No seu árduo esforço de explicitar e combater os erros da Revolução, a Contra-Revolução — afirma Dr. Plinio — desenvolve um trabalho sadiamente negativista e polêmico. Nessa tarefa lhe é de extrema valia o tesouro do magistério eclesiástico, do qual ela tira “coisas novas e velhas” (Mt 13, 52) para fazer frente aos seus adversários.
Como refutar a objeção: “O próprio nome ‘Contra-Revolução’ exprime algo de negativo e, portanto, de estéril”?
[Trata-se de] “simples jogo de palavras. Pois o espírito humano, partindo do fato de que a negação da negação importa numa afirmação, exprime de modo negativo muitos de seus conceitos mais positivos: in-falibilidade, in-dependência, in-nocência, etc. Lutar por qualquer desses três objetivos seria negativismo só por causa da formulação negativa em que eles se apresentam? O Concílio Vaticano [I], quando definiu a infalibilidade papal, fez obra negativista? A Imaculada Conceição é prerrogativa negativista da Mãe de Deus?” (p. 116)
Necessária atitude de polêmica
A Contra-Revolução tem, em sua essência, algo de sadiamente negativista?
“Se se entende por negativista, de acordo com a linguagem corrente, algo que insiste em negar, em atacar, e em ter os olhos continuamente voltados para o adversário, deve-se dizer que a Contra-Revolução, sem ser apenas negação, tem em sua essência alguma coisa de fundamental e sadiamente negativista. Constitui ela, como dissemos, um movimento dirigido contra outro movimento, e não se compreende que, numa luta, um adversário não tenha os olhos postos sobre o outro e não esteja com ele numa atitude de polêmica, de ataque e contra-ataque” (pp. 116-117).
Além de afirmarem que a Contra-Revolução é anacrônica e negativista, qual o terceiro “slogan” divulgado pelos revolucionários?
“O terceiro ‘slogan’ consiste em censurar as obras intelectuais dos contra-revolucionários, por seu caráter negativista e polêmico, que as levaria a insistir demais na refutação de erro, em lugar de fazer a explanação límpida e despreocupada da verdade. Elas seriam, assim, contraproducentes, pois irritariam e afastariam o adversário. Exceção feita de possíveis demasias, esse cunho aparentemente negativista tem uma profunda razão de ser” (p. 117).
Pensar e agir em função dos erros da Revolução
Basta refutar as doutrinas revolucionárias?
“Segundo o que foi dito neste trabalho1, a doutrina da Revolução esteve contida nas negações de Lutero e dos primeiros revolucionários, mas apenas muito lentamente se foi explicitando no decorrer dos séculos. De maneira que os autores contra-revolucionários sentiram, desde o início, e legitimamente, dentro de todas as formulações revolucionárias, algo que excedia à própria formulação. Há muito mais a mentalidade da Revolução a considerar em cada etapa do processo revolucionário, do que simplesmente a ideologia enunciada nessa etapa (pp. 117-118).
Para se realizar trabalho eficaz contra a Revolução, o que é preciso?
“Para fazer trabalho profundo, eficiente, e inteiramente objetivo, é, pois, necessário acompanhar passo a passo o desenrolar da marcha da Revolução, num penoso esforço de explicitação das coisas implícitas no processo revolucionário. Só assim é possível atacar a Revolução como de fato deve ela ser atacada. Tudo isto tem obrigado os contra-revolucionários a ter constantemente os olhos postos na Revolução, pensando, e afirmando as suas teses, em função dos erros dela” (p. 118).
O tesouro de argumentos da Contra-Revolução
Amparado no Magistério da Igreja, o contra-revolucionário se opõe à Revolução com um trabalho intelectual profundo, eficiente e inteiramente objetivo
Para o contra-revolucionário, qual a importância do Magistério da Igreja?
“Neste duro trabalho intelectual, as doutrinas de verdade e de ordem existentes no depósito sagrado do Magistério da Igreja são, para o contra-revolucionário, o tesouro do qual ele vai tirando coisas novas e velhas (Mt 13, 52) para refutar a Revolução, à medida que vai vendo mais fundo nos tenebrosos abismos desta.
“Assim, pois, em vários de seus mais importante aspectos é sadiamente negativista e polêmico o trabalho contra-revolucionário. É, aliás, por razões não muito diversas que o Magistério Eclesiástico vai definindo as verdades, o mais das vezes, em função das diversas heresias que vão surgindo ao longo da História. E formulando-as como condenação do erro que lhes é oposto. Assim agindo, a Igreja nunca receou fazer mal às almas” (p. 118)2.
1) Cf. “Dr. Plinio” nº 117, dezembro de 2007.
2) Para todas as citações: Revolução e Contra-Revolução, Editora Retornarei, São Paulo, 2002, 5ª edição em português.