que já tinham sido estreitas, encurtaram, até aparecerem as bermudas, incialmente usadas apenas para fins militares durante a II Guerra Mundial
De tanto remexer, as calças foram se encolhendo, até surgirem as bermudas após a Segunda Guerra Mundial. A princípio, apenas para o uso militar na África quentíssima. Pouco depois, também para a prática de esportes. E não estava longe a época em que passaram a ser vestimenta quotidiana, sobretudo nos dias de calor. Uma vez abandonada a camisa, a bermuda se encurtará e se tornará uma espécie de tanga, igualmente votada ao desaparecimento. De todos os modos, portanto, ruma-se para o nudismo.
Interessante observar que muitos propugnadores do nudismo julgam ter sido o homem mais feliz na era da pedra lascada, por não usar roupa. Razão pela qual deveríamos retroceder àquele tempo. E estes se consideram ultramodernos…
Ofensa ao pudor e à beleza do espírito
Dessa breve análise decorre a importante ilação de que a ausência dos trajes é uma coisa má porque conduz ao pecado contra o pudor, isto é, à exposição de partes do corpo denominadas pudendas.
De fato, conforme a doutrina católica, há no corpo humano três zonas: as pudendas — do latim pudere, pudor — as semipudendas e as não-pudendas.
Uma senhora de traços distintos e elegantes deve se cuidar e se arranjar, a fim de que seu aspecto exterior saliente a formosura espiritual, e assim convide o próximo para a virtude
Para se guardar a decência, as primeiras devem ser inteiramente cobertas; as segundas devem ou não sê-lo, de acordo com as circunstâncias; e as últimas são indiferentes ao recato, como por exemplo a face e as mãos. Estas podem ser mostradas por inteiro, não havendo necessidade moral de ocultá-las, ao contrário de outras partes do corpo humano que devem ser protegidas pelas vestimentas.
Ora, o nudismo para o qual a Revolução conduz o mundo, é ruim não só por atentar contra o pudor, mas também por ofender a formosura humana. Com efeito, Deus conferiu ao homem e à mulher uma grande beleza a qual deve ser velada quando ofensiva ao pudor, porém realçada no que valoriza o nosso espírito.
Por exemplo, uma distinta senhora que possua traços fisionômicos bonitos deve se cuidar e se arranjar para se apresentar de maneira a salientar, no seu todo, a beleza de sua alma. Assim, em lugar de atrair para a concupiscência, suscita movimentos de admiração por seu aspecto mais digno de apreço, que é a formosura espiritual, convidando o próximo para a virtude.
Vale recordar que não existiu na história terrena ninguém tão belo quanto Nosso Senhor Jesus Cristo e, logo abaixo d’Ele, Nossa Senhora. Ambos concebidos sem pecado original, lindíssimos, perfeitíssimos. A consideração de sua formosura não provocava a mínima fímbria de sensualidade: nenhuma mulher se sentia tentada ao ver Jesus, assim como nenhum homem se sentia movido à concupiscência ao contemplar Maria Santíssima, pois a beleza da face d’Eles era um reflexo de suas almas.
Superior razão para se opor ao nudismo
Isso posto, podemos dizer que, antes da Revolução Francesa, a compostura nos trajes não somente servia à moral, ocultando as partes pudendas do corpo, como também realçava a graciosidade deste e, sobretudo, a da alma. A vestimenta era mais um instrumento de santificação.
Ora, a Revolução, odiando a beleza — por ser um reflexo de Deus —, e enfeiando e desfigurando todas as coisas, não poderia deixar de promover o nudismo o qual é um modo de eliminar as manifestações do esplendor da criatura humana, masculina ou feminina.
No período anterior a 1789, as vestimentas serviam como um instrumento de santificação, não só ocultando as partes pudendas do corpo, como ressaltando a graciosidade do espírito
Por essas razões, o verdadeiro católico (e me dirijo de modo particular aos meus jovens seguidores) deve fazer face à essa galopante minimização dos trajes, no intuito de fazer cessar a marcha da Revolução rumo ao nudismo. E uma das formas — talvez a mais importante — de empreender essa luta é em tudo procurar a pulcritude. Por isso nossos ambientes precisam ser bem decorados, a fim de despertar nos corações o gosto estético, artístico, para se compreender o que é uma vida dentro da beleza, trilhada com virtude, seriedade, dignidade e compenetração.