Para Dr. Plinio, é de capital importância que a Contra-Revolução — a fim de obter êxito em sua luta — evite uma visão incompleta da Revolução e, portanto, tenha as atenções voltadas de modo particular para a influência dos fatores passionais nos aspectos ideológicos do processo revolucionário.
Todo erro doutrinário surge sempre para justificar alguma paixão desordenada?
“De fato, afirmamos neste trabalho que ‘a mais possante força propulsora da Revolução está nas tendências desordenadas’1. Contudo, convém fazer “um desenvolvimento quanto ao papel da inteligência, da vontade e da sensibilidade, nas relações entre erro e paixão.
Conjugação de paixões desregradas e doutrinas errôneas
“Poderia parecer, com efeito, que afirmamos que todo erro é concebido pela inteligência para justificar alguma paixão desregrada. Assim, o moralista que afirmasse uma máxima liberal seria sempre movido por uma tendência liberal.
“Não é o que pensamos. Pode suceder que unicamente por fraqueza da inteligência atingida pelo pecado original, o moralista chegue a uma conclusão liberal.
“Em tal caso terá havido necessariamente alguma falta moral de outra natureza, o descuido, por exemplo? É questão alheia a nosso estudo.
“Afirmamos, isto sim, que, historicamente, esta Revolução teve sua primeira origem em uma violentíssima fermentação de paixões. E estamos longe de negar o grande papel dos erros doutrinários nesse processo” (p. 77 e 78).
Conceituados autores denunciaram os erros da Revolução
Houve escritores que analisaram os erros doutrinários espalhados pela Revolução?
Historicamente nascida de uma violentíssima fermentação de paixões, a Revolução sempre se beneficiou de análogas exacerbações ao longo de seu processo multissecular
“Muitos têm sido os estudos de autores de grande valor, como de Maistre, de Bonald, Donoso Cortés2 e tantos outros, sobre tais erros e o modo por que foram eles derivando uns dos outros, do século XV ao século XVI, e assim por diante até o século XX” (p. 78).
Importância dos fatores passionais no processo revolucionário
Mas não basta refutar a doutrina revolucionária? Por que insistir no problema das paixões desordenadas?
“Parece-nos (…) particularmente oportuno focalizar a importância dos fatores ‘passionais’ e a influência destes nos aspectos estritamente ideológicos do processo revolucionário em que nos achamos. Pois, a nosso ver, as atenções estão pouco voltadas para este ponto, o que traz uma visão incompleta da Revolução, e acarreta em conseqüência a adoção de métodos contra-revolucionários inadequados” (p. 78)3.
1) Revolução e Contra-Revolução, p. 44.
2) Conde Joseph de Maistre (1753 – 1821), Visconde Louis de Bonald (1754-1840), recebido na Academia Francesa em 1816; Juan Donoso Cortés , Marquês de Valdegamas (1809-1853). Os dois primeiros, franceses e o último, espanhol.
3) Para todas as citações: Revolução e Contra-Revolução, Editora Retornarei, São Paulo, 2002, 5ª edição em português.