No mês de maio, mês de Maria, conforme dizia Dr. Plinio, “sente-se uma proteção especial de Nossa Senhora se estender sobre todos os fiéis, e uma alegria que brilha e ilumina nossos corações, exprimindo a universal certeza dos católicos de que o indispensável patrocínio de nossa Mãe celestial se torna, durante esse período, ainda mais solícito, mais amoroso, mais cheio de visível misericórdia e exorável condescendência”1.
Condescendência e misericórdia maternais que imploramos com plena confiança ao longo do “Lembrai-vos”, oração atribuída a São Bernardo de Claraval, e por Dr. Plinio não só recitada diversas vezes ao dia, mas também incansavelmente recomendada a seus filhos espirituais. Ouçamo-lo:
“Cumpre analisarmos e compreendermos as magníficas palavras dessa prece: Lembrai-Vos ó piíssima Virgem Maria, que nunca se ouviu dizer, que algum daqueles que têm recorrido à vossa proteção, implorado vossa assistência e reclamado o vosso socorro, fosse por Vós desamparado.
“A palavra nunca é bastante categórica; algum daqueles, ou seja, qualquer um, ao longo de dois mil anos de história da Igreja; proteção, assistência, socorro: proteção para evitar que a tentação venha, assistência é um auxílio numa situação difícil, socorro é para uma pessoa que se acha periclitando, sumindo, afundando. Pois bem, nunca se ouviu dizer que, tendo alguém pedido proteção, assistência e socorro a Nossa Senhora, fosse por Ela desamparado.
“Animado eu, pois, com igual confiança, a Vós, ó Virgem entre todas singular, como a Mãe recorro, de Vós me valho. Quer dizer, se Vós nunca deixastes de proteger a ninguém, aqui estou eu, um ente humano, batizado na Igreja Católica; sou vosso filho, venho vos pedir auxílio, estou tentado, tive culpa, digamos que até caí perante uma tentação. Porém, continuo vivo, a vossa clemência me mantém neste mundo e, portanto, tenho o direito e o dever de rezar a Vós. Eis-me aqui, repleto de confiança na vossa misericórdia.
“E, gemendo sob o peso de meus pecados, me prostro a vossos pés. Note-se como é animadora essa expressão. Não diz: ‘Eu, o inocente, o puro, o límpido; eu, o homem sem mancha, me dirijo a Vós e peço socorro. A minha inocência me dá direito a vosso auxílio’. Não. ‘Gemendo sob o peso de meus pecados’. Ou seja, são tantas faltas que elas me prostraram no chão. Estou caído ao solo sob o fardo delas, e este me oprime de tal modo que eu chego a gemer. Ora, ‘gemendo sob o peso de meus pecados’, o que faço eu? ‘Prostro-me a vossos pés’. Venho para junto de Vós, minha Mãe, e a Vós me agarro, na opressão de meus pecados.
“Em seguida, a conclusão: Não desprezeis as minhas súplicas, ó Mãe do Verbo de Deus humanado, mas dignai-Vos de as ouvir propícia e de me alcançar o que Vos rogo. Amém. O pensamento é lindo. Dignai-Vos de ouvir com benignidade, com bondade, o que eu estou suplicando. De vossa parte eu espero um sorriso e que me alcanceis aquilo que Vos peço.
“Essa é uma tocante e filial manifestação da confiança de qualquer alma, em qualquer estado, posta em qualquer situação, para com Nossa Senhora. Confiança que a reveste de ânimo e a faz se voltar à Santíssima Virgem, certa de receber o socorro da Virgem. O raciocínio que essa súplica encerra é simples: “Vós nunca abandonastes ninguém. Ora, eu sou alguém; logo, Vós não me abandonareis”. Trata-se de uma reflexão a mais lógica, concludente e convincente possível; a mais singela na sua esquematicidade e a mais irresistível, expressa numa linguagem de fervor e devoção.
“Assim, resta-me fazer essa recomendação, jamais supérflua: nunca, nunca, nunca deixemos de rezar a Nossa Senhora. É preciso invocá-La, é necessário que a Ela sempre recorramos, máxime nos momentos difíceis de nossa existência. Seja nas horas de tentações, de provações, angústias e sofrimentos, seja nos problemas comuns de todos os dias, Ela nos ajudará. E se, por infelicidade, sucumbirmos à tentação, redobremos de ânimo e brademos: ‘Lembrai-Vos ó piíssima Virgem Maria!’
“Ela, a melhor de todas as Mães, terá compaixão de nós, seus filhos, e nos reerguerá com um sorriso repassado de solicitude e carinho inimagináveis.”
1) Última Hora, 7/5/1984