domingo, noviembre 24, 2024

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As velocidades da Revolução

Aprofundando sua análise do processo revolucionário, Dr. Plinio trata das diferentes “velocidades”, as marchas rápidas e lentas das quais se utiliza a Revolução para atingir sua meta última. Nessa trajetória, encontrará ela resistências, “coágulos” que, por sua vez, poderão servir de oportunos instrumentos nas perspicazes mãos do contra-revolucionário.

Como se realiza o processo revolucionário?

“O processo revolucionário se dá em duas velocidades diversas. Uma, rápida, é destinada geralmente ao fracasso no plano imediato. A outra tem sido habitualmente coroada de êxito, e é muito mais lenta” (pp. 46-47).

Cite um exemplo do processo em alta velocidade.

“Os movimentos pré-comunistas dos anabatistas (…) tiraram imediatamente, em vários campos, todas ou quase todas as conseqüências do espírito e das tendências da Pseudo-Reforma: fracassaram” (p. 47).

Harmonia entre as marchas rápida e lenta da Revolução

Como se desenvolve nas almas a marcha morosa do processo revolucionário?

“Há [pessoas] que vão aceitando lentamente e passo a passo as doutrinas revolucionárias. Muitas vezes, até, esse processo se desenvolve com continuidade através das gerações” (p. 121).

Como se harmonizam essas velocidades?

“Dir-se-ia que os movimentos mais velozes são inúteis. Porém não é verdade. A explosão desses extremismos levanta um estandarte, cria um ponto de mira fixo que fascina pelo seu próprio radicalismo os moderados, e para o qual estes se vão lentamente encaminhando.

“Assim, o socialismo repudia o comunismo, mas o admira em silêncio e tende para ele. Mais remotamente o mesmo se poderia dizer do comunista Babeuf1 e seus sequazes nos últimos lampejos da Revolução Francesa. Foram esmagados.

“Mas lentamente a sociedade vai seguindo o caminho para onde eles a quiseram levar.

“O fracasso dos extremistas é, pois, apenas aparente. Eles colaboram para a Revolução, atraindo paulatinamente para a realização de seus culposos e exacerbados devaneios a multidão incontável dos ‘prudentes’, dos ‘moderados’ e dos medío­cres” (pp. 47-48).

Distinções determinadas por resistências interiores

O que diferencia o revolucionário de alta velocidade do de marcha morosa?

“O que distingue o revolucionário que seguiu o ritmo da marcha rápida, do que se vai paulatinamente tornando tal segundo o ritmo de marcha lenta, está em que, quando o processo revolucionário teve início no primeiro, encontrou resistências nulas, ou quase nulas.

“A virtude e a verdade viviam nessa alma de uma vida de superfície. Eram como madeira seca, que qualquer fagulha pode incendiar. Pelo contrário, quando esse processo se opera lentamente, é porque a fagulha da Revolução encontrou, ao menos em parte, lenha verde. Em outros termos, encontrou muita verdade ou muita virtude que se mantêm infensas à ação do espírito revolucionário.

“Uma alma em tal situação fica bipartida, e vive de dois princípios opostos, o da Revolução e o da Ordem” (pp. 48-49).

Particularidade do semi-contra-revolucionário

O que caracteriza o revolucionário com “coágulos” contra-revolucionários?

“Ele se deixa arrastar pela Revolução. Mas em algum ponto concreto recusa-a.

“Assim, por exemplo, será socialista em tudo, mas conservará o gosto das maneiras aristocráticas. Conforme o caso, ele chegará até mesmo a atacar a vulgaridade socialista.

“Trata-se de uma resistência, sem dúvida. Mas resistência em ponto de pormenor, que não remonta aos princípios, toda feita de hábitos e impressões. Resistência por isto mesmo sem maior alcance, que morrerá com o indivíduo, e que, se se der num grupo social, cedo ou tarde, pela violência ou pela persuasão, em uma geração ou algumas, a Revolução em seu curso inexorável desmantelará” (pp. 49-50).

E o “semi-contra-revolucionário”?

Este “diferencia-se do anterior apenas pelo fato de que nele o processo de ‘coagulação’ foi mais enérgico, e remontou até a zona dos princípios básicos. De alguns princípios, já se vê, e não de todos.

“Nele, a reação contra a Revolução é mais pertinaz, mais viva. Constitui um obstáculo que não é só de inércia. Sua conversão a uma posição inteiramente contra-revolucionária é mais fácil, pelo menos em tese. Um excesso qualquer da Revolução pode determinar nele uma transformação cabal, uma cristalização de todas as tendências boas, numa atitude de firmeza inabalável.

“Enquanto esta feliz transformação não se der, o ‘semi-contra-revolucionário’ não pode ser considerado um soldado da Contra-Revolução” (p. 50).

1 ) François Noël Babeuf (1760-1797). Quis instaurar na França a “sociedade dos iguais”. Ao tentar, com seus adeptos, derrubar o governo revolucionário, denominado então de Diretório, foi preso e executado.

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