Membros de tribo índigena norte-americana – Museu Nacional Smithsonian de Retratos, Washington

Degenerescência das formas de trato social quase até à barbárie; horror ao raciocínio e ao pensamento doutrinário, cedendo lugar à hipertrofia de uma imaginação desregrada — tendências do homem contemporâneo que vão se tornando cada vez mais agudas e já denunciadas por Dr. Plinio, há mais de 30 anos, na terceira parte de Revolução e Contra-Revolução.

Como devem ser considerados certos fenômenos que hoje se propagam na sociedade?

“Na medida em que se veja no movimento estruturalista uma figura — mais exata ou menos, mas em todo caso precursora — da IV Revolução, determinados fenômenos que se generalizaram nos últimos dez ou vinte anos1 devem ser vistos, por sua vez, como preparatórios e propulsores do próprio ímpeto estruturalista (p. 188).

Penas de aves e trato tribal

Cite exemplos em matéria de trajes e trato social.

“A derrocada das tradições indumentárias do Ocidente, corroídas cada vez mais pelo nudismo, tende obviamente para o aparecimento ou consolidação de hábitos nos quais se tolerará, quando muito, a cintura de penas de ave de certas tribos, alternada, onde o frio o exija, com coberturas mais ou menos à maneira das usadas pelos lapões.

“O desaparecimento rápido das fórmulas de cortesia só pode ter como ponto final a simplicidade absoluta (para empregar só esse qualificativo) do trato tribal (p.188-189).

Fantasiosa vagabundagem

Que dizer a respeito do trabalho?

“A crescente ojeriza a tudo quanto é raciocinado, estruturado e metodizado só pode conduzir, em seus últimos paroxismos, à perpétua e fantasiosa vagabundagem da vida das selvas, alternada, também ela, com o desempenho instintivo e quase mecânico de algumas atividades absolutamente indispensáveis à vida (p. 189).

Hipertrofia da imaginação

E da vida intelectual?

“A aversão ao esforço intelectual, notadamente à abstração, à teorização, ao pensamento doutrinário, só pode induzir, em última análise, a uma hipertrofia dos sentidos e da imaginação, a essa ‘civilização da imagem’ para a qual Paulo VI julgou dever advertir a humanidade2 ” (p. 189).

Preâmbulos da “sociedade” futura

O que pensar da “revolução cultural” que hoje presenciamos?

Corroídas cada vez mais pelo nudismo, as tradições indumentárias ocidentais tendem para o aparecimento de hábitos nos quais se tolerarão as cinturas de penas de aves usadas por certas tribos…

“São sintomáticos também os idílicos elogios, sempre mais freqüentes, a um tipo de ‘revolução cultural’ geradora de uma futura sociedade pós-industrial, ainda incompletamente esboçada, e da qual o comunismo chinês seria — conforme por vezes é apresentado — um primeiro espécimen” (p. 189)3.

1) Os trechos aqui transcritos foram extraídos da 3ª parte de Revolução e Contra-Revolução, redigida por Dr. Plinio em 1976.

2 ) “Nós sabemos bem que o homem moderno, saturado de discursos, se demonstra muitas vezes cansado de ouvir e, pior ainda, como que imunizado contra a palavra. Conhecemos também as opiniões de numerosos psicólogos e sociólogos, que afirmam ter o homem moderno ultrapassado já a civilização da palavra, que se tornou praticamente ineficaz e inútil; e estar a viver, hoje em dia, na civilização da imagem” (cf. Exortação apostólica Evangelii Nuntiandi, de 8/12/1975).

3 ) Para todas as citações: Revolução e Contra-Revolução, Editora Retornarei, São Paulo, 5ª edição em português, 254 páginas.