Nos tópicos transcritos a seguir, Dr. Plinio nos apresenta a Contra-Revolução como um esforço cujo objetivo, entre outros, é o de salvaguardar as tradições, os costumes, os modos de ver, sentir e pensar cristãos que recebemos de nossos maiores, e que ainda não foram inteiramente abolidos pela Revolução.
Por que tem havido incompreensões a respeito da Contra-Revolução?
“A tendência de tantos de nossos contemporâneos, filhos da Revolução, de amar sem restrições o presente, adorar o futuro e votar incondicionalmente o passado ao desprezo e ao ódio, suscita a respeito da Contra-Revolução um conjunto de incompreensões que importa fazer cessar. Sobretudo, afigura-se a muitas pessoas que o caráter tradicionalista e conservador desta última faz dela uma adversária nata do progresso humano” (p. 99-100).
Defensor dos valores cristãos, o contra-revolucionário deve atuar como Nosso Senhor, que não veio apagar a mecha ainda fumegante, nem romper o arbusto partido
Restos de civilização cristã em meio a costumes revolucionários
Por que a Contra-Revolução é tradicionalista?
“A Contra-Revolução (…) é um esforço que se desenvolve em função de uma Revolução. Esta se volta constantemente contra todo um legado de instituições, de doutrinas, de costumes, de modos de ver, sentir e pensar cristãos que recebemos de nossos maiores, e que ainda não estão completamente abolidos. A Contra-Revolução é, pois, a defensora das tradições cristãs” (p. 100).
O que as correntes “moderadas” da Revolução têm feito com a civilização cristã?
“A Revolução ataca a civilização cristã mais ou menos como certa árvore da floresta brasileira, a figueira brava (urostigma olearia), que, crescendo no tronco de outra, a envolve completamente e a mata. Em suas correntes “moderadas” e de velocidade lenta, acercou-se a Revolução da civilização cristã para envolvê-la de todo e matá-la. Estamos num período em que esse estranho fenômeno de destruição ainda não se completou, isto é, numa situação híbrida em que aquilo a que quase chamaríamos restos mortais da civilização cristã, somado ao perfume e à ação remota de muitas tradições, só recentemente abolidas, mas que ainda têm alguma coisa de vivo na memória dos homens, coexiste com muitas instituições e costumes revolucionários” (pp. 100-101).
A mecha que ainda fumega
Em que sentido o contra-revolucionário, defendendo as boas tradições, atua como Nosso Senhor Jesus Cristo?
“Em face dessa luta entre uma esplêndida tradição cristã em que ainda palpita a vida, e uma ação revolucionária inspirada pela mania de novidades a que se referia Leão XIII, nas palavras iniciais da Encíclica Rerum Novarum, é natural que o verdadeiro contra-revolucionário seja o defensor nato do tesouro das boas tradições, porque elas são os valores do passado cristão ainda existentes e que se trata exatamente de salvar. Nesse sentido, o contra-revolucionário atua como Nosso Senhor, que não veio apagar a mecha que ainda fumega, nem romper o arbusto partido [Mt. 12, 20]. Deve ele, portanto, procurar salvar amorosamente todas essas tradições cristãs. Uma ação contra-revolucionária é, essencialmente, uma ação tradicionalista” (p. 101).
Falso tradicionalismo
Quais as características do falso tradicionalismo?
“O espírito tradicionalista da Contra-Revolução nada tem de comum com um falso e estreito tradicionalismo que conserva certos ritos, estilos ou costumes por mero amor às formas antigas e sem qualquer apreço pela doutrina que os gerou. Isto seria arqueologismo, não sadio e vivo tradicionalismo” (p. 102)1.
1 ) Para todas as citações: Revolução e Contra-Revolução, Editora Retornarei, São Paulo, 2002, 5ª edição em português.